A primavera só começa em 22 de setembro, mas as ruas de Belo Horizonte já exibem cores fortes que prenunciam a nova estação e deixam para trás o tom acinzentado do inverno. Como “rei do pedaço” das últimas semanas, o ipê-rosa dá o ar da graça na paisagem e vai substituindo, aos poucos, a espécie amarela, considerada árvore símbolo do Brasil. Para quem gosta de contemplar um exemplar da natureza, de pequeno porte ou frondoso, a capital oferece um prato cheio em quase todos os sentidos: é bom de ver, de pegar as flores que formam tapetes no chão, e de ouvir alguém comentando sobre a beleza das copas. Já na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) cortou cinco árvores para, segundo os técnicos, fazer a readequação do trânsito.
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Motociclista morre atingido por árvore cortada em ItajubáSupressões de árvores em BH já superam todo o volume do ano passadoÁrvore que caiu sobre táxi não tinha solicitação para vistoria, diz prefeitura Árvore cai, atinge veículo de passeio e corta energia elétrica na Região Oeste de BHBH tem previsão de temperatura baixa nesta terça-feiraPara quem acha que no ano passado os ipês estavam mais floridos e imponentes do que agora, é bom prestar a atenção na explicação do professor de ecologia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Sérvio Pontes Ribeiro, residente no Bairro Anchieta, na Centro-Sul da capital. Há uma variação bianual na floração dos ipês para evitar a predação das sementes por pragas; dessa forma, se em 2017 houve maior floração, desta vez tem menos e assim sucessivamente.
A floração também é muito sensível à condição climática e, em especial, ao estresse hídrico.
COPAS E CORES Em Minas, há 20 espécies diferentes de ipês – com incidência, em Belo Horizonte, dos tipos amarelo, rosa, roxo e branco, que é o de floração mais efêmera. Nas estradas que ligam a capital às cidades vizinhas e comunidades rurais, é possível ver uma profusão dos espécimes amarelos, formando uma massa dourada que fica mais reluzente em dias ensolarados. Os moradores da metrópole também não precisam se queixar: basta simplesmente olhar para cima e admirar as copas das árvores ou ir até o alto de um prédio se encantar com as flores a poucos metros dos olhos.
Moradora de São José da Lapa, na Grande BH, e se deslocando diariamente para fazer estágio na área de biomedicina, na capital, a estudante Fernanda Dias fica atenta ao movimento das ruas e, quando pode, olha para as flores que tingem as vias públicas. “São lindas, trazem leveza e beleza à cidade”, disse a jovem, ao passar na esquina das avenidas Getúlio Vargas e Contorno, na Região Centro-Sul.
Bem distante dali, na Rua Paissandu, no Bairro Sagrada Família, na Região Leste, a professora e engenheira civil Valéria Gonçalves da Silva subia a ladeira fazendo a tradicional caminhada. Ao parar diante do frondoso ipê, perto de casa, Valéria contou que a árvore é um orgulho para a região. “Todo mundo passa aqui e fica maravilhado.
PRAÇA DA LIBERDADE Se a cidade exibe suas cores exuberantes e agrada à população, há um contraponto na Praça da Liberdade, o espaço nobre da capital localizado na Centro-Sul. Na tarde de ontem, era possível ver os tocos de cinco árvores que foram cortadas para dar lugar à readequação do trânsito. Moradores e visitantes que passaram pelo cartão-postal da cidade, atualmente em obras e fechado com tapumes, estranharam a retirada de árvores em frente do Palácio da Liberdade – elas estavam plantadas no canteiro localizado entre o espaço público e a sede do governo de Minas. Porém, cinco espécimes acabaram retirados, o que gerou revolta. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que será realizada a adequação viária no trecho e que outras árvores serão colocadas no local.
Em nota, a administração municipal afirmou que a retirada das árvores não faz parte da revitalização da Praça da Liberdade, e sim de uma adequação no trânsito no entorno. Segundo a BHTrans, o canteiro central onde estavam os espécimes será transferido para mais próximo dos jardins. Com isso, será possível ganhar mais uma faixa de trânsito em direção à Avenida Bias Fortes. “Ao fim das obras, palmeiras-imperiais serão plantadas no canteiro central, em substituição aos espécimes que tiveram que ser retirados”, informou a autarquia.
Em uma página no Facebook, internautas ficaram revoltados com a retirada das árvores.