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Estado de Minas

Artistas pintam painéis gigantes em mais 4 prédios do Centro de Belo Horizonte

Terceira edição do Cura vai mudar cenário do Amazonas Palace Hotel, Edifício Chiquito Lopes e das duas torres do Edifício Satélite


postado em 06/11/2018 06:00 / atualizado em 06/11/2018 07:59

Artistas iniciam a pintura no Edifício Satélite, na Rua da Bahia, que receberá a obra Empena de letras, reunindo 21 nomes da arte de rua (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Artistas iniciam a pintura no Edifício Satélite, na Rua da Bahia, que receberá a obra Empena de letras, reunindo 21 nomes da arte de rua (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


Cobrir o horizonte urbano com cores e transformar a paisagem da capital mineira em uma galeria de arte a céu aberto. Esse é o objetivo do Circuito Urbano de Arte (Cura), que volta em sua terceira edição para “desacinzentar” mais quatro paredes de concreto do Centro de Belo Horizonte. Ontem, a paisagem vista da Rua Sapucaí, no Bairro Floresta, na Região Leste de BH, começou a ganhar novas formas: os andaimes nas alturas do Amazonas Palace Hotel, do Edifício Chiquito Lopes e das duas torres do Edifício Satélite já entregam os endereços que receberão os novos desenhos. A primeira edição ocorreu em julho de 2017 e, em dezembro, foi feita uma edição especial em homenagem aos 120 anos da capital mineira. Agora, serão 10 empenas para embelezar o entardecer no mirante, que ganhou o coração dos belo-horizontinos.

A ideia de fazer as pinturas simultâneas surgiu pelo olhar da artista visual Priscila Amoni e das produtoras Juliana Flores e Janaína Macruz. Elas não viam apenas paredes sem graça, mas telas que aguardam desenhos. Ao sonhar que a capital se torne referência internacional no conceito de artes urbanas, o trio concebeu o Cura. Os prédios foram mapeados a partir da vista da Rua Sapucaí, onde foi estabelecido o mirante. “Já estamos na nossa terceira edição, aumentando nossa coleção de arte a céu aberto. É uma grande declaração de amor a Belo Horizonte. E, além de presentearmos a cidade com empenas feitas por artistas incríveis e diversos, o projeto já permitiu que o local se tornasse um ponto de referência da cidade e de turismo. Nem na Europa se encontra um lugar onde se pode observar todos os prédios pintados de um mesmo lugar”, contou Priscila, que estampou uma mulher negra, de corpo inteiro, no Edifício Hotel Rio Jordão, na primeira edição do circuito.

A abertura oficial do festival ocorreu ontem, mas foi no domingo que artistas começaram a pintar as empenas do Edifício Satélite, condomínio construído em 1958. Na edição 2017, a fachada cega do prédio menor foi pintada e, agora, o Cura retorna ao condomínio para preencher as empenas disponíveis. E foi a caligrafia, arte fundadora do grafite, o tema escolhido para uma das torres do edifício. Trata-se de uma ação inédita e recebeu o nome de Empena de letras. “Estamos dando um passo importante em direção ao diálogo com a cidade. Estamos ampliando nossas vozes, com a voz da rua e do hip-hop. Queremos mostrar que a periferia também pode estar no Centro da cidade. Entretanto, esse tipo de caligrafia é muito questionada por sua estética. Trata-se do meio-termo do que muita gente acredita que é ou não arte. Queremos levantar essa discussão: nem sempre arte tem a ver com beleza. Além do achismo, cada tipo de arte tem sua importância na sociedade”, comentou Priscila.

