Os recentes acidentes na Usiminas de Ipatinga, no Vale do Aço, vêm preocupando o Ministério Público do Trabalho (MPT). Em menos de uma semana, um trabalhador morreu na usina, outro sofreu ferimentos graves, e uma explosão levou 34 pessoas ao hospital, além de provocar pânico na cidade. Somente devido a essas três ocorrências, dois inquéritos civis foram abertos pelo órgão para apurar se houve negligência nas normas de segurança do trabalho. Além disso, uma ação civil pública foi ajuizada devido à morte de um trabalhador e ferimentos graves sofridos por outro em 2016. O caso ainda é analisado pela Justiça. Uma perícia já foi pedida na siderúrgica.
Por meio de nota, a siderúrgica informou que “está acompanhando os inquéritos instaurados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e segue à disposição das autoridades para o devido esclarecimento dos fatos tratados nesses inquéritos. A empresa reitera que não há conexão entre as ocorrências de quarta-feira (8/8) e sexta-feira (10/8).”
As apurações do MPT começaram na última semana, quando um trabalhador morreu ao prestar serviços de manutenção em equipamento de despoeiramento da Usiminas. A principal suspeita é que Luís Fernando Pereira, de 38 anos, tenha sofrido uma intoxicação por gás. Dois dias depois, moradores de Ipatinga foram surpreendidos por uma forte explosão, que sacudiu a cidade. O impacto foi tamanho que provocou um tremor no município, registrado por sismógrafos da Universidade de Brasília.
Esses dois casos estão sendo apurados em um mesmo inquérito. “O primeiro acidente foi intoxicação por gás no local da área onde houve a explosão na sexta-feira. Então, estamos investigando os dois acidentes, a priori, como sendo provocados por causas comum. Por enquanto, está sendo feita a investigação nesse sentido, mas pode até ser que depois fique constato que foram causas diferente”, explicou o procurador do Trabalho Adolfo Jacob.
Uma outra apuração foi aberta anteontem depois do acidente com o eletricista Ricardo Alves Profiro, de 36, de uma empresa terceirizada, que realizava manutenção na sinterização da usina. O trabalhador foi socorrido e está internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. “Vamos apurar os fatos relativos aos acidentes para verificar se houve negligência quanto às normas de segurança do trabalho”, informou Jacob.
O procurador denuncia que esses não foram os únicos acidentes graves nos últimos anos. Segundo ele, em 2016, um trabalhador morreu e outro ficou gravemente ferido em duas ocorrências de explosão de um equipamento. Devido a esses casos, ajuizou uma ação civil pública na Justiça. “A nossa preocupação é que, de 2016 para cá, acidentes vêm ocorrendo. As investigações são para, além de identificar as causas específicas, verificar se está havendo descuido em relação à segurança do trabalho na empresa. Os acidentes individuais já são reprováveis e provocam enorme sofrimento à população, perda de pessoas jovens. Mas aquela explosão da sexta-feira pode indicar falhas sistêmicas na segurança. Esse é nosso temor maior”, disse.
OUTRAS INVESTIGAÇÕES A explosão na Usiminas também está sendo investigada por outros órgãos. A 9ª Promotoria de Justiça da Comarca da cidade abriu inquérito para apurar os danos ambientais que podem ter sido causados pelo incidente. Um inquérito civil foi instaurado anteontem para apurar os danos ambientais e os delitos de lesão corporal. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) também faz apuração do caso. A pasta solicitou informações à siderúrgica, que já foram encaminhadas. “Foram entregues laudos referentes à integridade física das estruturas, monitoramento da área onde o acidente ocorreu e o certificado de calibração dos equipamentos. Tal documentação está sendo analisada pela equipe técnica da Semad, no entanto, foi identificado que as informações necessitam de complementação. Por esta razão, a Semad enviou ofício eletrônico à empresa nesta terça-feira (ontem) solicitando informações complementares”, explicou a pasta.