A busca ativa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nas unidades municipais de educação infantil (Umeis) para vacinar as crianças contra o sarampo e a poliomelite vai continuar. Mesmo com o fim, hoje, da campanha de vacinação a ação nas escolas prosseguirá até 13 de setembro. O público-alvo são crianças entre 1 ano e 4 anos 11 meses e 29 dias, mas pessoas de qualquer idade que não estejam com o cartão de vacinação atualizado podem procurar os postos de saúde. As vacinas estão à disposição da população, gratuitamente, durante todo o ano em todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Ontem, o Ministério da Saúde confirmou que mais de 1,5 mil casos da enfermidade foram registrados este ano no país.
A ação nas escolas infantis vem sendo reforçada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Ela teve início nas unidades localizadas na Região Oeste da capital mineira. Atualmente, são 80 instituições contempladas. A busca ativa teve que ser feita devido à baixa procura pela vacina nos postos de saúde.
A meta vacinal também não foi alcançada por Minas Gerais. Até segunda-feira, a cobertura vacinal estava em 90,15%, em crianças que receberam a dose contra a poliomelite, e 90,23%, contra o sarampo. A campanha no estado continua até 14 de setembro.
CASOS REGISTRADOS Último balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), em 30 de agosto, mostra que foram registrados 214 casos suspeitos em Minas, sendo que 133 foram analisados e descartados como sarampo. Outros 81 ainda são investigados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). Cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte são as que concentram mais notificações. Atualmente, são 41 casos suspeitos no entorno da capital mineira. BH é que tem o maior número de pacientes com sintomas, são 22 no total. Em seguida vêm Contagem e Nova Lima, ambas com cinco, e Santa Luzia, com quatro. Todos os casos estão sendo apurados.
O resultado de análise em pacientes com sintomas da doença ligam o alerta da população e das autoridades de saúde. Exames de quatro pessoas apresentaram amostras soropositivas para anticorpos IgM, o que pode indicar a atuação do vírus do sarampo. Porém, uma segunda amostra soropositiva para a confirmação da doença é necessária. Além disso, será feita uma pesquisa de outros diagnósticos diferenciais.
Segundo a SES, o resultado soropositiva de IgM significa um indicador de resposta imunológica recente, ou seja, os anticorpos da pessoa estão em alerta, o que indica uma doença. Porém, ainda não se pode confirmar que seja sarampo, pois outras enfermidades provocam a mesma reação, como a dengue, por exemplo. É preciso aguardar alguns dias para realizar um novo exame, e depois, um diagnóstico diferencial, para saber que doença provocou a alteração.
HPV A baixa cobertura vacinal contra o HPV é uma preocupação no país. O Ministério da Saúde lançou uma campanha para convocar 20,6 milhões de adolescentes – meninas de 9 a 14 e meninos de 11 a 14 anos – para se vacinarem. O imunizante previne contra o câncer de colo do útero, de órgãos genitais femininos e masculinos e de boca. Minas Gerais está bem abaixo da meta estipulada. A estimativa da Secretaria de Estado de Saúde (SES) é que 601,2 mil garotas inseridas na faixa etária estipulada ainda não tenham recebido a segunda dose. Já entre os garotos, são 591,9 mil sem a proteção. A vacina protege contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18) e tem 98% de eficácia para quem segue corretamente o esquema vacinal. São duas doses, com intervalo de seis meses entre elas.
Surtos atingem 1,5 mil no país
Mais de 1,5 mil casos de sarampo foram confirmados no país, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados ontem. O levantamento, consolidado a partir de informações das secretarias estaduais, ainda apontou que outros 7.513 diagnósticos preliminares estão em investigação. O surto da doença afeta dois estados, o Amazonas, com 1.232 casos confirmados, e Roraima, com 301, sendo que 74 ainda estão sendo investigados. De acordo com o governo federal, a proliferação da doença nessas regiões está relacionada à importação “já que o genótipo do vírus (D8) verificado no país é o mesmo em circulação na Venezuela, país que enfrenta um surto da doença desde 2017”. Alguns casos isolados e relacionados à importação também foram identificados em São Paulo (2), no Rio de Janeiro (18), no Rio Grande do Sul (18), em Rondônia (2), Pernambuco (4) e no Pará (2). Pelo balanço atualizado, oito pessoas morreram de sarampo em Roraima, sendo três estrangeiros e um brasileiro, e quatro no Amazonas, todos brasileiros.