Um convite à prática de atitudes gentis, por meio de programações culturais e educacionais. Esta é a proposta do Festival Verbogentileza, que começou ontem a agitar a Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul da capital. Para isso, um portal de fitas coloridas, com frases escritas pela população, foi instalado na praça para que as pessoas entrem – literalmente – no clima que propõe o Verbogentileza. Até amanhã, quem visitar a praça poderá, por exemplo, desfrutar de delícias gastronômicas, participar de uma oficina de plantio de mudas, bordar com as Meninas do Cafezal e ainda se jogar no passinho com o coletivo Lá da Favelinha.
A idealizadora do evento, Patrícia Tavares, afirma que o projeto surgiu com o objetivo de contribuir para melhorar as relações humanas nos grandes centros. “A gentileza é o meio, o facilitador. Se quando você acorda a primeira pessoa com a qual você tem contato é grosseira, ou você é, essa energia toma conta do seu dia. Já quando alguém lhe trata bem, tudo suaviza. E não é só a gentileza, são os verbos trabalhados em conjunto para que ela seja efetiva”, comentou.
A gastronomia também ganhou destaque na 3ª edição do festival. Das 10 às 22h, os visitantes poderão saborear diversos pratos, inclusive opções vegetariana e vegana. A programação inclui ainda workshops, cinema ao ar livre e intervenções cênicas. Hoje, enquanto as oficinas de cupcakes divertem as crianças e o grafiteiro O Lunático leva gentileza aos muros do entorno da Praça, quem for ao festival poderá curtir as feiras “Nossa Grama Verde”, de flores, de publicações e a “Perifeira”. A programação segue com o “Encontro para Fermentar”, a oficina de plantio de mudas “Muda que é bom” e o “Jardim Comestível” com um bate-papo com a azeitóloga Ana Beloto.
Bandeiras
Entre a programação cultural colaborativa estão diversos coletivos e grupos artísticos da capital mineira. Pelo palco do festival passarão artistas engajados em determinadas bandeiras, como o coletivo de feministas Sagrada Profana e a violinista mineira Nath Rodrigues, ativista do movimento negro. A Orquestra Atípica de Lhamas, a banda Moons, o projeto Coladera e o cantor Castello Brancotambém se apresentam. Às 14h, um pocket show do coletivo Toda Deseo incentiva a liberdade de expressão e da participação dos sujeitos transgêneros na vida social e cultural. E para aqueles interessados em se superar nos cliques, a oficina de fotografias “Um olhar gentil para a cidade” começa às 14h30, seguida de um convite para sentar à sombra de uma árvore e bordar com as Meninas do Cafezal, do projeto “Bordando no banquinho”. Depois de um descanso, o público vai balançar o esqueleto com a “Oficina de Passinho”, com o Lá da Favelinha.
Crianças
E muita música ainda permeia o domingo de festival. Para as crianças, o espetáculo infantil Mari & Celi estão na cidade, em que as cantoras Marina Machado e Celinha Braga dedicam ao público infantil um repertório que mora no coração de muitos adultos. As feiras continuam na programação de domingo. Às 10h, as crianças poderão aprender a fazer brinquedos de garrafa PET na “Oficina Toy”, e a inclusão será proposta pela boneca cadeirante Tina Descolada. Uma segunda edição da oficina de fotografias “Um olhar gentil para a cidade” também está entre as atividades do dia. O Sarau Tramas – A poesia do nosso tempo recebe no gramado da praça quem quiser conhecer a nova cena da poesia de Belo Horizonte. E o coletivo Toda Deseo promove um dragnic, um piquenique com temática LGBT no qual todos são convidados a trazer sua toalha, comidinhas e compartilhar o momento no gramado.
Para encerrar a terceira edição do Festival Verbogentileza, o carioca Castello Branco traz seu CD Sintoma, com arranjos delicados e frequências meditativas que vibram trilhando um caminho elegante e nos trazendo, no discurso, questões evolutivas do “Ser”. De acordo com a idealizadora, Patrícia Tavares, o evento abre e fecha incentivando o autoconhecimento e o autocuidado. “Queremos que as pessoas participem, sejam atuantes nesse movimento e não apenas espectadores. Este é um festival que se constrói a partir da participação de cada um”, ressaltou. Além do festival, o grupo Verbogentileza promove diversas ações colaborativas ao longo do ano para engajar a população. As intervenções vão de posts nas redes sociais aos chamados “rolezinhos”, momento em que as pessoas acessam cantos da cidade normalmente esquecidos, guiadas por um mapa histórico e artístico.
*Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia