Rodovias federais conhecidas por suas armadilhas, responsáveis por graves acidentes em Minas, voltaram a registrar tragédias que, em um espaço de poucas horas, tiraram a vida de oito pessoas. Todas foram vítimas de dois desastres com ônibus, que deixaram ainda cerca de 90 feridos. A primeira ocorrência foi ainda de madrugada, na BR-146, onde um veículo que saiu de São Paulo e seguia para o Ceará caiu em uma ribanceira entre Cruzeiro da Fortaleza e a Serra do Salitre, no Alto Paranaíba. Quatro pessoas morreram na hora, a poucos quilômetros do ponto em que há quase um ano haviam morrido seis ocupantes de um coletivo que perdeu o controle e saiu da pista. Já na BR-381, no trecho conhecido como Rodovia da Morte, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, um ônibus que transportava passageiros para tratamento médico na capital bateu na traseira de um carro e, em seguida, tombou às margens da rodovia.
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Ônibus cai em ribanceira na BR-146Ônibus cai em ribanceira e deixa mortos na BR-146, no Alto ParanaíbaBatida entre ônibus com pacientes e carro mata quatro na BR-381 Família das vítimas do acidente na 381 relatam dificuldade para obter informaçõesÔnibus do acidente na BR-146 não tinha autorização para viagens interestaduais Caminhão atropela e mata passageira de moto no Anel RodoviárioA ocorrência foi registrada no Km 379. Uma das hipóteses a serem investigadas são problemas mecânicos. “O ônibus vinha no sentido Belo Horizonte, em uma descida de serra. Parece que o motorista perdeu o freio e colidiu na traseira de um Palio, que foi arremessando para fora da pista. Logo em seguida, o coletivo tombou às margens da rodovia”, informou o inspetor Aristides Júnior, chefe do Núcleo de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas. “Um ocupante do Palio teve lesões. Os quatro mortos estavam no ônibus, porque ele tombou sobre as pessoas”, acrescentou.
Segundo secretária de Saúde de Araçuaí, Rita Capdeville, o veículo saiu do município, a cerca de 536 quilômetros da capital, por volta das 18h de domingo. A previsão de chegada era para o início da manhã de ontem. A viagem é feita todo domingo, com retorno programado para as quintas-feiras. Na capital, os pacientes ficam hospedados em casas de apoio no Bairro Saudade, na Região Leste.
O ônibus que se acidentou levava acompanhantes e pacientes que fazem múltiplos tratamentos em hospitais de BH. Duas crianças estavam no veículo no momento da batida, mas não se machucaram. Segundo a secretária, a empresa Diogo Turismo foi contratada para o serviço. “A situação do veículo é regular e a contratação foi mediante licitação.
Distantes dos parentes que já estavam com a saúde debilitada, familiares dos envolvidos no desastre enfrentam a angústia da distância e da dificuldade de comunicação. A filha de uma das sobreviventes relatou enfrentar dificuldades em obter informações no hospital de São Gonçalo do Rio Abaixo, para onde foram levadas algumas das vítimas. Ela conta que conseguiu conversar com a mãe apenas uma vez após o acidente. “É uma situação desesperadora não ter informação. Até pensei em ir para lá, mas não tenho como”, contou. Ela, que tem a sogra internada na mesma unidade, acrescentou que a falta de notícias, associada aos comunicados de mortes, é assustadora. O Estado de Minas também tentou contato com o hospital, mas as ligações não foram atendidas.
Foi o segundo acidente em menos de 15 dias envolvendo veículos de transporte de pacientes de Araçuaí. Em 16 de agosto, uma das rodas de um micro-ônibus da Secretaria Municipal da Saúde se soltou na BR-367, durante uma viagem para Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
O desastre em Serra do Salitre ocorreu a cerca de 20 quilômetros do ponto em que, em 2 de setembro de 2017, um ônibus que seguia de Alagoas para São Paulo caiu em uma vala às margens da BR-146, próximo ao Km 87. O veículo tombou, deixando seis mortos e dezenas de feridos. No acidente de ontem, o coletivo que seguida de São Paulo para o Ceará caiu em uma ribanceira no Km 65 da mesma estrada. Quatro passageiros morreram na hora e cerca de 40 ficaram feridos. O veículo estava em um trecho íngreme, quando voltou de ré e caiu no barranco.
