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CORAGEM Destacando que o candidato a beato foi o primeiro brasileiro a fundar uma congregação no país, algo até então restrito a estrangeiros, o italiano Paolo Viotta, responsável por outros processos como dos beatos Nhá Chica e Padre Victor, em Minas, e Irmã Dulce, na Bahia, resumiu na palavra “coragem” a atuação de Monsenhor Domingos. “Devoto de São José e de Nossa Senhora da Piedade, o monsenhor viveu para ajudar os pobres. A solenidade deste sábado, onde ocorre a abertura do inquérito, significa um procedimento jurídico, um momento histórico. Agora, serão entrevistadas muitas pessoas e reunidos documentos. Há muito trabalho a fazer nesta primeira fase”, afirmou Vilotta.
À frente de uma caravana de professores, estudantes e funcionários da rede de escolas dirigidas pela Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, a madre geral, Teresa Cristina Leite, ressaltou que o mais importante no legado de Monsenhor Domingos se refere às questões defendidas por ele muito atuais no mundo contemporâneo, como a luta contra o racismo e ajuda aos pobres. “Trabalhou para a dignidade humana, lutou contra a escravidão. O que fez não tem a ver com assistencialismo, mas com acolhimento. Muitas das escravas que defendeu se tornaram professoras”, disse a religiosa.
Um dos feitos marcantes de Monsenhor Domingos foi acolher meninas libertas pela Lei do Ventre Livre, na instituição de ensino criada por ele. Embora livres, essas crianças estavam em situação difícil, pois seus pais ainda eram escravos. Sensibilizado, e com o propósito de contribuir para a verdadeira libertação da população negra, o monsenhor criou o Asilo São Luís em 1878, formando a primeira turma de professoras negras do Brasil, que continuaram o trabalho de formação das crianças no asilo. “No coração de Monsenhor Domingos surgiu o apelo evangélico de trabalhar, continuamente, o processo de conversão para transformar, por dentro, as estruturas da sociedade, para se respeitar e promover a dignidade”, disse a madre geral.
A religiosa, que veio do Rio de Janeiro (RJ), informou que há registros de milagres concedidos por intercessão do fundador da congregação. O primeiro ocorreu ainda no século 19, quando um grupo de irmãs se queixou de que não havia nada para comer e distribuir aos necessitados. Com tranquilidade, o monsenhor pediu que elas voltassem à cozinha, e, para surpresa geral, as panelas estavam cheias de comida. Outro milagre diz respeito à cura de uma religiosa da congregação.
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