Aos poucos, detalhes do tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo em Juiz de Fora, na Zona da Mata, na última sexta-feira, vão sendo revelados. A troca de tiros ocorreu durante uma negociação malsucedida e terminou na morte de um policial mineiro. Em depoimento a que o Estado de Minas teve acesso, o empresário Flávio de Souza Guimarães afirmou que pagou R$ 30 mil na contratação da escolta em que havia nove policiais paulistas. Ele alegou que pegaria empréstimos com um empresário mineiro. Ontem, advogados de Jerônimo da Silva Leal Júnior, dono da empresa contratada para fazer a segurança de Flávio, entraram com um pedido de habeas corpus, que está sendo analisado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Jerônimo foi baleado e permanece internado no Hospital Monte Sinai. Ele está com a prisão preventiva decretada. Outra solicitação é que ele seja transferido do Hospital Monte Sinai para uma unidade de saúde de São Paulo.
Diante disso, segundo afirmou em depoimento, entrou em contato com Antônio Vilela, o empresário de Juiz de Fora que seria dono de malas com R$ 15 milhões em notas falsas apreendidas no local do tiroteio. Ainda de acordo com o depoimento, quem o atendeu foi outro homem, que afirmou ser funcionário de Vilela. Depois de negociações, foi marcado um encontro na cidade minera para seguir com as conversas, que envolveriam um empréstimo entre R$ 6 milhões e R$ 8 milhões.
O empresário disse ainda que era a primeira vez que realizava uma negociação daquela modalidade, por isso tinha preocupação com a segurança. Justificou a escolta ainda afirmando que havia notícias no mercado de que a região de Juiz de Fora é conhecida pela prática de golpes, inclusive contra executivos. Ainda segundo o empresário, diante dos temores ele entrou em contato com a empresa de Jerônimo, que já estaria acostumada a fazer segurança particular aos executivos quando viajavam. Segundo Flávio Guimarães, foram pagos R$ 30 mil pelo serviço. Eles disse que manteve contato apenas com Jerônimo e que não sabia que policiais civis faziam parte da escolta. Nove policiais civis paulistas participaram da “escolta vip”.
Quando já estava em Juiz de Fora, ele teria se encontrado no restaurante de um hotel com Antônio e o funcionário dele, segundo consta no inquérito. Horas mais tarde, teria sido levado até o estacionamento do prédio comercial onde a confusão foi registrada. Ainda no depoimento, Flávio Guimarães disse que o empresário mineiro o levou até um carro, um Etios, e abriu o porta-malas onde estavam algumas bolsas. Uma delas, com notas de R$ 100 teria sido aberta. De acordo com o empresário, ele recusou a transação, sob o argumento de que não fora “aquele o combinado contratualmente”. Ele teria saído do local e, junto com sócios que estavam no hotel, voltado para São Paulo. Disse, ainda, que só ficou sabendo da troca de tiros quando já estava na capital paulista.
A troca de tiros entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo ocorreu na sexta-feira e terminou com a morte de um agente mineiro. A linha de apuração da equipe da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária de Juiz de Fora é de que os policiais davam cobertura a uma transação possivelmente ilegal entre os dois empresários, marcada para ocorrer no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai. As informações já obtidas pelos investigadores dão conta de que os policiais faziam a escolta de Flávio Guimarães entre São Paulo e Juiz de Fora com uma quantidade de dólares, para realizar a troca da moeda no município mineiro. O empresário nega a existência de dinheiro estrangeiro.