Eles saíram cedo de casa para levar solidariedade, e à tarde mostravam com satisfação na pele do braço o “carimbo da vida”, cientes do dever cumprido e prontos para a próxima missão. Caravana formada por 20 pessoas de Ressaquinha, na Região Central de Minas Gerais, a 154 quilômetros de Belo Horizonte, passou ontem o dia na capital para doar sangue em nome da conterrânea Flávia Aparecida de Assis Araújo, de 38 anos, internada há 10 dias no Hospital Felício Rocho, no Bairro Barro Preto, Região Centro-Sul da capital. Casada com o analista de sistemas Carlos Henrique Coimbra Possa e residente em BH, Flávia fez um transplante de rins e pâncreas. “O de pâncreas não deu certo, houve complicações. Só num dia, ela precisou de sete bolsas de sangue”, informou o primo de Flávia, professor Amin Feres.
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Ciclistas de BH se reúnem para incentivar a doação de sangue no estadoBombeiros de Poços de Caldas doam sangue para vítimas de acidente na BR-146Hospitais de BH participam de campanha no Dia Nacional de Doação de Órgãos e TecidosMinas tem quatro tipos sanguíneos em alerta por baixa em estoque; veja onde doarDoador há mais de quatro décadas, o carioca filho de uma mãe mineira, José Maria de Castro Soares, de 65, fez questão de vir no ônibus fornecido pela Prefeitura de Ressaquinha, via Secretaria Municipal de Saúde. “É muito importante esse ato voluntário. Comecei a doar sangue quando trabalhava numa grande empresa e não parei mais. Vou continuar até o dia que permitirem”, disse o aposentado, casado, pai de dois filhos e avô sete vezes.
CARIMBO Enquanto aguardava o retorno à terra natal, o grupo de doares esperava com paciência no Vita Hemoterapia, na Rua Juiz de Fora. Diante do prédio, bateu papo e tirou fotos. A manicure Ana Paula Aparecida Avelino, de 40, casada e mãe de dois filhos, definiu o esparadrapo circular que trazia sobre a veia do braço: “Este aqui é o carimbo da vida”. Integrante do grupo de doadores Sangue Bom, coordenado por Ana Carolina, a manicure se mostrou feliz com a viagem. “Já tive oportunidade de ajudar a salvar muitas vidas. Somente este ano, acho que já ajudei 16 pessoas”, disse, acrescentando que o doador se sente “leve e pleno”. Ao final, garantiu: “Se Deus quiser, meus filhos vão seguir o exemplo.”
Médico-veterinário, Matheus Eugênio Sabará Possa, de 27, primo do marido de Flávia, estava ontem na sua segunda vez de doador solidário.
Na despedida, Ana Carolina disse ser fundamental fazer um agradecimento “ao povo de Ressaquinha, que é acolhedor e dono de um grande coração”. Ela contou um pouco da sua história: “Em janeiro do ano passado, recebi a doação de uma córnea. Em dezembro, doei meu cabelo, no Hospital Mario Pena, para fazer perucas para pacientes com câncer”. Na tela do celular, mostrou uma foto mais antiga, com os fios louros até a cintura..