A defesa do empresário Jerônimo da Silva Leal Júnior, dono de uma empresa de segurança, que teria sido contratada para fazer a escolta para a transação que terminou em tiroteio entre policiais em Juiz de Fora, na Região da Zona da Mata, entrou com um pedido de habeas corpus para liberá-lo. Ele está internado em um hospital da cidade e já tem um mandado de prisão em aberto. O pedido dos advogados está sendo analisado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Outra solicitação é que ele seja transferido do Hospital Monte Sinai para uma unidade de saúde de São Paulo.
A troca de tiros entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo aconteceu na última sexta-feira e terminou com a morte de um agente mineiro. A linha de apuração da equipe da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária de Juiz de Fora é de que os policiais davam cobertura a uma transação possivelmente ilegal entre os dois empresários, marcada para ocorrer no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai.
As informações já obtidas pelos investigadores dão conta de que os policiais faziam a escolta de Flávio Guimarães entre São Paulo e Juiz de Fora com uma quantidade de dólares, para realizar a troca da moeda no município mineiro. O negócio deu errado, aparentemente, quando se descobriu que parte das cédulas em real que seriam usadas na transação era falsa.
Em depoimento, o empresário Flávio Guimarães disse à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo que foi a Juiz de Fora negociar empréstimos para sua empresa. Com relação à escolta, alegou que contratava os serviços da empresa de segurança de Jerônimo rotineiramente, dando a entender que não sabia que havia policiais na escolta. Jerônimo acabou baleado e segue internado em estado grave no Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora.
Grande investigação
Cresce a mobilização para investigar a troca de tiros entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo. Além de envolvimento das secretarias de Segurança dos dois estados, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) designou uma equipe para acompanhar as apurações. O ouvidor da Polícia Civil paulista reforçou o pedido para que a Polícia Federal (PF) acompanhe o caso, argumentando que há um grande número de crimes em investigação e que eles envolvem duas unidades da Federação. Os levantamentos já realizados indicam que os policiais podem fazer parte de uma organização criminosa.O que já sabemos sobre o caso
» Em 19 de outubro, houve tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo, no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
» Na troca de tiros, o policial civil de Minas Rodrigo Francisco, de 39 anos, morreu. Duas pessoas ficaram feridas. Um deles, Jerônimo Silva, é dono de empresa de segurança particular que acompanhava o grupo de São Paulo e irmão de um dos policiais paulistas. Ele segue internado. O outro paciente, Antônio Vilela, empresário de Juiz de Fora que estaria transportando R$ 15 milhões em notas falsas, recebeu alta e foi preso
» O confronto ocorreu em meio a uma transação suspeita entre Vilela e Flávio Guimarães, empresário de São Paulo. As apurações dos investigadores indicam que policiais de Minas Gerais estavam apoiando o empresário mineiro, enquanto os de São Paulo garantiam a segurança do empresário paulista
» Até o momento, a investigação aponta que o tiro que matou o policial saiu da arma de um segurança particular que acompanhava o grupo do empresário paulista com oito policiais do estado vizinho, incluindo dois delegados
» Quatro policiais paulistas, sendo dois delegados e dois investigadores, foram autuados por lavagem de dinheiro. As prisões em flagrante foram convertidas para preventivas em uma audiência de custódia. Todos foram transferidos para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem
» Três policiais de Minas foram autuados por prevaricação e liberados depois de assinar termo em que se comprometem a comparecer a audiência em novembro
» Os dois homens que foram baleados na troca de tiros também tiveram as prisões preventivas decretadas
» Do mesmo grupo de São Paulo, outros cinco policiais foram ouvidos e liberados.
» O empresário Flávio Guimarães fugiu da cena e se apresentou ontem em São Paulo. Ele negou que estivesse transportando dólares e disse que estaria no local para tomar empréstimo. Indicou ainda que não sabia que havia policiais na escolta
» O empresário de Juiz de Fora que participaria do negócio, Antônio Vilela, foi baleado no pé. Ele recebeu alta na noite de domingo e ficou a cargo do sistema prisional
» Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) designou uma equipe para acompanhar as apurações. Dois promotores de Juiz de Fora e outros três ligados ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO)
» a Ouvidoria de Polícia de São Paulo enviou ofícios para a superintendência da Polícia Federal (PF) do estado e para o Ministro de Segurança, Raul Jungman, para que a PF acompanhe o caso