Recheio de preservação, tempero de solidariedade e sabor da terra natal. O Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Nova Era (Comphane) reconheceu um salgado bem querido na cidade, o Pastel de São José, como bem cultural imaterial. Produzido há quase 30 anos, a iguaria de massa caseira, nas versões carne e queijo, está ligada ao restauro da Matriz de São José da Lagoa, joia barroca que, no próximo dia 10, terá lembrados os 250 anos da primeira benção do templo.
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Manhã de visitação no Cemitério do Bonfim tem confusão e spray de pimentaCarro cai no Arrudas e deixa duas pessoas feridas na Região Oeste de BHMercados, serviços públicos e parques: veja o que abre e o que fecha nesta sexta-feira em BHPonte inaugurada por Getúlio Vargas em Nova Era será reaberta amanhãEm 1991, Terezinha Souza de Araújo começou a fazer os pastéis para ajudar nas obras da igreja. “No governo de Fernando Collor de Melo (presidente do Brasil de 1990 a 1992), quando houve o confisco nas cadernetas de poupança, ficamos sem renda. Tínhamos muitos compromissos para saldar, e foi o dinheiro do pastel que nos salvou”, afirma.
MARCA Satisfeita com o reconhecimento pelo conselho municipal, Terezinha afirma que o pastel ficará como a marca de um tempo. “Sou nascida aqui, me criei perto da igreja. A gente passa, mas ficam os filhos, os netos. Fico feliz de ter participado desse momento. A matriz é nosso tesouro. Na época, ela precisava de restauração urgente, encontrava-se em estado bem precário.
No início, nem tudo foi simples. “Não tinha nem ideia de como fazer o pastel, então pedi ajuda a uma amiga que trabalhava em lanchonete. Fui pegando o jeito até acertar, principalmente na melhor forma de abrir a massa”, afirma Terezinha, casada, com quatro filhos e três netos. Ela lembra que o dinheiro das vendas era abençoado e rendia muito. “Quando começaram as obras, ajudávamos até os restauradores, que, muitas vezes, não tinham o dinheiro para a passagem de ônibus”.
Todas as quartas-feiras, o salgado é vendido, à noite, depois da missa na matriz, embora a maior produção ocorra nos festejos de São José, de 10 a 19 de março. Nessa época, recebendo doações de farinha de trigo, óleo, manteiga e outros ingredientes, Terezinha e ajudantes chegam a produzir 100 quilos de massa. “Hoje não dou mais conta de abrir tudo isso sozinha. O osso vai enfraquecendo”, revela com bom humor.
O funcionário da Secretaria de Cultura, Albany Júnior Dias, destaca o valor do pastel e sua incorporação à cultura local.
O conceito de patrimônio cultural imaterial, conforme a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) é o seguinte: “São práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades ou grupos, e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. E mais: “Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos, em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo para promover o respeito à diversidade cultura e à criatividade humana”..