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Estado de Minas

Empresário envolvido em tiroteio em Juiz de Fora nega que carregava dólares

Em depoimento, o empresário Flávio de Souza Guimarães também afirmou que ''foi (a Juiz de Fora) negociar empréstimos para sua empresa'', segundo a Secretaria da Segurança Pública do Governo do Estado de São Paulo (SSP)


postado em 22/10/2018 21:37 / atualizado em 22/10/2018 21:44

Empresário afirmou que sempre contratava os serviços da empresa de segurança para fazer sua escolta, segundo a SSP(foto: Fernando Priamo/Tribuna de Minas)
Empresário afirmou que sempre contratava os serviços da empresa de segurança para fazer sua escolta, segundo a SSP (foto: Fernando Priamo/Tribuna de Minas)


O empresário Flávio de Souza Guimarães concedeu depoimento à Corregedoria de Polícia Civil de São Paulo na noite desta segunda-feira (22) e negou que portava dólares para realizar operação financeira em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Na cidade mineira, uma troca de tiros entre policiais civis mineiros e paulistas terminou com um oficial mineiro morto e outras duas pessoas feridas.


Em seu depoimento, a Secretaria da Segurança Pública do Governo do Estado de São Paulo (SSP) pontuou que Flávio afirmou, ainda, que foi negociar empréstimos para sua empresa em Juiz de Fora. Dessa maneira, na versão do empresário, não haveria troca de dólares e reais entre as partes.


Quanto à escolta, a nota da SSP diz que o empresário ressaltou que sempre contratou os serviços da empresa de segurança de Jerônimo da Silva Leal Júnior, também presente ao tiroteio.


De acordo com a Secretaria de Segurança de São Paulo, o empresário se apresentou na tarde desta segunda-feira acompanhado de um advogado. Ele prestou depoimento para policiais da corregedoria, que apuram a conduta administrativa dos policiais paulistas.

Além disso,
ele seria questionado, via carta precatória, para o inquérito criminal aberto pela Polícia Civil de Minas Gerais. Contudo, a corporação mineira não enviou o documento, segundo a pasta paulista. A SSP ainda destacou que “continua em contato constante com a Polícia Judiciária de Minas Gerais para auxiliar nos trabalhos realizados em Juiz de Fora”.


Na noite de domingo, a Justiça mineira decretou a prisão preventiva de dois delegados e dois investigadores de São Paulo envolvidos na troca de tiros que resultou na morte do policial civil mineiro Rodrigo Francisco, de 39 anos. Na manhã desta segunda-feira, os quatro foram transferidos para o Complexo Penitenciário Nelson Hungria.

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança de São Paulo informou que delegados da Corregedoria da Polícia Civil e do Departamento de Polícia Judiciária da Capital paulista apuram as circunstâncias do caso. Eles verificam o que os agentes faziam na cidade fora do horário de trabalho. “Comprovados desvios de conduta, os policiais envolvidos responderão administrativa e criminalmente, de acordo com os atos praticados por cada um”, completou.


Investigação


A linha de investigação da equipe da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária de Juiz de Fora é de que os policiais davam cobertura a uma transação possivelmente ilegal entre dois empresários marcada para ocorrer no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai. As informações já obtidas dão conta de que os policiais faziam a escolta de um empresário que vinha de São Paulo para Juiz de Fora com uma quantidade de dólares para realizar a troca da moeda no município. O negócio deu errado, aparentemente, quando se descobriu que parte das cédulas em real que seriam usadas na troca pelo dólar eram falsas.



Quando o tiroteio começou, o empresário que estava com os dólares conseguiu fugir, mas quase R$ 15 milhões em cédulas de R$ 100, a maioria falsificada, foram apreendidos. Ele teria pegado um táxi-aéreo de Juiz de Fora para São Paulo. Autuado por tentativa de estelionato, ele é procurado pela polícia.


Os quatro policiais paulistas que estão presos foram autuados por lavagem de dinheiro e podem ser implicados pela morte do policial. Outros cinco policiais daquele estado foram ouvidos e liberados, mas a conduta deles ainda é investigada. Parte do grupo foi enquadrada no crime de lavagem de dinheiro e parte foi liberada. Fonte ligada aos primeiros trabalhos de apuração explicou ao em.com.br que o enquadramento em lavagem de dinheiro é explicado pelo fato de os policiais paulistas estarem protegendo uma negociação que tinha vários elementos indicativos de ser fruto de algum tipo de crime.


Três policiais mineiros foram indiciados por prevaricação, por terem conhecimento da operação ilegal e não tomarem medidas, mas podem responder por outros crimes, pois também continuam sendo investigados.


Na noite deste sábado a Polícia Civil de Juiz de Fora chegou a confirmar a morte de uma segunda pessoa ferida gravemente no tiroteio, mas a informação foi corrigida. De acordo com a assessoria de imprensa do Hospital Monte Sinai, um homem de 42 anos, dono de uma empresa de segurança contratado por um dos empresários, segue internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Irmão de um policial paulista, ele é suspeito de ter disparado o tiro que matou o policial mineiro.


A outra vítima, o homem de 66 anos que levou um tiro pé, passou por cirurgia e recebeu alta na noite desse domingo. A assessoria de imprensa do Hospital Monte Sinai informou que ele ficou sob responsabilidade do sistema prisional. Ele é apontado como dono do dinheiro falso e vai responder pelo crime de estelionato tentado.


O corpo do policial Francisco foi sepultado no fim da tarde de sábado, no Cemitério Municipal de Juiz de Fora. Ele deixou a mulher e uma filha de 5 anos.


 


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