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Estado de Minas

Na 12ª Primavera dos Museus, série do EM mostra os atrativos de equipamentos de BH

Começou ontem e vai até o domingo a 12ª Jornada Mineira de Museus, com programação especial, num convite à visitação dos espaços. Doze instituições permitem um mergulho em documentos, pinturas, arte sacra e escultura


postado em 18/09/2018 06:00 / atualizado em 18/09/2018 07:34

Museu Mineiro tem farta exposição que leva o visitante do passado ao futuro, com acervo de 3,5 mil peças (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Museu Mineiro tem farta exposição que leva o visitante do passado ao futuro, com acervo de 3,5 mil peças (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)


A nova estação começa no próximo sábado, exatamente às 22h53, mas nos museus de Belo Horizonte já é tempo de colher os frutos da cultura, admirar as flores da arte e mergulhar fundo na história, por meio de documentos, pinturas, arte sacra, esculturas e outras obras. Em cartaz até domingo, a 12ª Primavera de Museus e Jornada de Educação em Museus – na capital, são 12 instituições com programação – traz como tema “Celebrar a educação em museus”, num convite à visitação dos equipamentos, presença em debates, troca de experiências e o melhor de tudo: ficar algumas horas observando as coleções, fazendo descobertas ou simplesmente curtindo os espaços, sozinho, com os amigos ou em família. Durante esta semana, o Estado de Minas vai mostrar, a cada dia, um museu da capital e seus atrativos.

Uma das melhores referências nesse roteiro, o Museu Mineiro, no Circuito Liberdade, na Região Centro-Sul da capital, está na fase final de restauração, “e tudo deverá ficar pronto até o fim do ano”, informa a superintendente de Museus e Artes Visuais (Sumav)/Secretaria de Estado da Cultura, Andréa de Magalhães Matos. “Esta é uma pérola localizada no coração da cidade. Guarda coleções muito importantes, com mostras de longa duração ou temporária. Vale lembrar que há um compromisso com a pesquisa, com a promoção de oficinas de arte, enfim tem a função de guardar preciosidades”, diz Andréa.

Com seis salas e duas galerias de arte, o Museu Mineiro une o século 18 ao mundo contemporâneo num total de 3,5 mil peças. No campo das novidades, há três exposições: Precisão e acaso, arte cinética do pernambucano José Patrício, que usa pregos, botões, dominós e fitas, na Galeria 1; Paisagem submersa, do acervo contemporâneo dos fotógrafos Pedro David, Pedro Motta e João Castilho, na Galeria 2; e dentro da espetacular Sala das Sessões, totalmente restaurada, Natureza morta, revisitando a arte de Francisco Tamietti Filho, artista italiano que participou da construção da capital. Andréa conta que seis das telas de Tamietti estão em braille para atender os deficientes visuais. 

OLHO NO FORRO
Um dos destaques do Museu Mineiro está a Sala das Sessões, nome em referência ao antigo Senado mineiro – e vale muito a pena ficar olhando algum tempo para o forro do imóvel. Logo na entrada desse espaço, estão seis telas de autoria de Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), expoente do barroco mineiro. O visitante poderá contemplar a expressão dos santos nas telas, entre eles são Pedro Apóstolo. Na sua primeira visita ao local, o argentino Agustín Rodriguez, de 33 anos, professor de arte e funcionário do Museu Ferro White, em Bahia Blanca, passou alguns minutos na frente dos quadros e disse que gostou do que viu. “São obras muito expressivas.”

Na visita guiada por Andréa, pela diretora de diversidade de linguagem museológica, Pompéa Tavares, e pelo coordenador do museu, Vinícius Duarte, a equipe do Estado de Minas revisitou um dos expoentes do equipamento cultural, que é o quadro A má notícia, datado de 1897 e autoria do mineiro Belmiro de Almeida (1858-1935) retratando uma mulher em desespero diante da página com borda preta lançada ao chão. Em mais de 100 anos, a tela já passou por vários órgãos públicos e ganhou fama de “agourenta” até chegar sã e salva ao lugar mais adequado, que é a Sala das Sessões. Quem vê a obra pode ficar tranquilo, pois ela só inspira beleza e emoção. 

