Depois de um ano de trabalho, a Prefeitura de Belo Horizonte concluiu o manejo para esterilização das capivaras que habitam a Lagoa da Pampulha, um dos principais cartões-postais da cidade. Restringir a reprodução desses animais, que são considerados hospedeiros primários da bactéria causadora da febre maculosa, traz duas situações para a população de BH. Primeiro, a prefeitura destaca que os moradores não estão livres da doença, já que existe circulação da bactéria comprovada e por isso é importante que a população tome alguns cuidados quando for visitar parques e áreas verdes da cidade. Segundo, a expectativa é que, com o controle da população e monitoramento contínuo para novos manejos caso seja comprovada a chegada de outras capivaras, o número de carrapatos contaminados ou não diminua, deixando a população mais protegida ao longo dos anos.
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Prefeitura termina manejo das capivaras da Lagoa da PampulhaPrefeitura começa nova fase do manejo das capivaras na orla da PampulhaMetade das capivaras que vivem na Lagoa da Pampulha foram esterilizadas, diz PBHFebre maculosa: UBS vai atender mais de 100 pessoas picadas por carrapatos em ContagemContagem investiga outras duas mortes por febre maculosaApós mortes em Contagem, PBH emite alerta de surto de febre maculosaChuva volta a aumentar a poluição na Lagoa da PampulhaLeonardo Maciel destaca que, no trabalho de esterilização das capivaras, também houve a aplicação de carrapaticidas de longo prazo, usados justamente para fazer a eliminação dos carrapatos de forma controlada e progressiva. “Se houvesse uma retirada abrupta das capivaras da lagoa, como ocorreu em outras cidades, poderia ocorrer uma dispersão de carrapatos, que é o que não acontece hoje”, afirma. Já existe uma renovação do contrato de manejo desses animais na cidade, o que significa que novas capivaras que aparecerem serão monitoradas e passarão pelos mesmos procedimentos de individualização e esterilização das demais.
Segundo o secretário de Meio Ambiente de BH, Mário Werneck, o objetivo é desenvolver uma política pública permanente de controle desses animais, para manter a população cada vez mais longe da febre maculosa e respeitando os bichos.
Diretor de Zoonoses da Prefeitura de BH, Eduardo Vieira Gusmão destaca que, uma que vez passado o período de transmissão da bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da maculosa, a capivara se torna imune pelos anticorpos que ela mesmo produz. “Então ela para de transmitir a bactéria para o carrapato”, afirma o diretor. O próximo passo é garantir o controle dos próprios carrapatos, a partir da diminuição de capivaras e também controle rigoroso em outros animais, como cavalos. Com isso, a expectativa é deixar a população cada vez mais segura contra a febre maculosa.
Cuide-se
O trabalho de manejo das capivaras é importante para a proteção contra a febre maculosa. Os animais servem de hospedeiros para o carrapato-estrela, transmissor da doença.
Cronologia do caso
O alerta para a necessidade de manejo dos animais na Pampulha foi ligado em 2011, quando, em Campinas (SP), quatro funcionários de um parque foram diagnosticados com febre maculosa. Mas foi em 2012, quando houve aumento significativo da população desses roedores na Pampulha, com a destruição dos jardins de Burle Marx, que a administração de BH começou a se mobilizar em torno do tema. Nesse momento teve início a discussão sobre a inviabilidade da convivência dos animais no espaço urbano.
2013
» A polêmica em torno das capivaras da Pampulha teve início em julho, depois que os animais começaram a atacar os jardins do paisagista Burle Marx, na orla da lagoa. O então vice-prefeito de BH, Délio Malheiros, propôs ao Ibama um plano de manejo para a retirada dos roedores
2014
» Empresa responsável pela captura dos animais só foi contratada em março. Somente depois de ajustes impostos pelo Ibama a PBH começou o isolamento, em setembro
» Em novembro, exames realizados nas capivaras capturadas detectaram a contaminação pelo causador da febre maculosa, o que acendeu o alerta entre moradores
2015
» Em março, denúncia de maus-tratos contra os animais que estavam isolados levou o MP a pedir a soltura dos roedores.
2016
» Após um ano de discussão, a Justiça Federal deferiu pedido do Ministério Público e determinou a soltura dos animais em 4 de março. Apenas 14 sobreviveram
» A morte de um garoto de 10 anos contaminado por febre maculosa reacendeu o alerta
» A pedido da Associação de Moradores do Bairro Bandeirantes, o desembargador federal Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, determinou que os animais fossem novamente isolados, mas não estipulou prazo
» Como a decisão não foi cumprida, em 11 de novembro o desembargador determinou que o isolamento ocorresse em cinco dias
» Prazo para isolamento das capivaras se encerrou em 24 de novembro
2017
» Em fevereiro, foi assinado termo de ajustamento de conduta (TAC) entre a Secretaria de Meio Ambiente e o Ministério Público, a fim de encerrar a controvérsia envolvendo as capivaras. Pelo acordo, a secretaria teria dois anos para fazer o controle dos animais e acabar com o problema.
» Em outubro, um homem de 42 anos, morador de Contagem, morreu por febre maculosa. Ele visitou a Pampulha antes de manifestar os sintomas. Diante da situação, o secretário Municipal de Meio Ambiente, Mário Werneck, anunciou que o início do manejo das capivaras ocorreria na mesma semana
» Alguns dias depois, técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente começaram a fazer o trabalho de dedetização da área externa, capina e limpeza de contêineres onde serão realizadas as cirurgias
» Em novembro, O Ibama deu sinal verde para os trabalhos de esterilização das capivaras que vivem no entorno da Lagoa da Pampulha.
2018
» Depois de atingir 50% do manejo no início do ano, em julho, a Prefeitura de Belo Horizonte começou uma nova fase do trabalho. Foram instalados três novos bretes para captura das 30 capivaras restantes do lado de fora do Parque Ecológico para que fossem esterilizadas.
» Ontem, a prefeitura anunciou que o manejo das capivaras que vivem na orla da Lagoa da Pampulha foi concluído. Mais de 50 animais foram esterilizados e nos próximos anos a área continuará sendo monitorada
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