O coletivo de mulheres Alzira Reis abriu um formulário para que mulheres relatem casos de assédio sofridos dentro da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Campus Saúde por qualquer servidor, aluno ou outro envolvido. Segundo o coletivo, já foram recebidas 100 denúncias em uma semana, sendo 5 relatos de estupro.
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A aluna diz que ficou desesperada. "Por causa do desespero, minha frequência cardíaca realmente começou a subir, comecei a ficar com o rosto todo vermelho de constrangimento, meus olhos começaram a se encher de lágrimas, dei um sorrisinho sem graça. Nesse momento ele falou “Oh, funcionou mesmo!”. E diante desse resultado, se sentiu encorajado a continuar me alisando. Eu não conseguia fazer nada", concluiu o relato. As hashtags #FoiAbusoNaSaudeUFMG, #FoiCulturaDeEstuproNaSaudeUFMG e #FoiAssedioNaSaudeUFMG estão sendo plenamente divulgadas nas redes sociais para estimular a denúncia.
Veja abaixo alguns relatos postados no Facebook do Coletivo Alzira Reis:
O coletivo, que publicou o formulário, surgiu no meio de 2014 a partir de algumas meninas que tinham a necessidade de discutir temas ligados ao feminismo, machismo e opressão. “Nós somos alunas do campus saúde da UFMG, residentes do Hospital das Clínicas da Universidade Federal (HC-UFMG) e ex-alunas da faculdade de medicina”, explicou Luisa Pereira, residente de infectologia do HC-UFMG, ex-aluna da Faculdade de Medicina da UFMG e membro do coletivo Alzira Reis.
Elas esperam que a comunidade acadêmica passe a discutir mais sobre a questão do assédio e do abuso e que, com isso, consigam avançar no apoio às vítimas.
Sobre o caso, a Faculdade de Medicina da UFMG se pronunciou por meio de nota: “na manhã dessa segunda, a diretoria da Faculdade de Medicina, juntamente com a seção de Escuta Acadêmica, realizou reunião cujo tema foram os comentários publicados na página do Facebook do Coletivo Alzira Reis. Foi decidido que serão convidados para uma reunião representantes do Coletivo e representantes dos diretórios acadêmicos dos três cursos de graduação (Medicina, Fonoaudiologia e Superior de Tecnologia em Radiologia), para tratar da questão, pois a Faculdade precisa ouvi-los para que possamos auxiliá-los", afirmou a nota. A universidade ainda pontua que "os comentários ainda não se tornaram denúncias formais na Escuta Acadêmica.”.