Homens comuns, alguns casados, de profissões e idades diversas. Aparentemente, nunca se viram, mas, em comum, tinham o hábito sórdido de compartilhar conteúdos referentes a crianças e adolescentes em situação de pornografia e práticas sexuais. Histórias independentes que se encontraram ontem, numa grande mobilização da Polícia Civil para coibir os crimes de exploração sexual infantil em Minas Gerais. A Operação Infância Reavida terminou com o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Betim, Contagem e Nova Lima (na Grande BH), Ipatinga (Vale do Aço), Ponte Nova (Zona da Mata) e Barbacena (Região Central) e 10 prisões em flagrante. Entre os suspeitos dessa trama repugnante estão um médico e dois policiais militares.
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“Todos confirmaram que fazem esse download e o armazenamento porque gostam. Nenhum deles negou a prática. Gostam e não conseguem se controlar. Sabem que podem ser presos a qualquer momento e já esperam por isso. Quando chegamos às casas, antes de falarmos qualquer coisa, diziam que tudo o que precisávamos estava lá, mostrando os computadores”, afirmou a chefe da Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), Isabella Franca Oliveira. Segundo ela, as imagens são fortes e contêm cenas de sexo explícito e até de crianças e adolescentes mantendo relações com animais.
Os suspeitos compartilharam quantidades diversas de conteúdos.
EXAMES GRAVADOS Outro ponto que chocou os policiais foi o fato de, segundo a delegada, Fábio Duarte afirmar que tem esse tipo de material, que adquire de maneiras diversas, desde que era adolescente. A investigação vai apurar ainda a quais consultórios o médico, que é clínico geral e fazia exames de imagem, está ligado. Informações preliminares dão conta de que ele atendia em Betim.
Por causa desses fatos, uma nova investigação terá início. “Vamos apurar a suposta prática de estupro de vulnerável e importunação ao pudor. Se houver alguma paciente que tenha percebido conduta diferente durante consulta ou exame pode nos ajudar, pois, muitas vezes, as mulheres sentem que há algo errado, mas ficam em dúvida e preferem não denunciar”, afirmou a delegada Renata Ribeiro Fagundes, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).
A Corregedoria da Polícia Militar também acompanhou a ação, por causa do envolvimento de um sargento reformado de Betim e de um cabo da ativa de Nova Lima. Um deles compartilhou mais de 8 mil arquivos. “Vamos oportunizar aos policiais a ampla defesa e o direito ao contraditório, num processo administrativo e disciplinar. A PM não coaduna com esse tipo de prática”, afirmou o subcorregedor da PM, tenente-coronel Gláucio Porto Alves. Nesse processo, será definida a permanência ou não dos suspeitos nos quadros da corporação. O militar da ativa pode ser excluído e o reformado perder a patente. As investigações criminais ficam a cargo da Polícia Civil.
A defesa dos acusados não foi localizada.