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Mais contestador, o movimento de contracultura, iniciado na década de 60, dominou o mundo e se refletiu em Belo Horizonte. Foi quando grupos de cabelos longos, bolsas a tiracolo e sandálias de couro cru se destacavam, tendo seu maior ponto de concentração na Praça da Liberdade, Centro-Sul de BH. Enquanto na política o regime militar dava as cartas, nas alamedas da Liberdade artistas plásticos, estudantes, professores e artesãos expunham os trabalhos de suas mãos, de forma espontânea, no então centro do poder administrativo estadual, onde se concentravam a sede do governo e suas principais secretarias. Foi a origem da “Feira Hippie”, que atraía grande público e foi a “avó” do evento que hoje toma conta da Avenida Afonso Pena aos domingos, sob o nome de Feira de Arte e Artesanato.
Já na década de 1980, a Liberdade abria as asas sobre outras tribos, cuja identidade não ficou marcada exatamente pela tolerância. A historiadora Regina Alves da Silva destaca o surgimento de dois grandes grupos: os skinheads, com inspiração neonazista, e os punks. “De um lado, um grupo nacionalista que ganhou contornos nazistas e pregava a supremacia branca, os skinheads.
Da mesma forma, surgiriam na capital mineira outras tribos: os góticos, fãs dos gêneros musicais gótico, pós-punk e darkwave, ostentavam visual sombrio; e os emos, adeptos de um gênero musical que surgiu em 1980, mas se popularizou no Brasil nos anos 2000, cultuado por um grupo que usava trajes pretos, cabelos coloridos e franjas sobre os olhos. Há pelo menos cinco anos, ainda era possível ouvir falar de confrontos entre grupos “rivais”, que tinham a Praça da Liberdade como uma espécie de território a ser disputado.
Não muito longe dali, no “baixo-centro”, sob os arcos do Viaduto Santa Tereza, a periferia começava a rimar e a expressar, por meio do hip-hop e do rap, situações cotidianas vividas muito além da Região Centro-Sul. Em um momento de “reocupação” de um local até então visto como marginalizado, surgem MCs, DJs, skatistas, grafiteiros e coletivos – que integram a cultura hip-hop. “Essa ocupação do viaduto começou com o street dance. Grupos se reuniam ali para treinar os passos. Porém, no início do milênio, eles foram violentamente retirados para a restauração do monumento”, conta a historiadora Regina Alves da Silva. Desde agosto de 2007, o lugar é palco do Duelo de Mcs, que revelou artistas hoje considerados referência em todo Brasil.
A era dos rolês e dos coletivos
Se o conceito de tribo envolve a ideia de grupo, portanto, de segregação, hoje a tendência é a mistura. A sexta-feira na Belo Horizonte de 2018 reflete um momento social de interação entre grupos com gostos mais ou menos distintos.
Atrás dessa nova forma de agrupamento, o Estado de Minas percorreu três pontos de referência na cidade: Praça da Savassi, Rua Sapucaí e Praça da Liberdade, localizadas nas regiões Centro-Sul e Leste da capital. Foi nesse último endereço que a reportagem encontrou Dara Santos e seus amigos. “Dentro do meu grupo, há pessoas com gostos diversos, e que fariam partes de grupos diferentes. Nós somos compostos na maioria por pessoas LGBTs, que gostam do rock ao funk, passando pelo MPB, e ainda recitam pelos saraus da cidade”, contou a jovem de 20 anos, que resiste a rotular a “galera” com um nome ou tendência específica.
Como ela e seus amigos, o EM buscou outras “turmas”, para saber de que forma elas se identificam. Descobriu que se pode ser vegano, ciclista e rockeiro; pode ser fitness, geek e funkeiro. Nos novos dias, não importa qual “rolê” você frequenta: certamente, será recebido com um cumprimento de boas-vindas em um desses grupos onde o principal rótulo, se existe um, chama-se diversidade.
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