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Estado de Minas

Implantação das 'motolâncias' em BH depende de verba e de regulamentação de lei

Secretário de Saúde de Belo Horizonte diz que não há data específica para início de atendimentos do Samu com motos e que será necessária uma etapa de treinamentos antes da novidade ganhar as ruas


postado em 19/10/2018 06:00 / atualizado em 19/10/2018 07:49

No Distrito Federal a frota do Samu já conta com motocicletas(foto: Reprodução da Internet/www.samu192df.com.br)
No Distrito Federal a frota do Samu já conta com motocicletas (foto: Reprodução da Internet/www.samu192df.com.br)
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Belo Horizonte terá mudanças na frota para garantir mais agilidade no atendimento. Foi publicada ontem, no Diário Oficial do Município (DOM), a Lei 11.113, que institui o Programa Motos que Salvam. Assim como ocorre em outras cidades brasileiras, o Samu terá atendimento com motocicletas. No entanto, ainda não há previsão de quando as “motolâncias”, como serão chamadas, vão ganhar as ruas. Isso porque a prefeitura ainda precisa de recursos financeiros para a implantação. Nas palavras do secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, “só Deus sabe” quando. Além disso, será necessário muito treinamento para evitar que as equipes se transformem em vítimas de trânsito, observou o secretário. De janeiro a agosto de 2018, o Samu fez 74.609 atendimentos em BH.

Entre os objetivos estão atender intervenções em locais de difícil acesso às ambulâncias, seja por características geográficas, condições da malha viária, entre outras. As motocicletas também vão dar prioridade a intervenções nos acionamentos das Unidades de Suporte Avançado de Vida (USAs), “devendo ser envidados esforços, por parte das centrais de regulação, para efetuar o despacho imediato da motocicleta como forma de assegurar a chegada do socorro no menor tempo de resposta possível, preservando-se a segurança do condutor da motocicleta”, diz o texto da nova regra, sancionada pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS).

As motocicletas vão também prestar apoio em casos em que mais de um profissional seja necessário para o socorro, em intervenções de suporte avançado de vida e em outros casos para os quais o médico regulador avalie que o veículo menor possa beneficiar o atendimento.

A nova lei ainda será regulamentada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) seguindo as regras do Ministério da Saúde. “O projeto está em fase de elaboração pela Secretaria Municipal de Saúde e a implantação depende de recursos financeiros e treinamento dos profissionais”, informou a pasta do Executivo da capital, por meio de nota.

“Isso existe no mundo todo e é muito desejável que aconteça. O único receio que a gente tem aqui é que, com um trânsito ainda caótico, o socorrista se transforme em socorrido”, comentou o secretário municipal de Saúde. O balanço de atendimentos de acidentes de trânsito do próprio Samu dá a dimensão do risco a que o secretário se refere. Mais da metade dos 12.015 casos atendidos nessa área até setembro deste ano envolveram motocicletas. O número chegou a 6.749. A mesma relação é observada nos anos anteriores (veja quadro).

Jackson Pinto falou sobre a nova lei durante coletiva de imprensa sobre o plano de carreira dos agentes de saúde da capital. “Esse pessoal tem que ser muito bem treinado, o que obviamente não exclui a necessidade de a ambulância do Samu chegar ao local de atendimento. Mas o socorro seria feito com muito mais agilidade em uma motocicleta”, disse. Questionado sobre quando o uso de motocicletas será implementado, ele foi enfático: “Quando os recursos chegarem. Só Deus sabe e desconfio que Ele não quer contar para nós”, pontuou.

HISTÓRICO Na justificativa do projeto que deu origem à lei, o vereador Doorgal Andrada (PSD) disse que o aumento do número de veículos em BH dificulta o deslocamento das ambulâncias, o que resulta em demora no atendimento. “Assim, a presente proposição visa, com a criação da equipe de apoio motorizada do Samu, enviar profissionais mais rapidamente para situações de risco, ajudando a salvar vidas, bem como auxiliar as ambulâncias no deslocamento para as ocorrências”, escreveu o vereador. “A ideia central é evitar que as ambulâncias deixem de atender às urgências em tempo hábil pela dificuldade de deslocamento pelas ruas da cidade, bem como levar atendimento médico de forma mais célere às ocorrências.”

De acordo com a Secretaria de Saúde, o tempo médio de resposta do Samu é estimado em 12 minutos quando os veículos estão liberados. Atualmente, a capital conta com 29 ambulâncias, sendo 22 unidades de Suporte Básico (USB) e sete unidades de Suporte Avançado (USA). O serviço conta com 750 profissionais entre médicos, enfermeiros, técnicos e motoristas dos veículos de emergência.

Vigia por rede social


Com o fim do contrato firmado com empresa de segurança privada para a proteção dos postos de saúde, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) está contando com grupos de WhatsApp para garantir a integridade dos locais de atendimento médico. De acordo com a Secretaria de Saúde, embora o contrato tenha sido encerrado na semana passada, a empresa manterá o serviço de vigilância eletrônica durante 90 dias – prazo necessário para a realização de uma nova concorrência pública, que já foi iniciada.

O grupo de WhatsApp inclui a Guarda Municipal (GM), Secretaria de Saúde, gestores de todos os centros de saúde e uma rede de vizinhos. “A gente consegue ter um monitoramento em tempo real do que acontece na cidade toda”, assegurou o secretário de Saúde, Jackson Machado. “O contrato venceu, mas isso não desobriga a manutenção dos alarmes enquanto um novo contrato não é firmado. Enquanto isso estamos seguros”, ponderou o secretário. Em caso de intercorrência, o grupo é avisado e a GM acionada.

A cada mês são registradas em média 50 ocorrências nas unidades de atendimento médico, que vão de agressões verbais e físicas contra funcionários a ameaças de morte e roubos a servidores e pacientes. O prefeito Alexandre Kalil (PHS) lamentou ontem os números, mas reafirmou que não há como aumentar o efetivo de seguranças para os locais. “Vocês vão denunciar todos os dias e eu não vou trocar médico por soldado em porta de posto de saúde. O que posso fazer é fechar posto”, afirmou Kalil, durante solenidade de sanção de lei sobre o plano de carreira de agentes de saúde na capital, envolvendo 3,8 mil profissionais, que terão acréscimo médio de 18% nos salários.

Kalil disse ainda que hoje o município gasta mais com a área de saúde do que o governo estadual e uma ação entre as secretarias de Segurança e Saúde prevê a destinação de mais 40 motocicletas dentro do programa Patrulha SUS. O sistema já foi implementado nos postos do Barreiro e das regiões Oeste e Noroeste de BH, com redução de 60% das ocorrência. Até meados de 2019, a estimativa é que o serviço com duplas de GMs para fazer a segurança exclusiva dos postos esteja funcionando em todas as regionais da capital.


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