Jornal Estado de Minas

Baixa umidade do ar marca entrada de período crítico para queimadas

 

Baixa umidade relativa do ar, ventos fortes e vegetação seca. Essa combinação é perfeita para o aumento de incêndios. Por isso, todo cuidado é pouco para evitar as queimadas, principalmente nos dois próximos meses, quando, historicamente, temos mais ocorrências. Dados do Corpo de Bombeiros mostram uma diminuição de 10% no número de chamada, mas, mesmo assim, a média foi de 5,5 atendimentos por dia na Região Metropolitana de Belo Horizonte. E há uma grande preocupação para os próximos 60 dias, devido ao tempo seco. Ontem, comerciantes tiveram que utilizar mangueiras para conter as chamas que se espalharam rapidamente pela vegetação às margens da Avenida Nossa Senhora do Carmo,  próximo à Praça das Constelações, no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul da capital. O fogo chegou perto de imóveis e assustou moradores.


As chamas tiveram início por volta das 10h, segundo comerciantes que têm imóvel na região. Devido ao tempo seco e aos ventos, rapidamente elas se propagaram, provocando medo.
O funcionário de uma oficina de carros, Wellington Pereira da Silva chegou a utilizar uma mangueira para tentar evitar a chegada do fogo.  “Do nada começou a pegar fogo por volta das 10h. Começou embaixo aqui. Peguei a mangueira para tentar dar uma amenizada. Estava com medo de pegar fogo nos carros aqui próximos. Os bombeiros chegaram rapidamente e contiveram as chamas”, disse. “Hoje deve haver aproximadamente 70 carros aqui dentro, então ficamos com medo”, contou.


A apreensão também tomou conta de funcionários de uma loja de fabricação de móveis. A arquiteta e urbanista Talita Teixeira afirmou que se assustou com a velocidade com que as chamas se espalharam.

“Ficamos surpresos, pois foi sem a gente perceber. O fogo se alastrou muito rápido. Prejudicou um pouco o trabalho da gente”, comentou. “Ficamos apreensivos, porque trabalhamos com madeira de demolição”, completou.  Segundo ela, a loja já tinha sido limpa duas vezes ontem. Devido à fuligem, o serviço teve que ser repetido.


O combate foi feito por 17 combatentes, que usaram mochilas costais e abafadores para apagar as chamas. Foram gastos aproximadamente 20 mil litros de água. Os trabalhos do Corpo de Bombeiros terminaram por volta das 15h30. Uma área de aproximadamente quatro hectares de vegetação foi destruída.

O local de difícil acesso, os ventos fortes e o tempo seco alongaram a ação dos bombeiros.

FATORES Ocorrências como as registradas ontem são comuns nesta época do ano. “A baixa umidade, a vegetação mais seca, o aumento da temperatura média, aliados à região onde Minas se situa, com áreas montanhosas e serra, e os ventos fortes ajudam na propagação rápida de incêndios. Por isso, devemos redobrar os cuidados”, explicou o tenente Pedro Aihara, da Assessoria de Comunicação Organizacional do Corpo de Bombeiros.


A atenção da população é importante, pois, segundo os bombeiros, de 95% a 99% das ocorrências são provocadas por atuação humana. “Não se deve usar o fogo como técnica de eliminação de lixo ou na limpeza de pasto e é preciso ter cuidado é com comemorações com fogueiras”, disse Aihara. Ele pede a ajuda da população para denunciar, via 181 ou 190, caso veja alguma pessoa ateando fogo em matas. “A maioria é de maneira criminosa. É uma prática que representa crime ambiental. A pessoa flagrada pode pagar multa e está sujeita a reclusão de dois a quatro anos”, completou.

EXTREMOS  Ontem, enquanto algumas cidades no Sul do estado amanheceram com geadas e temperaturas quase negativas, municípios do Triângulo e Belo Horizonte tiveram um dia extremamente seco. A previsão é que hoje a situação continue a mesma.


Depois de lidar com chuvas fora de época, inclusive com temporal de granizo, moradores da capital mineira começam a sentir os efeitos do tempo seco. Ontem, a cidade registrou umidade relativa do ar de 28%, o que é considerado estado de atenção pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o índice chegou a 11% . “É uma umidade bastante baixa. Até fizemos um aviso meteorológico para o patamar mais crítico. O clima se assemelhou ao deserto, onde temos 10% de umidade. Foi o dia mais seco do ano”, disse o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).


A baixa umidade está sendo provocada por uma massa de ar seco sobre o estado. Nos próximos dias, segundo o Inmet, ela deve ficar entre 20% e 30%,  nas regiões Noroeste, Norte, Triângulo Mineiro, Central Mineira, Metropolitana, Oeste e Sul. O período recomendado para a prática de atividades físicas é antes das 10h e após as 17h. A orientação é usar roupas leves, reduzir o peso das refeições, incluindo frutas e verduras na dieta e utilizar sombrinha ou guarda-chuva para andar nas ruas no período mais quente. A hidratação deve ser reforçada, especialmente para crianças e idosos, com a ingestão de bastante líquido. O nariz deve ser lavado com soro fisiológico e a pele hidratada.

GEADAS Na manhã de ontem, a situação vivida em alguns municípios do Sul de Minas foi totalmente diferente.

A vegetação ganhou uma cor esbranquiçada devido à geada. A menor temperatura registrada no estado foi 0,4°C em Monte Verde, no Sul de Minas. 

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