Contra o risco trazido para a segurança e a mobilidade da população de Belo Horizonte, aumento maior que o dobro nos cortes e podas de árvores na capital mineira. Esse é o balanço da intensificação da retirada dos espécimes condenados na cidade desde que o prefeito Alexandre Kalil determinou que esse trabalho fosse priorizado, depois que uma árvore caiu arrastando um transformador e provocando um incêndio que atingiu nove carros em abril deste ano no Bairro de Lourdes, Centro-Sul da cidade. Enquanto em 2017 a Prefeitura de BH podou 16,4 mil e removeu completamente outras 3 mil árvores, de janeiro até 30 de setembro de 2018 esse número já cresceu 110% nas podas e 136% nos cortes, alcançando 34,5 mil podas, média de 126 por dia, e 7,2 mil remoções, o que significa, em média, 26 diariamente. O investimento previsto ultrapassa R$ 8 milhões, enquanto a verba parou em R$ 4 milhões no ano passado. O número de equipes que realizam os serviços passou de 18 para 29. Com o objetivo de reduzir impactos para a rede elétrica, a Cemig também anunciou 85 mil podas este ano, durante apresentação de plano de ação para o período chuvoso.
A região de Belo Horizonte que mais concentra as supressões arbóreas comandadas pela Prefeitura de BH é a Oeste, com 1.223 casos este ano. Já com relação às podas, o destaque vai para a Região de Venda Nova, que já contabilizou 7.522 serviços desse tipo em 2018 (veja quadro). Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, uma das pastas que têm ações voltadas para esse tema na cidade, são priorizados os casos de podas e supressões de espécimes condenados, que já tenham laudos indicando a necessidade de retirada de galhos ou de todo o exemplar, com iminente risco de cair. O restante da demanda entra em uma fila para ser abordada em outro momento. Em fevereiro, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente publicou deliberação normativa que estabelece critérios e diretrizes para a identificação e indicação da necessidade de supressão de árvores de maior risco de queda, localizadas em espaços públicos de Belo Horizonte. Pela deliberação, os técnicos têm seu trabalho de vistoria amparados por 25 diretrizes de avaliação.
Em abril, uma queda de árvore na Rua São Paulo, Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul de BH, assustou a população. O espécime de quase 20 metros bateu em um transformador de energia, empurrando o poste que sustentava a estrutura em cima de veículos que estavam estacionados. Nove carros foram danificados graças ao incêndio provocado pela queda, incidente que fez a PBH priorizar podas e supressões de árvores em risco iminente. Na ocasião, o secretário de Obras, Josué Valadão, e o superintendente de desenvolvimento da capital, Henrique Castilho, determinaram um rigor maior dos técnicos na hora de avaliar a vegetação urbana. Na época, Valadão foi incisivo. “Diante desse fato (a queda de árvore seguida de incêndio), vamos implementar o ritmo de supressão com rigor muito maior, porque não houve nenhum fator externo que fizesse aquela árvore cair. O critério tem que ser muito objetivo. Não podemos ter um conceito do tipo: ‘Não há risco iminente’. Temos que dizer se há risco ou não. Se houver, suprime-se”, disse Josué Valadão em abril. Na ocasião, a prefeitura informou que faria o corte ou supressão de 7 mil árvores em três meses. A PBH não informou balanço específico desse grupo de plantas que estavam na mira em abril.
PLANO A chegada do período chuvoso traz uma preocupação a mais para o sistema elétrico de Belo Horizonte e também das demais cidades do estado. Com o objetivo de atuar da forma mais rápida possível para restabelecer eventuais desligamentos causados principalmente por tempestades, a Cemig lançou ontem seu plano de atuação para o período chuvoso, que costuma exigir até 147% mais atendimentos presenciais nos dias mais críticos. Para isso, a empresa sustenta que tem condições de mobilizar até 1,1 mil profissionais para um dia crítico de atendimentos telefônicos, o que é 22% a mais do que os 900 que atuam em dias normais. Para o serviço de campo, os 349 eletricistas que atuam normalmente podem ser incrementados em até 76%, passando para 616 profissionais. A empresa sustenta que investiu R$ 751,1 milhões em todo o estado e R$ 255,9 milhões na Grande BH, entre manutenção e novas intervenções no sistema, como o aumento de 19% em todo o estado e em 22% na Regional Centro da quantidade de equipamentos que permitem o controle da rede elétrica por meio da telegestão. Outra inovação de destaque é implantação da subestação BH Centro 2, que vai ampliar a oferta para usuários da região central de BH.
MAIS TEMPO SEM LUZ Apesar das cifras investidas, uma das informações fornecidas pela Cemig durante lançamento do plano de chuvas é que, pelo segundo ano seguido, aumentou o período médio em que os consumidores da companhia ficam sem energia, seja por motivos programados ou acidentais. A Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) saiu de 4,71 de janeiro a agosto de 2017 para 4,76 no mesmo período de 2018. O superintendente Carlos Augusto Reis de Oliveira disse que esse aumento foi puxado por paradas programadas para gerar melhorias na rede e não pelos acidentes. “Foi um investimento na redução desse tempo no futuro”, afirma. Oliveira garante que, mesmo com o aumento, a companhia respeita os limites estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
ACIONAMENTO O superintendente ainda garantiu que o consumidor que estiver sem luz não precisa utilizar apenas o telefone 116 para comunicar o problema. A Cemig disponibiliza o serviço de SMS, por meio de torpedo com a palavra luz para o número 29810, o aplicativo Cemig Atende, que está disponível nas lojas de apps dos smartphones, o site da companhia e também as redes sociais, como Twitter e Facebook. “Garanto para vocês que o registro em nossos canais digitais tem valor igual ao de ir a uma agência ou ligar para o nosso call center”, afirma.
Previsão vai mobilizar equipes
O que vai determinar a mobilização extra de funcionários anunciada pela Cemig nos períodos mais críticos de temporais e tempestades, segundo o superintendente de Relacionamento Comercial da empresa, Carlos Augusto Reis de Oliveira, são as informações recebidas do setor de meteorologia da companhia. Avisos de tempestades serão suficientes para a organização das equipes, segundo ele. O meteorologista Arthur Chaves explicou que a tendência para esse período chuvoso é que BH fique dentro da média histórica do que normalmente chove na cidade, mas não é possível prever os temporais de maneira antecipada. “As tempestades se formam mais em curto prazo. Esse evento é previsto, na melhor das hipóteses, com 24 ou 48 horas de antecedência”, afirma.