Marcas na estrada semelhantes às de pneus e o testemunho de um casal que teria presenciado o acidente na BR-050 que provocou a morte de pai, mãe e um filho de 8 anos, e obrigou outro, de 6, a escalar um barranco para se salvar reforçam a tese de envolvimento de um segundo veículo na tragédia. E o mais grave: o casal aponta indícios de negligência dos socorristas da Polícia Rodoviária Federal e da MGO, concessionária responsável pela administração da rodovia. O carro da família, desaparecida desde domingo quando viajava de Rio Quente (GO) para Campinas (SP), só foi encontrado na madrugada de terça-feira.
“Buzinamos alto na porta da MGO. Eles saíram e minha esposa contou que dois carros tinham acabado de capotar”, afirmou o homem, em entrevista à TV Record. O casal teve sua identidade preservada. “Presenciei claramente. O outro carro capotou em nossa direção e só não bateu no nosso porque parou nessa vala que divide as pistas”, disse a mulher. Na ocasião, a PRF e a MGO atenderam apenas os ocupantes de um veículo, um Gol branco. O acidente teria ocorrido no dia 7. As autoridades só encontraram o carro da família dois dias depois, alertados por parentes, que relataram o desaparecimento do casal e dos filhos e foram para Araguari para acompanhar as buscas.
O pastor evangélico Alessandro Monare, de 38, a mulher dele, Belkis da Silva Miguel Monare, de 35, e Samuel da Silva Miguel Monare, de 8, foram encontrados mortos dentro de um carro caído em uma grota de aproximadamente três metros de altura, às margens da BR-050, entre Uberlândia e Araguari. A localização só foi possível graças ao ato de superação do filho mais novo do casal, que conseguiu deixar o automóvel e escalar o barranco, chegando até a estrada. Ele foi encontrado deitado por um motorista que passava pela via. O garoto segue internado, sem previsão de alta. O estado de saúde dele é estável. A Polícia Civil já iniciou os levantamentos para tentar descobrir as causas do acidente e disse que nenhuma informação será fornecida antes da conclusão do laudo pericial, previsto para ser concluído em cerca de 30 dias.
A rodovia é privatizada e tem diversas câmeras ao longo do percurso. Próximo ao trecho, inclusive, há um equipamento que faz monitoramento em imagens e consegue captar um raio de até dois quilômetros. Porém, segundo a concessionária, o aparelho é móvel e estava voltado para outra direção na hora do desastre. O veículo foi visto pela última vez, segundo consta do boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, na manhã de domingo, no Km 14 da LMG-223, quando foi flagrado por câmeras localizadas no posto da Polícia Militar Rodoviária (PMRv).
*Estagiário sob supervisão da subeditora Rachel Botelho