A reitoria e a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgaram notas repudiando as manifestações preconceituosas no ambiente da universidade. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) prepara para esta sexta-feira e sábado manifestações contra o que chamam de “violência fascista”.
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Segundo a direção universidade, as pichações já foram apagadas. Entretanto, tendo em vista que os banheiros são públicos, frequentados por alunos, professores, funcionários, e outras pessoas que passam no local, a UFJF alegou “grande dificuldade de monitorar” o espaço e descobrir os autores.
A direção da Faculdade de Direito da UFJF também divulgou uma “nota em defesa dos direitos fundamentais”, repudiando as pichações. A faculdade enfatiza que “lamenta profundamente as inúmeras manifestações de violência e de discriminação que vêm ocorrendo no nosso país, em clara ameaça à proteção dos direitos fundamentais e dos valores democráticos, especialmente a liberdade de expressão e a proteção da vida e da dignidade humana”.
“Nossa faculdade respeita a diversidade, considerando-a um valor a ser preservado numa sociedade democrática, e não aceitará qualquer forma de discriminação ou de violência”, ainda diz a mensagem.
Diretório Central dos Estudantes
Embora as pichações não tenham sido confirmadas e ainda não foi aberta investigação para descobrir a autoria, a coordenadora de Assistência Estudantil do DCE de Juiz de Fora, Raquel Fett, atribui as frases homofóbicas a eleitores do candidato Jair Bolsonaro. Para isso, lembra que junto aos ataques foi escrito “Bolsomito 2018”. Ela ainda considera que, embora não existem elementos que liguem os dois fatos, o atentado contra o presidenciável em Juiz de Fora pode ter favorecido para que ocorresse as pichações registradas nos banheiros da Universidade.
“Acho que o episódio (do esfaqueamento do candidato do PSL) acirrou o clima de violência”, declarou a representante da entidade estudantil. Por outro lado, ela entende que não existem motivos para que apoiadores de Bolsonaro pratiquem atos contra estudantes e outras pessoas da UFJF com tendências de serem contrários ao deputado e capitão reformado devido ao atentado que ele sofreu em Juiz de Fora. “Pois o Adélio não tem relação com a gente e com a universidade”, salientou a coordenadora, lembrando que, na ocasião que Bolsonaro foi esfaqueado, o DCE da UFJF divulgou uma nota de repúdio contra o ataque. “Somos contra qualquer tipo de violência”, ressaltou.
Raquel Fett ainda salienta que, embora, durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro tenha tenha dito que rejeita votos de eleitores que praticam atitudes violentas, em diversas ocasiões anteriores, o deputado do PSL fez declarações contra gays e outras minorias. “Por isso, agora, os eleitores dele tendem a cometer atitudes homofóbicas. É como se elas tivessem sido legitimadas a praticar atos de violência contra pessoas da comunidade LGBTI”, afirma.
A reportagem do Estado de Minas tentou, nesta quinta-feira, mas não conseguiu contato com nenhum integrante da coordenação da campanha do candidato de Jair Bolsonaro em Juiz de Fora para comentar o caso.
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