Jornal Estado de Minas

Laudos apontam causas de queimaduras em criança em cirurgia no Hospital da Baleia

Marco Victor Hermeto, superintendente técnico do Hospital da Baleia - Foto: Edesio Ferreira/EM/D.A.Press
Equipes técnicas do Hospital da Baleia, localizado na Região Leste de Belo Horizonte, concluíram a investigação sobre o incidente durante uma cirurgia que provocou queimaduras no rosto e no tronco de uma criança de 1 ano. O caso aconteceu em agosto deste ano. A apuração identificou que três fatores causaram os ferimentos: a faísca de um bisturi elétrico que atingiu uma gaze, e o oxigênio acabou servindo de combustível. O evento adverso, chamado de fogo cirúrgico, é considerado raro, segundo a unidade de saúde. O bebê recebeu alta do Hospital João XXIII no último sábado.

O incidente aconteceu em 10 de agosto durante uma cirurgia de extração de um cisto na pálpebra da criança. O procedimento é considerado simples. Porém, durante os trabalhos, o bebê acabou sofrendo queimaduras no rosto e no tórax.
Foram aproximadamente 20% da superfície corporal da criança foi queimado.

Logo depois do incidente, segundo o Hospital da Baleia, as investigações tiveram início. Uma perícia técnica foi realizada e uma série de simulações foram feitas, no intuito de encontrar quais foram as causas do fogo cirúrgico. “Nossas análises internas, baseadas nas nossas simulações dentro do bloco cirúrgico. De todo o material disponível que foi utilizado na cirurgia, nos permitiu a sugestão de que o evento de fogo cirúrgico, que é o nome do evento adverso, tenha sido causado pela presença do bisturi elétrico, que é a fonte de ignição, que causou pequeno incêndio em uma gaze cirúrgica. E a presença de oxigênio na máscara de anestesia ao lado, tenha produzido uma grande fonte de calor em um tempo muito curto, produzindo as queimaduras na face e no tronco”, explicou Marco Victor Hermeto, superintendente técnico do hospital.



Os equipamentos utilizados na cirurgia também foram avaliados, mas nenhum problema foi encontrado com eles.
“No dia do evento, nossa equipe de engenharia clínica já avaliou os equipamentos, os afastou, tirou de uso. Foram periciados pelas empresas representantes, que são responsáveis pela manutenção, e considerados normofuncionantes, ou seja, estão todos ok, inclusive com as manutenções em dia. Tudo isso será entregue a vigilância sanitária”, comentou Hermeto.  


De acordo com ele, o evento é considerado raro. “A literatura médica fala em 650 casos a cada 20 milhões de cirurgia. Então, é bastante incomum”, disse. Depois do caso, algumas medidas foram tomadas na unidade de saúde para evitar a repetição deste tipo de incidente. “Fomos até a literatura médica e descobrimos que existem protocolos no exterior.
No Brasil não conseguimos identificar. Existem protocolos que acrescentam cuidados aos que já utilizamos na cirurgia”, comentou.

O prazo de 45 dias para a investigação termina no próximo domingo. Porém, os laudos feitos pelo hospital serão entregues nesta sexta-feira. A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (Depca), também investiga o caso. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, diligências continuam acontecendo para concluir o caso.

Sequelas


Depois que a criança sofreu as queimaduras, ela foi encaminhada para o Hospital João XXIII, onde passou pelo tratamento de recuperação. A transferência foi feita, segundo Marco Hermeto, pois a unidade é referência em cuidado com queimados. O bebê deixou o hospital no último sábado. “Ela está em casa.
Parece que há uma pequena sequela em um dos olhos, não posso afirmar com a certeza absoluta, porque este lapso de tempo da alta até hoje, eu ainda não estive com ela. Mas, amanhã (sexta-feira) tenho uma conversa agendada com o cirurgião plástico do João XXIII para me inteirar, inclusive do que será feito daqui a diante, e o que o hospital pode ajudar e auxiliar”, comentou. .