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Ganhou repercussão nacional há quase um ano o caso da escritora gaúcha Clara Averbuck, que escreveu um relato em sua página no Facebook no qual denunciou ter sido estuprada por um motorista do Uber em São Paulo. O depoimento viralizou e trouxe à tona o problema no transporte individual. Com as hashtags #MeuMotoristaAbusador e #MeuMotoristaAssediador, houve uma série de relatos de mulheres sobre episódios de assédio sexual dentro dos carros.
“Vimos um grande potencial de fomentar o empreendedorismo de mulheres, colaborando para a igualdade de gênero, além de proporcionar novas oportunidades aliando a segurança, a independência financeira e, consequentemente, fortalecendo essas mulheres”, explicou Gabrielle Jaquier, diretora de marketing e operações da Venuxx. O app chegou a BH em abril, mas está se popularizando aos poucos entre as mulheres. As regras de utilização da Venuxx são as seguintes: meninos de até 12 anos podem usar o serviço, de 13 a 16 anos só podem usar acompanhados de uma mulher solicitante. Homens acima de 16 não podem utilizar o sistema nem mesmo na companhia de uma mulher.
Do ponto de vista das usuárias, os novos sistemas prometem segurança, confiança e comodidade. A analista de inovação Ivy Cristiny Nunes Bruno, de 23 anos, baixou o Venuxx há três semanas. “O que me levou a baixar foi uma série de problemas com outros aplicativos. Questões diversas como motoristas inconvenientes e cobranças indevidas da tarifa.
Para ela, foi libertador chamar um carro dirigido por uma mulher e poder se sentar no banco da frente sem nenhuma preocupação. “Ao vê-la, senti empatia e fiquei muito à vontade”, contou a jovem. O sentimento é compartilhado por motoristas, que também se dizem aflitas ao aceitar uma corrida de um usuário masculino. “Da mesma forma que as passageiras não gostam ou não se sentem tão à vontade quando é um homem na direção, também nos sentimos mais confortáveis quando a gente está com uma passageira mulher.
Para as motoristas, o sistema promete além da segurança, garantia de renda e independência. Cláudia é administradora de empresas. “Tenho 28 anos de formada, pós-graduação, MBA. E, como não consigo recolocação no mercado, optei por trabalhar com aplicativo”, contou ela. Quando entra no Venuxx, a motorista fica com 75% do valor de suas corridas. Após realizar 30 corridas, passa para a categoria Gold, recebendo 80% do valor delas. Assim, consegue uma renda extra. Cláudia, que começou há um ano e quatro meses trabalhando com Uber, Cabify e 99, avalia a nova ferramenta como muito positiva. Mas considera que a demanda do app feminino não é grande o bastante para que ela atue somente com ele. Por sua vez, a diretora de marketing da Venuxx, Gabrielle Jaquier, afirma que a procura tem crescido desde abril.
Um dos veteranos do mercado é o Femitaxi – programa de táxi com motoristas femininas, que só aceita chamada feita por outras mulheres. Atuando desde janeiro de 2017 também já se expandiu no último mês. “A chegada do app à capital mineira teve o objetivo de atender a demanda das passageiras. A maioria prefere ser conduzida por profissionais do sexo feminino, segundo pesquisas nacionais divulgadas à época no mercado”, explicou o CEO e idealizador do Femitaxi, Charles Henry Calfat.
Segundo ele, em Belo Horizonte estão cadastradas no app aproximadamente 500 motoristas e cerca de 20 mil passageiras. “Atualmente, os valores estão levemente acima dos praticados pelo Uber, por exemplo. Além disso, com o lançamento do serviço de motoristas particulares, estamos praticando um valor, em média, 20% menor em relação à corrida convencional. Atualmente, o valor aplicado à corrida convencional equivale a R$ 2,35 por quilômetro, com tarifa-base de R$ 4,70 e preço mínimo de R$ 8 por corrida. Já ao novo serviço de motoristas particulares aplicamos um valor de R$ 1,99 por quilômetro, com tarifa-base de R$ 3 e preço mínimo de R$ 5.”
O app também aposta em planos para os pais em Minas Gerais com pacotes pré-pagos na categoria “Crianças desacompanhadas”, na qual passageiros com idades entre 7 e 15 anos viajam no táxi sem a presença de adultos. A funcionalidade permitirá aos responsáveis acompanhar o trajeto ao vivo, via YouTube, por meio do aparelho celular da motorista, além de fornecer em tempo real a posição exata do táxi no mapa do app. Ainda não há data para o lançamento em Minas.
Viagem ‘acompanhada’
A Uber não tem um serviço exclusivo para mulheres, mas lançou um novo recurso para facilitar o acesso do usuário a várias ferramentas de segurança do aplicativo. A partir de agora, o símbolo de um escudo ficará disponível sobre o mapa da viagem para dar acesso a várias funções de segurança ao toque de um botão. A nova ferramenta, está disponível para todos os usuários brasileiros desde o dia 2. “Contatos de confiança” é uma nova função que permitirá aos usuários compartilhar facilmente suas viagens pelo app com contatos de sua preferência. Eles poderão salvar até cinco contatos de confiança (como amigos e familiares) para compartilhar os trajetos de suas viagens regularmente em apenas um toque. Outra novidade é a opção de ligar diretamente para a polícia em caso de emergência ou situação de risco. Ao pressionar este botão, o usuário será informado de sua localização atual e detalhes do veículo em viagem para que possa compartilhar rapidamente com as autoridades locais que operam pelo número 190.
NÓS TESTAMOS
Uma repórter do Estado de Minas testou o app Venuxx. A Avenida Getúlio Vargas, 225, no Bairro Funcionários, foi escolhida como origem para a viagem rumo à Avenida Olegário Maciel, 1.600, endereços na Região Centro-Sul de BH. A motorista aceitou a corrida em menos de quatro minutos. Mas o problema foi uma falha no app para identificar a posição exata da condutora enquanto a cliente a aguardava no ponto da chamada. A espera foi de 12 minutos – um pouco maior do que se o pedido fosse feito pelos aplicativos concorrentes, devido ao fato de a frota que atua no app feminino ser inferior em números. Uma mulher muito educada parou no endereço chamado. A motorista contou que trabalha com a Venuxx e com a Uber, mas prioriza chamadas das mulheres. O trajeto, de cerca de quatro quilômetros, durou 12 minutos e custou
R$ 11,53, pagos no cartão de crédito. O preço mínimo da corrida: R$ 8.