As polícias Militar e Civil, Receita Federal, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Prefeitura de Belo Horizonte fecharam o cerco aos receptadores de celulares roubados que comercializam produtos em boxes de shoppings populares da capital. Após uma ação no Shopping Xavantes na segunda-feira, a operação foi estendida ao Shopping Oiapoque ontem. Nessa segunda fase, foram apreendidos quase mil celulares e outros produtos eletrônicos com suspeita de terem sido furtados ou sem comprovação de origem, a maior operação do tipo na história da capital. Somente ontem, 12 pessoas foram presas, somando-se a outras 17 detidas no dia anterior.
“Muitos desses celulares furtados e roubados acabam tendo como destinação shoppings populares para comercialização não só do produto em si, mas também de peças. Como eles não conseguem fazer o retorno para uso na comunicação de muitos aparelhos, o caminho que têm é exatamente a venda de peças desse produto”, informou a procuradora Cássia Gontijo, do MPMG.
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Operação contra receptação de celulares chega a mais um shopping de BHPolícia descobre esquema de venda de celulares roubados pela internetOperação apreende milhares de celulares e prende 16 pessoas por receptaçãoEm três ofensivas contra roubo de celulares este mês, polícia recupera mais de 1 mil aparelhosNova fase de operação contra receptação de celulares tem sete detidos em BHPrevisão desta quarta-feira é de chuva em BHDesde segunda-feira foram cumpridos 69 mandados de busca e apreensão em boxes dos shoppings populares. Durante o primeiro dia de ação, 17 pessoas foram detidas, 16 ligadas diretamente à operação e uma com um mandado de prisão em aberto, localizada nas imediações dos shoppings populares.
“Os índices de criminalidade em Minas Gerais estão em franca decadência. Temos hoje uma redução, em média de 32%, de todos os crimes que compõem esse índice. Todavia, temos verificado, tanto por meio da Polícia Militar quanto do Ministério Público e Polícia Civil, a persistência da prática de crimes de roubos e furtos de celulares na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo ele, tudo faz parte de uma cadeia criminosa. “A partir do momento em que existe uma demanda social pela compra de celulares ou de peças a menores preço haverá sempre pessoas dispostas a furtar e roubar aparelhos. Habitualmente, esses smartphones são vendidos a preços tabelados de R$ 150 para esses receptadores. Constatamos também que essas pessoas, responsáveis pelos crimes, convertem essa moeda em droga para consumo. Então, é uma cadeia criminosa que começa com roubo, receptação e o consumo de drogas”, detalhou o militar.
“É a apreensão de smartphones e telefones celulares na cidade de Belo Horizonte mais expressiva de todos os tempos”, afirma o tenente-coronel Micael Henrique, comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar. Os celulares apontados como resultado de furto ou roubo foram encaminhados a delegacias.
Na manhã de ontem, equipes da PM e da Receita Federal puderam ser vistas enchendo caminhões com os materiais recolhidos nos boxes. “Vários outros produtos foram apreendidos, a maioria relacionada a celulares. São baterias, cabos, capas e outros acessórios. Mas também tivemos ocorrência de cigarros, de relógios e outras coisas. Tudo isso nas duas operações que a gente já efetuou”, explicou o chefe da Divisão de Repressão aos Crimes de Contrabando e Descaminho, Leonardo Martins, da Receita Federal. Parte do material apreendido não tinha comprovação de regularidade com o fisco. Os donos de boxes que levarem a nota fiscal à Receita Federal terão os produtos devolvidos.
Novas ações à vista
As autoridades não descartam realizar ações em outros shoppings ou locais onde seja constatada receptação de celulares ou outros atos ilícitos. O tenente-coronel Frederico fez um alerta aos responsáveis pelos estabelecimentos e prometeu tolerância zero para esse tipo de crime. “Esse recado vai para a gerência dos shoppings populares e para aqueles comerciantes de boa-fé. Solicitamos aos senhores que não coadunem com qualquer prática criminosa nos recintos comerciais onde vocês atuam. A sociedade mineira não tem que passar por esse momento de instabilidade na segurança que esses perpetradores estão promovendo. A Polícia Militar e o Ministério Público, com apoio da Receita Federal, Polícia Civil e também a Prefeitura de Belo Horizonte não vai se furtar em momento algum de fazer frente a essa modalidade criminosa”, enfatizou.
Leonardo Martins ressaltou ainda que os responsáveis pelos shoppings podem, eventualmente, ser penalizados. Isso ocorrerá, informou, se quem estiver à frente dos boxes onde a mercadoria foi encontrada não for realmente o locatário do espaço, não pagar o aluguel.
Consultados pela reportagem, o Shopping Xavantes reafirmou nota emitida na segunda-feira na qual informa que “os lojistas estão com contratos de locação em dia, sendo de responsabilidade dos mesmos as mercadorias comercializadas”. O texto diz ainda que “a fiscalização dos produtos só pode ser realizada pela polícia” e que o estabelecimento apoia e colabora com as operações, mesmo posicionamento do Shopping Oiapoque.