O advogado Frederico Amaral, de 31 anos, costuma usar um dos aplicativos mais populares nos fins de semana. Um dos problemas que tem notado com frequência é o ar-condicionado desligado. “É comum eles não se oferecerem para ligar mais. Uso terno e gravata e, às vezes, o calor fica complicado”, afirma. Este ano, durante uma das corridas que contratou, ele conta ter se deparado com um carro muito sujo e com problemas no banco.
No caso da servidora pública Bárbara Viegas, de 30, a experiência ruim não foi com manutenção do carro, mas com um motorista. Ela havia chamado o carro por um dos apps, do Centro para casa, no Bairro Silveira, Nordeste de BH, e resolveu cancelar, devido à demora. Pediu outro carro, mas continuou esperando no mesmo lugar. Instantes depois, o primeiro motorista a aceitar a corrida apareceu, xingando-a. “Deletei o aplicativo na hora. Tenho observado uma queda de qualidade grande nos serviços.
Em nota, a Uber informou que responde o consumidor por meio do canal Consumidor.gov.br, gerenciado pelo governo federal para intermediar o diálogo entre a população e as empresas privadas. Na plataforma, a Uber diz que tem um índice de resposta de 98% e entende a ferramenta como a melhor para resolver tais problemas, ao lado do próprio suporte da companhia.
A Uber ainda defende que o site do governo federal é monitorado "pela Secretaria Nacional do Consumidor - Senacon - do Ministério da Justiça, Procons, Defensorias, Ministérios Públicos e também por toda a sociedade - e por isso traz mais transparência e legitimidade para o aprimoramento das relações de consumo".
Eu, passageira
Larissa Ricci,
repórter do Estado de Minas
“Comecei a usar aplicativo de transporte no início de 2016. Como moro no Centro de BH, a tarifa mínima se tornou muito atrativa, já que no meu dia a dia me locomovo para lugares próximos de onde moro. Pagar R$ 6,76 para ir de carro, no ar-condicionado, é uma ótima opção para não ter que encarar o estresse do trânsito em um ônibus cheio. Porém, é perceptível a queda na qualidade do serviço no último ano: tornaram-se comuns carros imundos, velhos – já ocorreu de eu embarcar em um carro popular que parecia da década de 1980, em péssimo estado. Balinhas? Ficaram escassas. Pedindo, o passageiro ainda consegue alguma, mas água mineral já não vejo há muito. Quando peço, sempre ouço: ‘O último passageiro acabou de pegar’. Curioso, penso: nunca sou a última passageira.
Eu, motorista
Lucas Balbino,
estagiário do Estado de Minas
“‘Ser Uber’ há três anos era uma experiência diferente do que é ‘ser Uber’ (ou motorista de qualquer outro aplicativo) hoje. Por ser uma ferramenta recente na época, tanto os condutores quanto os passageiros eram menos numerosos. A obrigação de ofertar qualidade superior à dos tradicionais táxis, oferecendo um bom carro, limpo, com balas e água, conferindo a temperatura do ar e a estação de rádio, era uma cobrança constante da empresa e, principalmente, dos clientes. Hoje, já na condição de passageiro, vejo que esses hábitos se tornaram raros entre os profissionais.