A primeira frente fria que atingiu Minas Gerais durante a primavera provocou uma mudança no clima. No fim de semana, a temperatura ficou alta em várias cidades, o que é normal na passagem desses fenômenos. Belo Horizonte, inclusive, registrou recorde de calor por dois dias consecutivos. Horas mais tarde, a situação mudou rapidamente. O céu azul deu lugar ao tom cinzento das nuvens carregadas. Como resultado vieram temporais acompanhados de granizo em ao menos três cidades: BH, Juatuba e Divinópolis. Em Coronel Fabriciano, na Região do Rio Doce, não caiu gelo, mas casas foram destelhadas e acabaram tomadas pela água. Houve também quedas de energia e placas. Três pessoas acabaram se ferindo. Em Divinópolis, no Centro-Oeste, árvores caíram em cima de carros e enxurradas foram registradas. Na capital mineira, nenhuma ocorrência foi registrada, mas moradores relatam queda de gelo no Barreiro. A previsão é de mais chuva, inclusive com possibilidade de granizo, durante toda a semana.
O fim de semana transcorreu com recordes seguidos de temperatura em Belo Horizonte. No sábado, os termômetros chegaram a marcar 34,1°C até então a maior marca do ano. A temperatura superou os 34,5°C registrados em 2 de março. Depois de um dia com muita secura e calor, moradores da capital mineira tinham esperança de ter um refresco. Mas não foi o que ocorreu. O domingo o sol castigou a população e, novamente, houve recorde. Os termômetros chegaram a 34,8°C em BH. O alívio só veio ontem, com a chegada da chuva. Na Região do Barreiro, houve queda de granizo, mas sem registro de danos.
Durante a chuva forte, vários estragos foram registrados na cidade. Casas ficaram alagadas. Telhados e placas caíram. “Registramos quedas de árvores diversas. Foram as ocorrências campeãs. Tivemos, ainda, destelhamentos de casas, quedas de estruturas de terraços, placas metálicas que foram arremessadas em residências, houve uma queda de parede sobre uma casa, e uma construção que caiu sobre o imóvel”, explicou a supervisora. Três moradores acabaram atingidos por destroços e se feriram levemente. Eles foram levados para o Hospital Dr. José Maria Morais por moradores da cidade para receber atendimento médico. “Graças a Deus não tivemos nada grave”, comentou Tatiane Souza.
Desde o início da manhã de ontem, equipes da Defesa Civil e da Secretaria de Governança de Obras e Serviços Urbanos percorriam as ruas da cidade para avaliar os danos. “Ontem (domingo), ocorreram danos devido a obras particulares, muitas malfeitas. Durante todo o ano a Defesa Civil realiza ações de prevenção percorrendo áreas de risco, com monitoramento constante. Foi devido a esse trabalho que não tivemos problemas mais graves”, ressaltou.
Por meio de nota, a Cemig informou que a interrupção de fornecimento de energia atingiu, além de Coronel Fabriciano, parte de Timóteo. Segundo a Companhia, ela foi causada devido “ao rompimento de cabos da linha de transmissão, em função de uma tempestade, acompanhada por forte ventania e por grande número de descargas atmosféricas (raios), que atingiu a cidade no fim da tarde e início da noite de ontem (domingo)”. O serviço de meteorologia da empresa registrou 40 raios entre as 17h e as 20h. “A Cemig atuou rapidamente para restabelecer a energia, que retornou para uma parte dos clientes às 19h45. Às 22h48, todos os consumidores afetados já estavam com o fornecimento normalizado”, informou.
GELO No início da tarde de ontem, o assunto mais comentado em todas rodas de amigos e nas redes sociais era a previsão da Defesa Civil de Belo Horizonte para a possível queda de granizo. Moradores relataram que pequenas pedras de gelo realmente caíram próximo à Estação Diamante, na Região do Barreiro. Mas foi durante uma precipitação de pouca duração.
Situação bem diferente da registrada no interior de Minas Gerais. Em Divinópolis, o fornecimento de energia elétrica foi cortado e ´árvores caíram. “Choveu bastante na Região do Centro. A cidade está toda sem energia. Na Avenida Getúlio Vargas, perto do antigo pronto-socorro, uma árvore caiu em um carro”, relata o contador Heberth Rychter, que trabalha em um escritório de contabilidade.
"Estávamos sob domínio de massa de ar seco. Sempre que há a aproximação de uma frente fria, as temperaturas disparam. Por isso, tivemos um fim de semana com calorão em todo o estado e recordes em Belo Horizonte"
Cleber Souza, do Instituto Nacional de Meteorologia
A chuva forte com muita ventania durou cerca de uma hora, segundo relatos da população. “Ainda estou presa no serviço, estamos sem iluminação. Vi daqui que a Avenida JK ficou coberta de água, com carros andando lentamente”, relatou a servidora estadual Débora Patrícia Yunes Soares, que trabalha no Bairro Bom Pastor. “Caiu muita árvore no centro, também teve queda de uma placa em cima de carro na Avenida Sete de Setembro, esquina com Rua Sergipe. A cidade inteira está sem energia”, contou Lucas Paulo, promotor de vendas que enfrentou dificuldades para chegar em casa.
Relatos de queda de granizo também foram feitos por moradores de Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Eles contaram que a chuva durou 15 minutos, e que durante cinco houve registro de gelo. Os gramados de algumas propriedades ficaram tomados com as pequenas pedras. “O pior do município é que as ruas são esburacadas, e os buracos aumentam com a forte chuva, dificultando a passagem de veículos”, contou Meire Guimarães, moradora da cidade. *Sob supervisão da subeditora Rachel Botelho
Semana de instabilidade
A mudança drástica no tempo em Minas Gerais foi provocada pela chegada da primeira frente fria da primavera. Primeiro, fez com que as temperaturas aumentassem até atingirem números recordes, e, depois, os temporais, acompanhados de granizo. Ainda há possibilidade de queda de gelo em algumas cidades mineiras, especialmente do Norte, Leste e Mucuri. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o risco é menor. A chuva, por diversas vezes acompanhadas de ventos fortes e descargas elétricas, devem continuar durante toda a semana.
De acordo com o meteorologista Cleber Souza, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a mudança no clima já estava prevista. “Estávamos sob domínio de massa de ar seco. Sempre que há a aproximação de uma frente fria, as temperaturas disparam. Por isso, tivemos um fim de semana com calorão em todo o estado e recordes em Belo Horizonte”, explicou.
Desde ontem, a frente fria começou a atuar, provocando chuva em diferentes pontos de Minas Gerais. O tempo instável deve continuar durante toda a semana e com possibilidade de temporais e queda de granizo em algumas cidades. “Podemos ter temporais em todo o estado. “Em Belo Horizonte, a probabilidade de granizo era maior para hoje (ontem) porque estava muito quente. Agora, diminui um pouco, mas não está descartado”, disse Cleber Souza. O especialista afirma que a segunda quinzena de outubro deve ser com bastante chuva.