O acidente ocorreu por volta das 3h30. Segundo o major Ricardo Marisguia Mendes, do Corpo de Bombeiros, o veículo tem placas do Ceará. O ônibus estava em um trecho de subida que termina em uma curva, no sentido Araxá/Patos de Minas. Uma das vítimas contou aos militares que o motorista não conseguiu virar e o ônibus voltou, caindo em uma ribanceira de 20 metros que termina em um córrego. De acordo com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), estão sendo apuradas duas causas: problemas mecânicos ou falha do motorista.
Viaturas dos Bombeiros de Patos de Minas, Patrocínio e ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) das cidades de Serra do Salitre e Guimarânia socorreram as vítimas. “A princípio, eram 44 ocupantes, sendo 35 adultos e nove crianças.
Tragédia no Alto Paranaíba
O desastre em Serra do Salitre ocorreu a cerca de 20 quilômetros do ponto em que, em 2 de setembro de 2017, um ônibus que seguia de Alagoas para São Paulo caiu em uma vala às margens da BR-146, próximo ao Km 87. O veículo tombou, deixando seis mortos e dezenas de feridos. No acidente de ontem, o coletivo que seguida de São Paulo para o Ceará caiu em uma ribanceira no Km 65 da mesma estrada. Quatro passageiros morreram na hora e cerca de 40 ficaram feridos. O veículo estava em um trecho íngreme, quando voltou de ré e caiu no barranco.
O acidente ocorreu por volta das 3h30. Segundo o major Ricardo Marisguia Mendes, do Corpo de Bombeiros, o veículo tem placas do Ceará. O ônibus estava em um trecho de subida que termina em uma curva, no sentido Araxá/Patos de Minas. Uma das vítimas contou aos militares que o motorista não conseguiu virar e o ônibus voltou, caindo em uma ribanceira de 20 metros que termina em um córrego. De acordo com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), estão sendo apuradas duas causas: problemas mecânicos ou falha do motorista.
Viaturas dos Bombeiros de Patos de Minas, Patrocínio e ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) das cidades de Serra do Salitre e Guimarânia socorreram as vítimas. “A princípio, eram 44 ocupantes, sendo 35 adultos e nove crianças. A partir do momento em que eu cheguei ao local, determinei que todas as vítimas fossem para Patos de Minas. Foram 25, entre adultos e crianças. Outras duas já tinham ido para Serra do Salitre e 11 para Patrocínio”, detalhou o militar. “Quem não se feriu também foi para Serra do Salitre, onde a assistência social da prefeitura arrumaria transporte”, acrescentou. Ainda segundo o militar, quatro pessoas morreram no local, sendo três mulheres e um homem. As autoridades ainda trabalhavam na identificação de todas as vítimas até o fechamento desta edição. (Colaborou Pedro Lovisi, estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia)
Armadilhas sem prazo para acabar
Os graves desastres na BR-381, onde se acidentou ontem mais um ônibus, a serviço da Secretaria de Saúde de Araçuaí, renderam à estrada o apelido de “Rodovia da Morte”. O traçado sinuoso de pista simples é um dos motivos apontados para o grande número de ocorrências. O que pode ser uma das soluções para as armadilhas ainda está longe de se tornar realidade. A rodovia passa, há aproximadamente três anos, por obras de duplicação, mas a intervenção está paralisada em vários pontos, devido a rescisões contratuais com consórcios responsáveis por parte dos lotes. “As empreiteiras estão sofrendo as penalidades previstas em lei, incluindo ressarcimento de danos aos cofres públicos. Paralelamente, cortes orçamentários reduziram o ritmo das obras”, informou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Estão em andamento obras em quatro lotes da rodovia. “Em dois deles, há quatro túneis prontos. Nos outros dois, totalizando 67 quilômetros, as obras avançam em ritmo normal, condicionado à disponibilidade orçamentária e financeira. Nesses segmentos, estão sendo entregues, ainda neste mês, mais de 20 quilômetros de pista com pavimento rígido (concreto), que oferece maior durabilidade e resistência ao peso dos veículos de carga, e um viaduto de 600 metros”, acrescentou o Dnit.
A previsão é de que, até o final de 2019, quatro trechos de obras estejam concluídos, além de três outros já iniciados, entre as cidades de Ipatinga (no Vale do Aço) e Caeté (na Grande BH). “Os segmentos duplicados terão importantes correções de traçado, com várias pontes, entroncamentos em dois níveis, passarelas e viadutos de grande porte”, concluiu o órgão federal, que não dá previsão para a conclusão total das obras..