“Mas o senhor Deus tudo vê, tudo sabe” – a frase está escrita na porta da casa da diarista Daniele Aparecida Moreira, de 38 anos, mãe de seis filhos e com dois netos, encontrada morta na manhã deste domingo pela família no Bairro Horto, Região Leste de Belo Horizonte. O crime, tratado pela Polícia Civil como feminicídio, chocou e comoveu os moradores da Rua José Rafael Mendes (antiga Rua São Roque), em especial na altura do número 1.577, de onde o corpo foi retirado às 9h20, em meio a muita consternação. Se a violência de gênero for realmente a causa confirmada da morte de Daniele, o caso vai entrar para as estatísticas que apontam crescimento de 8,2% desse tipo de crime quando comparados os dois últimos anos fechados em Minas Gerais. Enquanto em 2016 ocorreram 134 assassinatos desse tipo, o número do ano passado chegou a 145, conforme dados do Anuário de Criminalidade do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (veja arte).
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Suspeito de ter matado a esposa no Bairro Horto, Região leste de BH, se entrega à PMNovos aplicativos de transporte prometem aumentar segurança para mulheresMulheres foram o principal alvo de quatro dos seis crimes que cresceram em MinasAdolescente é encontrada morta no Sul de Minas; namorado confessa crimeJustiça condena acusado de tentar matar companheiraCarreta bate em viaduto e fecha parte do Complexo da LagoinhaSegundo testemunhas, Daniele foi empurrada escada abaixo, por volta das 6h30, por Reginaldo, com quem vivia havia cerca de dois anos. Tia da vítima, Ederlane Aparecida Moreira chegou à casa naquele momento e a achou caída. Nos últimos tempos, comentou, “Reginaldo estava destruindo, quebrando as coisas dela”.
Consternado, o irmão de Daniele, o analista de suporte Bruno Henrique, de 31, disse que os dois tinham discussões, e, que recentemente Reginaldo estava inconformado com o fato de uma filha de Daniele ter saído de casa e voltar de vez em quando. “Quando cheguei à casa, minha irmã estava com os lábios roxos”, contou. Sem querer dar declaração, alguns moradores choravam muito, e uma mulher olhou para a porta de entrada, na qual está a frase, por enquanto, “da única testemunha ocular”. Uma das hipóteses a ser analisada pelos peritos que estiveram no local é de que a vítima teria sido enforcada antes de ser lançada pelos degraus. Segundo a polícia, o corpo apresentava marcas de asfixia.
De acordo com a PM, ao se entregar Reginaldo Meireles afirmou não ter empurrado Daniele das escadas. O suspeito alegou ter acordado com o barulho na mulher caindo, e disse que só fugiu para não ser agredido pelos familiares da vítima, que estavam agitados. Reginaldo recebeu atendimento médico no Hospital João XXIII, já que torceu o pé durante a fuga. Apresentado à Polícia Civil, assumiu o crime, segundo a corporação, e foi autuado por feminicídio.
Violência contra a mulher em alta
Dados de feminicídio não são os únicos que expressam a violência contra a mulher em ascensão em Minas Gerais. Dos seis crimes que registraram alta no estado entre 2016 e 2017, conforme o Anuário de Criminalidade do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, quatro têm mulheres como vítimas, exclusivas – feminicídio e lesão corporal por violência doméstica – ou predominantes, casos de estupro consumado e tentado. A lesão corporal contra elas provocada por namorados, maridos, companheiros ou ex teve salto de 4% no ano passado, passando de 21.796 casos em 2016 para 22.670 em 2017. Os crimes de estupro subiram de 4.692 para 5.199, alta de 10,8%, e as tentativas de estupro cresceram 2,44% saltando de 613 em 2016 para 628 no ano passado.
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