A Justiça negou, no início da noite dessa quinta-feira, o pedido de habeas corpus protocolado pela defesa dos quatro policiais civis de São Paulo presos após tiroteio no estacionamento de um hospital em Juiz de Fora, na Zona da Mata. O fato ocorreu no dia 19 de outubro e envolveu policiais e empresários de Minas Gerais e São Paulo, sendo que, no local, foram encontrados cerca de R$ 14 milhões em notas falsas.
No pedido, o advogado dos policiais paulistas nega a autoria dos clientes na suposta lavagem de dinheiro. De acordo com ele, os agentes, sendo dois delegados e dois investigadores, apenas faziam a segurança privada dos empresários Flávio Guimarães e Jerônimo Silva, além de advogados de São Paulo.
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Entretanto, o desembargador relator do caso, Júlio Cezar Gutierrez, refutou os argumentos do advogado dos policiais paulistas. Conforme o magistrado, a acusação sobre os envolvidos é grave, envolvendo “suposto negócio ilícito, com apreensão de aproximadamente R$14 milhões em notas falsas, culminando na morte de um policial civil e outros dois agentes feridos”. A decisão judicial não menciona a morte de Jerônimo da Silva Leal Júnior, dono da suposta empresa contratada para fazer a segurança do também empresário Flávio de Souza Guimarães.
Além disso, o desembargador destacou que a concessão dos habeas corpus aos suspeitos seria inviável, uma vez que “as investigações estão apenas no início, sendo necessária uma melhor elucidação dos fatos.” O magistrado ainda ressalta a existência de indícios que comprovariam o envolvimento dos paulistas na morte do policial mineiro “e nas tentativas de homicídios, dentro da esfera da previsibilidade do resultado em razão da clandestinidade e ilegalidade da negociação.”
» Em 19 de outubro, houve tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo, no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
O que já sabemos sobre o caso
» Em 19 de outubro, houve tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo, no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
» Na troca de tiros, o policial civil de Minas Rodrigo Francisco, de 39 anos, morreu. Duas pessoas ficaram feridas. Um deles, Jerônimo Silva, que morreu ontem, depois de seis dias de internação, era dono de empresa de segurança particular que acompanhava o grupo de São Paulo e irmão de um dos policiais paulistas envolvidos no caso. O outro ferido, Antônio Vilela, empresário de Juiz de Fora que estaria transportando R$ 14 milhões em notas falsas, recebeu alta e foi preso
» O confronto ocorreu em meio a uma transação suspeita entre Vilela e Flávio Guimarães, empresário de São Paulo. As apurações dos investigadores indicam que policiais de Minas Gerais estavam apoiando o empresário mineiro, enquanto os de São Paulo garantiam a segurança do empresário paulista
» Até o momento, a investigação aponta que o tiro que matou o policial saiu da arma de um segurança particular que acompanhava o grupo do empresário paulista com nove policiais do estado vizinho, incluindo dois delegados
» Quatro policiais paulistas, sendo dois delegados e dois investigadores, foram autuados por lavagem de dinheiro. As prisões em flagrante foram convertidas para preventivas em uma audiência de custódia. Todos foram transferidos para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem
» Três policiais de Minas foram autuados por prevaricação e liberados depois de assinar termo em que se comprometem a comparecer a audiência em novembro
» Do mesmo grupo de São Paulo, outros cinco policiais foram ouvidos e liberados.
» O empresário Flávio Guimarães fugiu da cena e se apresentou na segunda-feira (dia 22) em São Paulo. Ele negou que estivesse transportando dólares e disse que estaria no local para tomar empréstimo. Indicou ainda que não sabia que havia policiais na escolta
» O empresário de Juiz de Fora que participaria do negócio, Antônio Vilela, foi baleado no pé. Ele recebeu alta na noite de domingo (dia 21) e ficou a cargo do sistema prisional
» Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) designou uma equipe para acompanhar as apurações. Dois promotores de Juiz de Fora e outros três ligados ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecco)
» A Ouvidoria de Polícia de São Paulo enviou ofícios para a superintendência da Polícia Federal (PF) do estado e para o Ministro de Segurança, Raul Jungman, para que a PF acompanhe o caso
» Ontem, a Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) assumiu as investigações policiais para apurar os crimes cometidos. Além disso, apura, em âmbito administrativo, a conduta dos policiais mineiros
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie