Termina hoje, à meia-noite, o prazo para que atingidos pelo rompimento da Barragem do Fundão e seus advogados ingressem na ação internacional proposta pelo escritório anglo-americano SPG Law. Os advogados estrangeiros e seus parceiros brasileiros estimam que as reparações possam superar 5 bilhões de libras (cerca de R$ 24 bilhões), a serem pagos pela BHP Billiton SPL, que ao lado da mineradora Vale controlam a Samarco, empresa responsável pela operação do represamento que ruiu em 5 de novembro de 2015. A ação será proposta em 1º de novembro nas cortes da Inglaterra e do País de Gales, como noticiou com exclusividade o Estado de Minas. Essa data-limite busca antecipar o prazo prescricional legal das indenizações, que, de acordo com a lei brasileira, é de três anos após o dano ter ocorrido. Nos últimos dias, os escritórios de advogados parceiros ao longo do Rio Doce, entre Mariana (MG) e Vitória, experimentaram intensa procura de pessoas buscando reparação. Por esse motivo, o prazo de adesão à causa, que se encerraria no dia 21 (último domingo), foi prorrogado para a hoje.
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Ação internacional pela tragédia de Mariana é alvo de onda de boatosAção internacional pela tragédia de Mariana amplia adesão para até sexta-feiraIgreja e indígenas devem aderir a ação internacional de reparação pela tragédia de MarianaAção internacional pela tragédia de Mariana tem 200 mil adesõesHomem é preso após se masturbar e assediar passageira em aviãoGolpe do falso emprego faz quase 50 vítimas na Grande BHEm Governador Valadares, por exemplo, onde se concentra o maior número de atingidos da bacia, estimado em 100 mil pessoas, os escritórios parceiros enfrentaram congestionamentos dignos de postos de saúde durante as mais intensas crises de febre amarela. Alguns estabelecimentos relataram até arrombamentos ante o desespero das pessoas em tentar aderir à causa internacional. Outro local onde as buscas foram muito intensas nos últimos dias é a cidade capixaba de Colatina. Isso, devido a atrasos na adesão das pessoas atingidas especificamente naquele município.
Pelo menos 100 mil pessoas devem aderir à causa, segundo expectativa do escritório anglo-americano.
O rompimento da Barragem do Fundão despejou cerca de 40 milhões de metros cúbicos de lama e de rejeitos de minério de ferro na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, atingindo também a costa brasileira. Nesse que é o pior desastre socioambiental do Brasil morreram 19 pessoas. Até hoje não foi encontrado o corpo de Edmirson José Pessoa, de 48, que trabalhava para a Samarco havia 19 anos quando ocorreu o desastre. Cerca de 500 mil pessoas foram atingidas.
AUXÍLIOS MANTIDOS A Fundação Renova afirma que os atingidos que aderirem às ações na Justiça não terão o auxílio financeiro cortado.
Tentativa de justiça rápida
A proximidade do prazo prescricional e a baixa quantidade de indenizações pagas ou nem sequer estimadas nas cortes nacionais referentes à tragédia de Mariana fizeram com que os advogados do SPG Law vissem a possibilidade de buscar uma forma de reparação mais justa e rápida. “Estive aqui há 2 anos e foi possível sentir em Bento Rodrigues e em outros locais atingidos como essa foi uma tragédia de destruição maciça. Foi impressionante ver a extensão dos prejuízos e muito triste constatar que essa dor é ainda mais agravada pela demora em se ter Justiça”, considera um dos sócios do escritório, o inglês Tom Goodhead.
O SPG Law, braço britânico do escritório norte-americano Sanders Phillips Grossman, é uma das firmas que mais conseguiram vereditos contra gigantes como a Volkswagen, Pfizer, Johnson and Johnson, o Departamento de Agricultura norte-americano, entre outros. Obteve indenizações de grande volume em ações coletivas que somaram mais de US$ 100 milhões contra indústrias farmacêuticas, US$ 1,2 bilhão contra o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, e ainda move um processo de 500 milhões de libras contra a companhia aérea British Airways, pelo vazamento de informações de 380 mil consumidores, e a Volkswagen, por ter teoricamente burlado as leis de emissões de gases da União Europeia na fabricação e venda de 1 milhão de unidades de veículos.
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