Mariana – As prefeituras dos 39 municípios diretamente atingidos pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, (Região Central de Minas), da mineradora Samarco, podem receber mais de US$ 200 milhões (cerca de R$ 752 milhões) em reparações, segundo estimativa do escritório de advocacia anglo-americano SPG Law. Para isso, contudo, é necessário que as administrações municipais ingressem na ação que o escritório vai propor contra a BHP Billiton, uma das controladoras da Samarco, ao lado da Vale, nas cortes da Inglaterra e do País de Gales. Como a reportagem do Estado de Minas vem mostrando com exclusividade, a estimativa é de que o valor final das indenizações nos tribunais britânicos possa superar os 5 bilhões de libras (em torno de R$ 24,5 bilhões). O processo internacional será proposto em 1° de novembro, quatro dias antes de a tragédia completar três anos e atingir o prazo legal de prescrição. A adesão dos municípios afetados deverá ser decidida após a reunião de amanhã do Fórum Permanente de Prefeitos do Rio Doce, em Rio Casca, na Zona da Mata, e que vai reunir representantes de quase 30 municípios da bacia hidrográfica.
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Um dos sócios do escritório, o inglês Tom Goodhead, disse que algumas prefeituras já entraram em contato e que sua expectativa é de que pelo menos 20 estejam representadas no processo contra a BHP Billiton. Devido à confidencialidade dessas negociações, o advogado não pode revelar quais os municípios que aderiram, mas indicou que a participação de todas as prefeituras é essencial. “Quanto mais prefeituras aderirem, melhor será para que tenhamos mais poder de pressão e apelo popular no nosso processo”, disse. O número de adesões pode parecer grande, mas preocupa por representar cerca de 50% dos municípios atingidos, sendo que o processo não terá qualquer custo para as prefeituras. “Nos dispusemos, inclusive, a ajudar os procuradores municipais com os detalhes necessários para a prefeitura integrar a nossa ação. Mas tudo precisa ser feito antes do prazo prescricional”, alerta o advogado inglês. Em caso de vitória no processo, o escritório e os advogados brasileiros e estrangeiros envolvidos receberão 30% da quantia.
Outro sócio do escritório, o norte-americano Glenn Phillips, destaca a agilidade do processo contra a BHP Billiton nas cortes do Reino Unido.
DIVISÕES A ação nas cortes do Reino Unida será dividida por categorias, tais como: Cidadãos atingidos e que tiveram vítimas com morte, perda patrimonial total, lucros cessantes, danos morais e existenciais, atingidos indiretamente (quem sofreu um impacto financeiro por residir na região afetada economicamente) e pessoas físicas e jurídicas atingidas de modo geral, ao longo da Bacia do Rio Doce.
O rompimento da Barragem do Fundão produziu o pior desastre socioambiental brasileiro e um dos piores do mundo. Foram despejados 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro e lama na Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Morreram 19 pessoas, sendo que até hoje não foi localizado o corpo de Edmirson José Pessoa, de 48 anos, que trabalhava para a Samarco havia 19 anos. Estima-se que cerca de 500 mil pessoas tenham sido atingidas pela tragédia.
Na esfera criminal, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 22 pessoas, entre diretores da Samarco e responsáveis pela consultoria VogBr, que assinou o laudo de garantia de segurança da barragem rompida. Eles respondem por homicídio e crime ambiental.