A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava a morte de Mara Cristina Ribeiro da Silva, de 21 anos, que estava grávida e teve a filha roubada do útero em João Pinheiro, Noroeste de Minas Gerais. Angelina Ferreira Rodrigues, de 40 anos, foi indiciada pela morte da jovem e outros dois crimes.
Angelina afirmou, em depoimento, que atraiu a vítima até a BR-040, onde a estrangulou com um fio de metal. Depois, retirou o bebê da barriga dela enquanto a vítima ainda estava viva, de acordo com informações da Polícia Civil. Ainda segundo a corporação, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou a causa da morte de Mara como anemia hemorrágica interna e externa, o que indica que ela estava mesmo viva quando a criança foi retirada do ventre. Não houve asfixia como causa.
O inquérito foi concluído na tarde de quinta-feira. De acordo com a Polícia Civil, o delegado Anderson Rosa da Silva, responsável pelas investigações indiciou Angelina por dar parto alheio como próprio, subtração de incapaz e homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, à traição e mediante emboscada para ocultação de outro crime. O marido de Angelina, Roberto Gomes de Souza, de 57 anos, chegou a ser preso mas não foi indiciado. Segundo a polícia, ficou indicado nos autos que ele realmente não teria participado do crime. O inquérito foi remetido à Justiça.
Mara desapareceu em 15 de outubro e o corpo dela foi encontrado no dia seguinte por pessoas que passavam em um matagal próximo ao Km 143 da BR-040, perto de um antigo posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As buscas foram intensificadas depois de Angelina ir a um hospital com uma recém-nascida, junto com o marido, dizendo que a filha era sua. Desconfiados, os funcionários da unidade de saúde acionaram a Polícia Militar (PM) e a mulher acabou confessando o crime.
Em depoimento, cujo teor foi divulgado pela Polícia Civil, Angelina deu detalhes do crime macabro. Ela confessou ter planejado toda a trama para retirar a criança de Mara. De acordo com relato da mulher, primeiro ela informou que atraiu a vítima para um matagal às margens da BR-040. Lá, ela atirou álcool contra o rosto da vítima e a estrangulou com um fio de metal. Ainda segundo a autora confessa, logo depois de enforcar a Mara, ela pendurou o corpo em uma árvore e fez o parto clandestino utilizando uma faca de cozinha. Conforme o depoimento de Angelina à polícia, a vítima ainda estava viva quando a criança foi retirada. As armas usadas no crime ainda estão sendo procuradas.
A mulher disse ainda que depois de assassinar Mara, ela chamou o marido e, junto com o recém-nascido, foi até o Hospital Municipal de João Pinheiro. Ela chegou à unidade de saúde na noite de segunda-feira. A PM foi acionada por funcionários que relatavam a entrada de uma paciente bastante agitada, com uma recém-nascida no colo, afirmando que acabara de dar à luz. Entretanto, de acordo com os funcionários da unidade de saúde, ela caminhava normalmente e se recusou a ser atendida por um médico obstetra, situação incomum em casos de parto.
Ao chegar ao hospital, policiais militares encontraram familiares em busca da vítima, que afirmaram que Mara estava grávida de oito meses e que a mulher que havia ido à instituição morava com ela desde sábado. Além disso, uma testemunha, que seria vizinha das duas mulheres, disse que por volta das 13h30 daquele dia viu Angelina saindo com Mara e sua outra filha de 1 ano. Com os indícios, Angelina acabou confessando o crime.
Angelina e Roberto tiveram a prisão decretada. A recém-nascida foi atendida no Hospital Municipal de João Pinheiro e transferida para o Hospital São Lucas, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, onde se recuperava de um corte na cabeça sofrido durante as agressões à mãe.
Em setembro, Angelina postou foto dela segurando sapatinhos de bebê junto à barriga de grávida e desejando boas-vindas à suposta filha. "Seija (sic) bem-vinda Emanuelley Vitória", escreveu no Facebook. (Com informações de João Henrique do Vale)