Morreu ontem, aos 84 anos, vítima de problemas cardíacos, o delegado José França Tavares, conhecido como Doutor França. Nomeado em junho de 1963, o policial passou por diversas delegacias do interior do estado antes de assumir o Detran-MG e, posteriormente, o Departamento de Ordem Política e Social (Dops).
Entre passagens de sua carreira que se tornaram conhecidas está o episódio da prisão de um ladrão considerado muito perigoso em São Paulo, detido em Belo Horizonte pela equipe do delegado mineiro. Sabendo que o criminoso era procurado no estado vizinho, José França ligou para o delegado paulista responsável, Romeu Tuma, que não atendeu o colega. França decidiu então contatar o secretário de Segurança do governo paulista. Cinco minutos depois, Tuma retornou o chamado, mas, desta vez, quem não atendeu foi o policial mineiro. O preso só foi entregue à polícia paulista depois de uma negociação entre governadores.
França e Tuma se estranhariam uma segunda vez, quando a polícia mineira prendeu um ladrão de joias. José França e sua equipe descobriram que o criminoso já havia sido detido em São Paulo com as joias, mas conseguira escapar. O delegado mineiro tentou negociar a vinda do material roubado, mas Tuma se recusava a mandá-lo. França obteve mandado judicial e conseguiu reaver o produto do roubo, mas consta que não sem antes bater boca com Tuma.
Ficou notório também o episódio em que um soldado da Polícia Militar acusado de roubo foi levado para o Dops. A prisão quase terminou em enfrentamento entre as duas corporações, já que militares exigiam que o colega lhes fosse entregue, o que o delegado recusava. Após muita tensão, uma negociação colocou fim ao impasse e o suspeito foi mantido preso.
O corpo de José França Tavares está sendo velado no Cemitério Parque da Colina, onde será sepultado nesta quarta-feira, às 14h.