Argentino Agustín Rodriguez, professor de arte, elogiou o trabalho exposto do Mestre Ataíde (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Argentino Agustín Rodriguez, professor de arte, elogiou o trabalho exposto do Mestre Ataíde (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)


HISTÓRIA
Inaugurado em 1982, o Museu Mineiro tem como primeira referência o ano de 1895, quando, pela Lei nº 126, foi criado o Arquivo Público. O documento deixava bem clara a intenção de se criar o museu, estabelecendo que, até o seu funcionamento, seriam recolhidos e classificados, em sala especial no arquivo, “os quadros, estátuas, mobílias, gravuras, estofos, bordados, rendas, armas, objetos de ourivesaria, baixos-relevos, esmaltes, obras de cerâmica e quaisquer manifestações da arte no estado, desde que tenham valor propriamente artístico ou histórico”.

A instituição foi juridicamente consolidada pela Lei nº 528/1910, abrangendo “as seções de história natural, etnografia e antiguidades históricas” e reunindo acervo relacionado a Minas, nos períodos da capitania, província e estado. A lei citava “as coleções do Arquivo Público que comporiam o acervo inicial do Museu, a ser instalado “quando as circunstâncias financeiras do estado o permitissem, a juízo do governo”.

O ano de 1982 é um marco não só pela inauguração como pela incorporação, ao acervo, da Coleção Pinacoteca do Estado de Minas Gerais, formada por pinturas, desenhos, gravuras, incluindo também esculturas, num total de 26 peças. A coleção começou em 1926, com cinco telas de Aníbal Mattos doadas pelo artista, mas a ideia não foi adiante e os quadros ficaram guardados no Arquivo Público. Em 1971, por iniciativa da primeira-dama do estado, Coracy Uchôa Pinheiro, o projeto foi retomado com a reorganização e o crescimento da coleção, valorizada pela presença de obras de Mário Silésio, Chanina, Sara Ávila, Ildeu Moreira, Herculano e outros. As obras desse artistas foram integradas à relação de bens móveis do Palácio da Liberdade até serem incorporadas em definitivo ao museu, em 1982.

 

 

SERVIÇO
Museu Mineiro, no Circuito Liberdade
Avenida João Pinheiro, nº 342 – Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte
Aberto às terças, quartas e sextas, das 10h às 19h; às quintas, das 12h às 21h; e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h
Telefones: (031) 3269-1103 e 1106 (visitas de grupos devem ser marcadas com antecedência)
Entrada gratuita

 

 

CRONOLOGIA

Passos da história

» 1895 – O acervo do Museu Mineiro começa a ser constituído com a criação, em Ouro Preto, do Arquivo Público Mineiro
» 1910 – Lei nº 528, de 20 de setembro, autoriza a formação de coleções de objetos para composição do futuro museu
» 1977 – Decreto nº 18.606 determina a implantação do Museu Mineiro e o desvincula do Arquivo Público
» 1978 – Museu recebe 187 peças de arte sacra (séculos 18 e 19), da coleção Geraldo Parreiras, adquirida neste ano pelo governo do estado
» 1982 – Museu é inaugurado em 10 de maio e funciona no prédio do antigo Senado Mineiro
» 1984 – Em abril, Museu passa a ser vinculado à recém-criada Secretaria de Estado da Cultura
» 2002 – Término do processo de revitalização do Museu Mineiro, iniciado em 1999, que culminou na abertura da Exposição Colecionismo Mineiro
» 2012 – Em 18 de janeiro, Museu Mineiro é reaberto
» 2017 – Começa nova etapa de obras de recuperação estética do museu, com restauro do piso, do forro da Sala das Sessões e parte elétrica
» 2017 – Abertura da Sala Jeanne Milde, com esculturas e pinturas, e a nova galeria de exposição no átrio (antigo restaurante)

 

RAIO-X

» Museu Mineiro, vinculado à Superintendência de Museus e Artes Visuais, da Secretaria de Estado da Cultura
» Visitantes: 15 mil/ano
» Tipologia: Acervo histórico e artístico com 3,5 mil peças do século 18 ao 21
» Coleções: Vestuário, arte sacra, pinturas, achados arqueológicos, utilitários e outros. Não deixe de visitar as exposições, como a Natureza morta, de Francisco Tamietti Filho, que participou da construção de BH
» Espaço: 6 salas e duas galerias de exposições
» Construção: Fim do século 19

 

 

MOSTRA DE BORDADOS A primavera trará também a Exposição de Bordados, que fica em cartaz apenas no próximo domingo, das 9h às 18h, no Memorial do Bordado/Maria Arte & Ofício, espaço de referência e de ensino da atividade dirigido pela especialista Maria do Carmo Guimarães Pereira. O memorial fica na Rua Caldas, 47, no Bairro Carmo-Sion, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte e a entrada é franca. Informações pelo telefone; (031)3223-7648 ou pelo site www.mariaarteeoficio.com.br.


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