Cinco veículos destruídos, nove casas danificadas e uma escora improvisada para estabilizar uma das moradias, que foi atingida em cheio. Esse foi o rastro deixado por um caminhão desgovernado que desceu uma rua do Bairro Olhos D’água, nos limites entre as regiões Oeste e Barreiro, em Belo Horizonte, no fim da madrugada de ontem, e por pouco não causou uma tragédia. Depois de deixar um rastro de destruição pela via que é marginal à BR-356, o veículo pesado parou praticamente dentro de uma das casas danificadas. A causa mais provável, que ainda precisa ser confirmada por perícia da Polícia Civil, foi a falta de freios do caminhão, fabricado em 1993. Com 25 anos de rodagem, o veículo se enquadra em uma faixa que engloba quase 16% da frota de BH. São mais de 319 mil carros, caminhões, ônibus, motos e outros com 21 anos ou mais, que para especialistas demandam atenção frequente com a manutenção, para evitar problemas como o de ontem. Dados do Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG) mostram que a idade média dos caminhões registrados na capital mineira é de 17 anos, contra 10 anos quando são considerados todos os tipos de veículos.
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Quem também levou um susto quando dormia foi o empresário Valmir Ferreira, de 41, morador da casa atingida em cheio pelo caminhão, onde o veículo pesado parou depois de danificar outros oito imóveis. Dois dos cinco veículos destruídos estavam na garagem de sua casa. “Foi um estrondo muito grande.
O tenente Sérgio Magalhães, dos bombeiros, disse que os primeiros levantamentos da perícia no local apontaram que houve perda de freios. “De acordo com o pessoal da Polícia Civil, aparentemente ocorreu de fato a perda de freio, por causa do sobreaquecimento da lona, que veio a se soltar do veículo”, informou. O militar destacou a necessidade de se intensificarem os cuidados de manutenção, a partir do momento em que os veículos vão ficando mais velhos. “Depois dos cinco anos de uso, todo veículo merece uma certa recorrência na verificação do sistema de freios e de locomoção em geral”, aconselhou o militar.
Dados do Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG) mostram que 15,98% da frota de Belo Horizonte tem 21 anos ou mais de fabricação, o que totaliza mais de 319 mil veículos fabricados em 1997 ou antes.
Conforme o registro do cavalo mecânico Scania/113H, que puxava uma carroceria carregada com areia e brita para uma concreteira na região onde houve a batida, o veículo foi fabricado em 1993. Para o supervisor de Manutenção de Frota de uma empresa privada de locações de caminhões em Belo Horizonte, Julio Faria, a lona de freio de veículos de carga é projetada para durar entre 20 mil e 30 mil quilômetros. “A recomendação é para vistoria das lonas a cada 5 mil quilômetros, ou até menos, de acordo com o perfil da atividade, para observar como está a situação. Pelo lado interno da roda é possível observar até que ponto o sistema freia com segurança. A partir desse ponto, está na hora da manutenção”, diz ele. Faria diz que no caso de veículos mais velhos, o ideal é aumentar a frequência dessas vistorias, para manter sob controle a situação dos freios e não ser pego de surpresa pelos acidentes.
SEM FREIO Problemas com os freios são frequentemente apontados por caminhoneiros como causas de acidentes graves em Belo Horizonte, especialmente em vias como o Anel Rodoviário. Segundo a Via 040, responsável pelo trecho da rodovia que vai do Bairro Califórnia (Noroeste de BH) ao Olhos D’Água, irregularidades no sistema de frenagem são das mais sérias identificadas nas 13 edições da Operação Carga Pesada, realizadas em conjunto com a Polícia Militar Rodoviária de dezembro de 2017 até semana passada. No total, foram fiscalizados 634 veículos e lavradas pelos policiais 440 autuações no período, por problemas diversos de manutenção, que incluem pneus carecas e para-brisas trincados.
Há uma semana, um caminhão carregado de areia perdeu o controle e atravessou a mureta que divide as mãos opostas do Anel, na altura do Bairro Caiçara, Noroeste da capital.
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