Jornal Estado de Minas

Jovens formam gangues para se defender de ambiente hostil, diz pesquisador

Jovens entram no mundo do crime como reação a ambientes com índices elevados de vulnerabilidade social. Essa é a conclusão do sociólogo, jornalista e pesquisador de Segurança Pública da Fundação João Pinheiro, Luís Filipe Zilli, em seu estudo ''O Bonde tá Formado: Gangues, Ambiente Urbano e Criminalidade Violenta''. Na tarde desta terça-feira (28), ele apresentou a pesquisa no Auditório JK, vinculado à Prefeitura de Belo Horizonte, a partir do Projeto Prevenção em Debate. 

Para chegar a tal resultado, Zilli reuniu, entre 2009 e 2011, 40 adolescentes de BH com envolvimento em homicídios e com o tráfico de drogas.  Eles estavam em cumprimento de medidas socioeducativas de internação. Dessa maneira, o estudo aborda a questão da associação dos jovens em gangues como uma espécie de mecanismo de defesa diante das adversidades de um ambiente instável e hostil, como é o encontrado nos lugares de maior vulnerabilidade social da capital.

O encontro tem como objetivo capacitar a equipe técnica da Diretoria de Prevenção Social à Criminalidade da Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção (SMSP), por meio do intercâmbio de conhecimentos entre o pesquisador e os servidores públicos.

Participaram do encontro os servidores que atuam como técnicos e analistas na Diretoria de Prevenção da SMSP, agentes da Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH) e profissionais das demais secretarias que desenvolvem serviços voltados para a prevenção.

Evento


Essa foi a segunda edição do Projeto Prevenção em Debate, organizado pela Secretaria Municipal de Segurança Prevenção (SMSP). No primeiro encontro, em 30 de julho, a pesquisadora Ludmila Mendonça Ribeiro, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da UFMG, apresentou a pesquisa “Audiências de Custódia em BH: Um Panorama”. 

Neste estudo, Mendonça Ribeiro permitiu aos participantes conhecer o perfil dos presos de BH, bem como o principal motivo das prisões, traçando um quadro social e criminal dos envolvidos. Nos episódios analisados, o roubo se destacou como principal motivo das prisões, com 30,8% dos casos, seguido do furto, com 19,6%. O tráfico de drogas foi o terceiro tipo de crime que mais gerou prisões, com 17,7% dos casos. 

Quanto ao perfil, 90% dos presos eram do sexo masculino, revelando que a participação das mulheres ainda é reduzida no mundo dos crimes. Com relação à cor da pele, 45,6% dos presos se declaram pardos, 32, 4% alegaram ser negros e 22% disseram ser brancos.

O último debate do projeto acontecerá no dia 1º de outubro e será conduzido pelo mestre em Ciências Sociais, Jair da Costa Júnior.
Ele falará sobre a pesquisa que resultou em sua dissertação de mestrado, denominada “Genocídio: o Apagamento de uma Identidade”. 

O estudo buscou analisar os critérios adotados pelas polícias na escolha de pessoas, sobretudo jovens, a serem abordadas em suas operações de averiguações.

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