Primeira cidade brasileira a receber o título de patrimônio da humanidade (1980), Ouro Preto, na Região Central, dá a largada nas ações efetivas de combate a incêndios em igrejas, prédios públicos, casarões e outros monumentos dos séculos 18, 19 e início do 20. Ontem, começou no Centro Histórico e distritos uma operação pente-fino a fim de verificar se há autorização – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) – para funcionamento de estabelecimentos comerciais, realização de eventos e outros. Ao mesmo tempo, o Serviço Municipal de Águas e Esgotos voltará as atenções para os hidrantes, adianta o secretário de Cultura e Patrimônio, Zaqueu Astoni Moreira. Segundo ele, as repúblicas de estudantes de Ouro Preto já contam com o AVCB. O trabalho de fiscalização ocorre como consequência do incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), que completa um mês hoje.
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Na 12ª Primavera dos Museus, série do EM mostra os atrativos de equipamentos de BHMúmias mineiras estavam em alas destruídas pelo fogo no Museu NacionalBNDES libera verbas para restauração de patrimônio e criação de museu em MarianaCasa de Cultura Negra em Ouro Preto será reaberta em novembroBombeiros seguem trabalhando em loja incendiada no Centro de BHPolícia Militar desfaz esquema de fabricação de cervejas na Grande BHIncêndio atinge loja no Centro de BHCéu amanhece nublado com previsão de pancadas de chuva em BH“Ouro Preto vive uma situação de fragilidade. Como há muitas casas geminadas no Centro Histórico, o perigo de o fogo se alastrar e atingir museus e igrejas é imenso. Portanto, é necessária a união de esforços, um alinhamento na atuação das instituições e apresentação de projetos e cronograma de execução”, explicou o promotor de Justiça, após a reunião de mais de quatro horas. Um dos pontos destacados se refere aos hidrantes. “Esse é um ponto fundamental e é preciso melhorar a rede, identificando equipamentos que não funcionam e áreas descobertas”, disse Domingos, adiantando que são necessários aportes financeiros para evitar falhas e aumentar a frota de viaturas dos bombeiros e o prédio ocupado pelo batalhão, perto do Centro Histórico. As fontes poderão vir de compensações ambientais e de um fundo municipal.
Sobre o aniversário de um mês do incêndio no Rio, Domingos diz que, infelizmente, no Brasil se aprende com a tragédia.
Além dessa primeira etapa de intervenções emergenciais, estão previstas outras três na reconstrução do Museu Nacional, incluindo a possibilidade de cessão de um terreno próximo ao local para que as atividades acadêmicas sejam mantidas. A segunda etapa depende da conclusão da perícia da Polícia Federal no local. Depois de realizada, será contratado um projeto básico e, com base nele, será implementado o projeto executivo da reconstrução do museu. A terceira etapa é a da reconstrução. A ideia é mobilizar recursos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. A quarta fase poderá ocorrer em paralelo com a obra de construção. É a de recomposição do acervo. O governo pretende fazer uma campanha internacional para a doação e aquisição de acervos para o Museu Nacional.
O Museu Nacional tinha um acervo de cerca de 20 milhões de itens, mas até agora nada foi retirado. E também não se sabe o quanto foi perdido de fato, incluindo o crânio de Luzia.
Entre o material que pode estar perdido nas cinzas do museu estão também coleções da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de outras instituições. Numa via de mão dupla, a PUC Minas poderá fazer cópias de exemplares da megafauna, que tiveram os originais do Museu Nacional como referência, numa forma de ajudar o equipamento cultural e científico a recompor, no futuro, seu precioso patrimônio de 200 anos.
Rede de prevenção e proteção em Minas
As ações em Ouro Preto vão envolver treinamento – inicialmente serão 10 funcionários da arquidiocese, que trabalham na cidade – e verificação de projetos referentes à parte elétrica dos monumentos. A etapa é fruto da iniciativa da superintendência em Minas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que pretende criar brigadas nas cidades mineiras com sítios históricos reconhecidos como patrimônios da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). As ações vão se espelhar num trabalho desenvolvido em Belo Horizonte, que tem a Pampulha nesse seleto grupo, numa parceria da prefeitura com os bombeiros. Os outros locais são, além de Ouro Preto, Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e o Santuário Basílica do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, na Região Central.
Conforme disse ao Estado de Minas a superintendente do Iphan, Célia Corsino, trata-se de uma “rede de prevenção e proteção” entre as quatro cidades, com ajuda mútua e troca de experiências.
Um avanço para as autoridades está na Portaria 366/2018, em âmbito nacional, divulgada na semana do incêndio do Museu Nacional e que busca “compatibilizar as normas do Corpo de Bombeiros com o que pode ser feito em prédios tombados”. Trata-se de uma forma de garantir mais agilidade na aprovação de projetos, e a explicação técnica é a seguinte: Até então, o Iphan só havia realizado ações pontuais, como a produção de cartilhas sobre combate e prevenção de riscos ao patrimônio cultural. “Dessa forma, a nova portaria conseguiu compatibilizar as exigências para a segurança, prevenção e combate a incêndios com o mínimo impacto sobre os elementos arquitetônicos e artísticos das edificações protegidas pelo Instituto”, diz uma nota da autarquia federal. (GW)
Museu reabre em Itabira
Depois de quase 10 anos fechado, o Museu de Itabira foi reaberto ao público no sábado, com exposição sobre a artista Elke Maravilha (1945-2016), palestra e música. De acordo com a prefeitura local, a solenidade de reinauguração marcou um importante momento para a cultura e o turismo de Itabira, já que o prédio do início do século 19 se confunde com a história da cidade, pois ficava ali a primeira sede da Câmara Municipal. Em 1971, o sobrado passou a sediar o Arquivo Público Municipal – e se tornou um elemento importante na preservação da identidade itabirana. A mostra sobre Elke, nascida na Rússia e que, ainda criança, chegou ao Brasil para morar com a família em um sítio em Ipoema, distrito de Itabira, inclui roupas, calçados e acessórios (alguns deles confeccionados por ela). O museu fica na Avenida Carlos Drummond de Andrade, 666, no Centro.
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