As secretarias de Segurança de Minas Gerais e de São Paulo investigam conjuntamente o caso da troca de tiros entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo, que terminou com a morte de um agente mineiro em Juiz de Fora, na Zona da Mata, na sexta-feira. O secretário de Segurança Pública de Minas, Sérgio Barbosa Menezes, cogitou a abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF), devido à apreensão de R$ 15 milhões em notas falsas na cena do tiroteio. A suspeita é de que os dois grupos tenham se encontrado para uma transação de troca de reais por dólares entre empresários dos dois estados. Em depoimento ontem, entretanto, empresário paulista envolvido no caso negou o suposto câmbio.
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“Tenho conversado com o secretário de São Paulo. As instituições estão trabalhando de forma integrada.
Na tarde de ontem, além de afirmar que não portava dólares quando foi a Juiz de Fora, o empresário de São Paulo Flávio de Souza Guimarães, que estava envolvido na transação e fugiu da cena do tiroteio de táxi-aéreo, disse à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo que foi a Juiz de Fora negociar empréstimos para sua empresa. Com relação à escolta, alegou que contratava os serviços da empresa de segurança de Jerônimo da Silva Leal Júnior rotineiramente, dando a entender que não sabia que havia policiais na escolta.
Irmão de policial, Jerônimo Silva também estava no local do tiroteio, onde foi ferido, e é o suspeito de ter feito o disparo que provocou a morte do agente mineiro. Ele está internado em Juiz Fora e, de acordo com a assessoria de imprensa do Hospital Monte Sinai, Silva recebia ontem tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da instituição. O estado de saúde dele é grave.
O depoimento do empresário Flávio Guimarães será usado tanto no inquérito que apura a conduta administrativa dos policiais paulistas — impedidos de fazer “bico” por lei –, quanto na investigação criminal aberta pela Polícia Civil de Minas. Ele seria ouvido por meio de carta precatória, mas até o início da noite de ontem o documento não havia chegado à corregedoria paulista.
Mágino Alves, secretário de Segurança de São Paulo, afirmou que a apuração da corregedoria vai além do fato de os agentes estarem fazendo trabalho extraoficial. “Todos nós assistimos à grande quantidade de dinheiro que estava sendo transportada. Isso não permite dizer que era só um trabalho de acompanhamento, de escolta. Era um trabalho de co-autoria com o crime que estava sendo cometido pelo particular”, declarou.
Os quatro policiais paulistas tiveram a prisão preventiva decretada na noite de domingo. Eles foram autuados por lavagem de dinheiro e podem ser implicados na morte do policial mineiro. Outros cinco agentes daquele estado foram ouvidos e liberados, mas a conduta deles ainda é investigada.
Três policiais mineiros que estavam na cena do tiroteio foram indiciados por prevaricação, por terem conhecimento da operação ilegal e não tomarem medidas, mas podem responder por outros crimes, pois também continuam sendo investigados. Eles não foram presos e se comprometeram a comparecer a audiência marcado para novembro.
ESCOLTA A linha de apuração da equipe da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária de Juiz de Fora é de que os policiais davam cobertura a uma transação possivelmente ilegal entre os dois empresários, marcada para ocorrer no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai. As informações já obtidas pelos investigadores dão conta de que os policiais faziam a escolta de Flávio Guimarães entre São Paulo e Juiz de Fora com uma quantidade de dólares, para realizar a troca da moeda no município mineiro. O negócio deu errado, aparentemente, quando se descobriu que parte das cédulas em real que seriam usadas na transação era falsa.
O que já sabemos sobre o caso
» Em 19 de outubro, houve tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo, no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
» Na troca de tiros, o policial civil de Minas Rodrigo Francisco, de 39 anos, morreu. Duas pessoas ficaram feridas. Um deles, Jerônimo Silva, é dono de empresa de segurança particular que acompanhava o grupo de São Paulo e irmão de um dos policiais paulistas. Ele segue internado.
» O confronto ocorreu em meio a uma transação suspeita entre Vilela e Flávio Guimarães, empresário de São Paulo. As apurações dos investigadores indicam que policiais de Minas Gerais estavam apoiando o empresário mineiro, enquanto os de São Paulo garantiam a segurança do empresário paulista
» Até o momento, a investigação aponta que o tiro que matou o policial saiu da arma de um segurança particular que acompanhava o grupo do empresário paulista com oito policiais do estado vizinho, incluindo dois delegados
» Quatro policiais paulistas, sendo dois delegados e dois investigadores, foram autuados por lavagem de dinheiro. As prisões em flagrante foram convertidas para preventivas em uma audiência de custódia. Todos foram transferidos para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem
» Três policiais de Minas foram autuados por prevaricação e liberados depois de assinar termo em que se comprometem a comparecer a audiência em novembro
» Os dois homens que foram baleados na troca de tiros também tiveram as prisões preventivas decretadas
» Do mesmo grupo de São Paulo, outros cinco policiais foram ouvidos e liberados.
» O empresário Flávio Guimarães fugiu da cena e se apresentou ontem em São Paulo. Ele negou que estivesse transportando dólares e disse que estaria no local para tomar empréstimo. Indicou ainda que não sabia que havia policiais na escolta
» O empresário de Juiz de Fora que participaria do negócio, Antônio Vilela, foi baleado no pé. Ele recebeu alta na noite de domingo e ficou a cargo do sistema prisional
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