Jornal Estado de Minas

Policiais de SP envolvidos em tiroteio em Juiz de Fora são presos na Nelson Hungria



A Justiça mineira decretou a prisão preventiva de dois delegados e dois investigadores de São Paulo envolvidos na troca de tiros que resultou na morte do policial civil mineiro Rodrigo Francisco, de 39 anos, na sexta-feira, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) confirmou, no fim da manhã desta  segunda-feira, que os quatro deram entrada hoje no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH. 

As prisões em flagrante foram convertidas para preventivas neste domingo em uma audiência de custódia realizada no município pelo juiz Paulo Tristão Machado Júnior. Na prática, enquanto o prazo para a prisão temporária é de cinco dias, a preventiva não estipula um período para que os investigados sejam soltos. O juiz também converteu para preventivas as prisões dos dois homens que foram baleados e estavam internados no Hospital Monte Sinai, um deles em estado grave. 

A linha de investigação da equipe da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária de Juiz de Fora é de que os policiais davam cobertura a uma transação possivelmente ilegal entre dois empresários marcada para ocorrer no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai. 

As informações já obtidas dão conta de que os policiais faziam a escolta de um empresário que vinha de São Paulo para Juiz de Fora com uma quantidade de dólares para realizar a troca da moeda no município. O negócio deu errado, aparentemente, quando se descobriu que parte das cédulas em real que seriam usadas na troca pelo dólar eram falsas. 

Quando o tiroteio começou, o empresário que estava com os dólares conseguiu fugir, mas quase R$ 15 milhões em cédulas de R$ 100, a maioria falsificada, foram apreendidos. Ele teria pegado um táxi-aéreo de Juiz de Fora para São Paulo. Autuado por tentativa de estelionato, ele é procurado pela polícia. 

Os quatro policiais paulistas que estão presos foram autuados por lavagem de dinheiro e podem ser implicados pela morte do policial. Outros cinco policiais daquele estado foram ouvidos e liberados, mas a conduta deles ainda é investigada.
Parte do grupo foi enquadrada no crime de lavagem de dinheiro e parte foi liberada. Fonte ligada aos primeiros trabalhos de apuração explicou ao em.com.br que o enquadramento em lavagem de dinheiro é explicado pelo fato de os policiais paulistas estarem protegendo uma negociação que tinha vários elementos indicativos de ser fruto de algum tipo de crime. 

Três policiais mineiros foram indiciados por prevaricação, por terem conhecimento da operação ilegal e não tomarem medidas, mas podem responder por outros crimes, pois também continuam sendo investigados. 

Na noite deste sábado a Polícia Civil de Juiz de Fora chegou a confirmar a morte de uma segunda pessoa ferida gravemente no tiroteio, mas a informação foi corrigida. De acordo com a assessoria de imprensa do Hospital Monte Sinai, um homem de 42 anos, dono de uma empresa de segurança contratado por um dos empresários, segue internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Irmão de um policial paulista, ele é suspeito de ter disparado o tiro que matou o policial mineiro.

A outra vítima, o homem de 66 anos que levou um tiro pé, passou por cirurgia e recebeu alta na noite desse domingo. A assessoria de imprensa do Hospital Monte Sinai informou que ele ficou sob responsabilidade do sistema prisional. Ele é apontado como dono do dinheiro falso e vai responder pelo crime de estelionato tentado.

O corpo do policial Francisco foi sepultado no fim da tarde de sábado, no Cemitério Municipal de Juiz de Fora. Ele deixou a mulher e uma filha de 5 anos.

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