A insatisfação com o fim do relacionamento é apontado como o motivo para mais um feminicídio - homicídio contra a mulher motivado por menosprezo, discriminação ou por violência doméstica - em Minas Gerais. Rosa Anita de Faria, de 26 anos, foi assassinada na última quarta-feira com golpes de canivete no pescoço em Abaeté, na Região Central de Minas Gerais. O ex-companheiro dela, Cristiano Fonseca dos Reis, foi preso três dias depois e apresentado à imprensa na tarde desta segunda-feira. Segundo a Polícia Civil, ele confessou o crime. A vítima já tinha feito um boletim de ocorrência relatando ameaças do homem no início deste ano.
O assassinato aconteceu na última quarta-feira por volta das 13h. Segundo o delegado Rodrigo Noronha, responsável pelas investigações, testemunhas disseram que viram o autor chegando na residência por volta das 11h. “Os vizinhos ouviram gritos de socorro, mas quando chegaram ela já estava morta”, contou.
A vítima foi atingida por três golpes na região do pescoço. O corpo de Rosa estava em cima da cama. Cristiano utilizou um canivete para matar a mulher. A arma foi apreendida. Uma das provas colhidas pela perícia da Polícia Civil, foram pegadas do calçado utilizado pelo autor no momento do crime. Marcas de sangue ficaram pela casa.
No dia do assassinato, policiais militares e investigadores da Polícia Civil fizeram buscas na cidade e em Paineiras, onde o homem morava, mas não foi encontrado. Na sexta-feira, ele acabou surpreendido pelos policiais civis em Buritizeiro, na Região Norte de Minas Gerais, na casa de um familiar. “Já tínhamos pedido à Justiça a prisão temporária dele. Conseguimos informações da localização e conseguimos encontrá-lo. Ele foi surpreendido, pois não acreditava que conseguiríamos chegar até ele em um município a mais de 400 quilômetros de Abaeté”, diz o delegado.
De acordo com o delegado Rodrigo Noronha, o homem confessou o crime em um primeiro momento, mas ainda será interrogado nos próximos dias. “Na casa onde foi encontrado, ele mesmo entregou as roupas usadas no dia do crime. Mesmo depois de lavada, a roupa ainda tinha vestígios de sangue”, explicou o delegado.
Ameaças
Informações colhidas nas investigações dão conta que o casal vivia um relacionamento há sete meses, mas havia se separado poucas horas antes do crime. “Rosa terminou o relacionamento na terça-feira à noite e ele não aceitou de bom grado o término”, contou Noronha.
Testemunhas ouvidas no processo disseram que o homem já havia ameaçado a mulher e familiares dela. “Filhas da vítima comentaram que ele usou as redes sociais para proferir ameaças. No início deste ano, Rosa procurou a PM para registrar um boletim de ocorrência contra ele, mas não quis medidas protetivas ou outra ação contra ele”, comenta o delegado. “Temos que ressaltar a relevância da vítima não subestimar os autores. Tem que denunciar sempre, pois quem poupa o lobo sacrifica a ovelha, que foi o caso dela. Acabou pagando pela própria vida”, finalizou.
Cristiano será indiciado por feminicídio – homicídio contra a mulher motivado por menosprezo, discriminação ou por violência doméstica. Se condenado, pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. Ele está preso no Presídio de Abaeté.