A Agência Espacial Americana (Nasa) vai usar informações sobre a situação ambiental do bioma mata seca em Minas Gerais para confrontar a precisão de dados de satélites. O sistema de monitoramento instalado no Parque Estadual da Mata Seca, no município de Manga (Norte do estado), foi escolhido como fonte de dados sobre condições climáticas para agências ambientais que trabalham com a observação por satélites, entre elas a Nasa. A unidade é agora um dos 55 sítios de pesquisa em todo o mundo incluídos em uma lista do Comitê sobre Satélites de Observação da Terra (Ceos), que abrange também 55 agências internacionais. A expectativa é de que isso dê visibilidade ao avanço do desmatamento da mata seca e contribua para conter a devastação do bioma.
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Estudante da UFMG integra equipe de projeto de satélite da NasaEstudante da UFMG desenvolve software para a Nasa“Como os dados obtidos em campo por esses instrumentos são mais precisos, eles ajudam a determinar a confiabilidade dos levantamentos por satélite, num processo chamado de LPV (Land Product Validation), a ‘validação em terra’”, explica o pesquisador da Unimontes. Para ele, o uso de dados da mata seca pela Nasa dará visibilidade internacional às condições do bioma e poderá atrair mais investimentos para as unidades de conservação. “Essa visibilidade será importante para a preservação desse tipo de floresta, que vem sendo desmatada a grande velocidade”, aposta Mário Marcos.
CAPTAÇÃO A estrutura de monitoramento do Parque Estadual da Mata Seca é integrada por um armazenador de dados (data logger) e diversos sensores e câmeras. “Esses sensores podem estar abaixo das copas das árvores – sub-bosque – ou posicionados em torres acima das mesmas e são capazes de transmitir as informações coletadas aos armazenadores de dados por cabos ou por frequência de rádio (conexão wireless)”, esclarece Mário Marcos.
De acordo com o pesquisador, os aparelhos do sistema de monitoramento funcionam de maneira ininterrupta e são alimentados por pilhas e baterias recarregadas por painéis solares. É necessário que um técnico, geralmente um biólogo, visite o “supersítio” regularmente para dar manutenção nos equipamentos e baixar os dados armazenados. Além disso, as informações devem ser processados para alimentar uma base de dados on-line, chamada de Environet (https://www.enviro-net.org) e mantida pela Universidade de Alberta, no Canadá.
“Com todas as informações do monitoramento, além de validar os dados obtidos por satélites, é possível entender como o microclima da floresta muda à medida que esta se regenera”, destaca. “Os dados são disponibilizados a outros pesquisadores do projeto, que podem usá-los para entender como variáveis climáticas afetam a flora (produção de folhas, flores e frutos, por exemplo) e a fauna (atividade de micro-organismos, insetos, aves e morcegos). Além disso, a análise dos dados permitirá também verificar a tendência das mudanças climáticas no Norte de Minas, uma região semiárida sujeita à desertificação”, comenta Mário Marcos..