Após quatro meses de vigência, a Central de Bloqueio de Celulares (Cbloc) criada pelo governo estadual recebe 50 solicitações por semana, segundo dados do Executivo. A iniciativa permite que um cidadão roubado ou furtado interrompa o funcionamento de seu aparelho com apenas três cliques, por meio do fornecimento de informações pessoais e dados do celular. O site só vale para ocorrências registradas nas 48 horas antes do acesso. Passado esse período, qualquer cidadão pode requerer o bloqueio em uma unidade das polícias Militar ou Civil.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), as ocorrências de roubo/furto de aparelhos teve queda de 30% desde a instalação da Cbloc. De janeiro a setembro de 2018, foram 32.651 registros, contra 47.096 no mesmo período de 2017. As principais vítimas do crime são do sexo feminino e têm entre 18 e 24 anos.
O sistema do governo opera on-line, hospedado na página da Sesp. A solicitação é recebida por profissionais da pasta, que providenciam a inutilização do aparelho junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em até 24 horas.
Antes, quando o cidadão queria bloquear seu aparelho, precisava ter em mãos o número da Identificação Internacional de Equipamento Móvel (IMEI) do telefone. Geralmente, o dado está inscrito na caixa do celular. De posse desse dado, ele precisava fazer um contato direto com a Anatel ou com a operadora, via telefone, e solicitava o impedimento.
Com o novo serviço do governo, vítimas de furto ou roubo conseguem garantir o bloqueio do seu aparelho de forma mais ágil, on-line e utilizando apenas o número da linha. Inutilizados, os aparelhos perdem valor de mercado e ficam menos atrativos para criminosos.
Mercado negro
Em matéria de capa publicada nessa terça-feira (6), o Estado de Minas mostrou como uma apuração do Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Patrimônio (Depatri), da Polícia Civil em Belo Horizonte, ligou o alerta para compra e venda de telefones celulares roubados feitas em sites de comércio eletrônico, como OLX e Mercado Livre.
Segundo o delegado Gustavo Barletta, que comanda o trabalho no Depatri para identificar e prender a quadrilha, a Polícia Civil trabalha com a possibilidade de que um grupo com pelo menos seis pessoas atua no roubo e venda de celulares. Dois criminosos já foram identificados e atuam mais na linha de frente.
Um deles é investigado por envolvimento direto nos roubos, responsável por abordar funcionários de lojas de telefone de maneira violenta. O segundo atua no entorno das cenas de crime e também na articulação do comércio eletrônico.
Um dos compradores conversou com a reportagem sob a condição de se manter em anonimato. Ele explicou que depois de muita pesquisa em lojas, resolveu optar pela compra de um aparelho usado via internet, já que adquirir um novo não caberia em seu orçamento. “Procurava por um Samsung Galaxy S8 e um novo na loja custava cerca de R$ 2,4 mil. O anúncio na OLX oferecia um em perfeito estado por R$ 1,9 mil. Entrei em contato com o vendedor pelo WhatsApp, pelo número fornecido no site, e combinamos de nos encontrar em um shopping de Contagem”, relatou.
O comprador diz ainda que foi ao local acompanhado do irmão e o vendedor ficou de encaminhar a nota fiscal por e-mail. O número de série do aparelho (IMEI) ainda foi checado em uma lista de bloqueio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e, como não se verificou nenhum problema, o negócio foi concretizado. “Usei o celular normalmente por cinco meses, até ser chamado pela Polícia Civil para prestar depoimento e descobrir que tinha sido vítima de um golpe e que o celular era roubado”, completa.
Com informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) e de Guilherme Paranaiba.