Para o projeto, foram convidados dois representantes de BH para conceber e fazer a curadoria dessa obra: Surto e Nica. Os dois tiveram a missão de reunir artistas que ilustrassem os diferentes estilos, técnicas e linguagens da caligrafia do grafite. E 21 artistas foram selecionados – 13 homens e 8 mulheres – para erguer o mural com mais de 62 metros de altura, coberto totalmente por letras. Serão pintados um nome por faixa para permitir a apreciação da obra de cada artista. “A Empena de letras traz a valorização do elemento primordial do graffiti que são as letras com toda sua diversidade de caligrafia. O grafite em si deu seu salto das ruas para galerias e vem ganhando espeço nas alturas com a letra como essência. Aqui, cada artista tem a oportunidade de escrever sua ‘tag’, ou seja, sua assinatura”, Hisne, uma das artistas convidadas. Na torre ao lado estará a arte do artista plástico Comum. Atuante na cena de arte de rua, ele utiliza técnicas como o stencil (técnica para aplicar um desenho ou ilustração por meio da aplicação de tinta, aerossol ou corte) e a pintura com rolinho e látex.

Patrimônio histórico e artístico de Belo Horizonte, o Amazonas Palace Hotel também vai ser contemplado. Sua empena tem 1.060 metros quadrados e é possível vê-la inteira da Rua Sapucaí, entre a avenida Francisco Sales e Rua Tapuias. A arte será feita pela argentina Hyuro, que desembarca na capital mineira hoje e começa os trabalhos na quarta-feira. “Ela é considerada um dos principais nomes femininos do novo muralismo contemporâneo”, afirmou Priscila. Entre muitas das questões abordadas por ela, destaca-se a figura da mulher. A artista propõe uma reflexão sobre identidades individuais e coletivas, questionando as condições de liberdade como direitos fundamentais de cada um. Outra mulher escolhida para o projeto foi Criola. Considerada porta-voz da nova safra feminina de artistas visuais que utilizam o grafite como instrumento de afirmação dos negros, ela fará seu trabalho no Edifício Chiquito Lopes.

 

 

Ação aberta


As cadeiras de praia já estão postas. Pela terceira vez, a execução dos trabalhos poderá ser acompanhada durante todo o Festival do Cura na Rua Sapucaí. A ideia é convidar as pessoas a tomar uma cerveja gelada enquanto apreciam o trabalho dos artistas. Além disso, o circuito conta com uma programação de debates, na Casa Sapucaí – em frente ao número 303, todos os dias, das 16h às 22h. Espaço público em debate, mulheres nas artes visuais e a sobrevivência do artista independente serão alguns dos temas abordados em mesas de debate. A programação, que ficará no local até o encerramento das pinturas e grafites, em 18 de novembro, pode ser conferida no site do circuito: cura.art.com. O projeto todo foi viabilizado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e patrocinado pela Cemig e Budweiser.

 

 

ARTE NA RUA

Confira onde estão os painéis e quem são os artistas

PRIMEIRA EDIÇÃO (2017)

» EDIFÍCIO RIO TAPAJÓS
Onde: Rua da Bahia, 325, Centro
Artistas: Acidum Project (Tereza Dequinta e Robézio Marqs)
» EDIFÍCIO SATÉLITE
Onde: Rua da Bahia, 478, Centro
Artista: Thiago Mazza
» EDIFÍCIO TRIANON
Onde: Rua da Bahia, 905, Centro
Artista: Marina Capdevilla
» HOTEL RIO JORDÃO
Onde: Rua Rio de Janeiro, 147, Centro
Artista: Priscila Amoni

SEGUNDA EDIÇÃO (ANIVERSÁRIO DE BH)

» EDIFÍCIO PRÍNCIPE DE GALES
Onde: Rua Tupinambás, 179, Centro
Artista: Davi Melo Santos
» GARAGEM SÃO JOSÉ
Onde: Rua Tupis, 70, Centro
Artista: Milu Correch

TERCEIRA EDIÇÃO (2018)

» AMAZONAS PALACE HOTEL
Onde: Av. Amazonas, 120, Centro
Artista: HYURO
» ED. CHIQUITO LOPES
Onde: Rua São Paulo, 351, Centro
Artista: Criola
» ED SATÉLITE
Onde: Rua da Bahia, 478, Centro
Empena 1: Comum
Empena 2: 21 artistas dividirão as telas


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