Um ato público realizado na noite dessa sexta-feira na Praça Afonso Arinos, no Centro de Belo Horizonte, reuniu homens e mulheres no combate à violência contra a mulher. A recriação do movimento Quem Ama Não Mata, fundado em 1980 quando cerca de 400 mulheres se juntaram nas escadarias da Igreja São José motivadas pelo assassinato de Eloísa Ballesteros Stancioli e Maria Regina Souza Rocha. Nessa sexta foi passado um abaixo-assinado, que será entregue às autoridades até março, com sugestões para coibir o feminicídio, assédio, estupros e outras agressões. As assinaturas também serão colhidas nas redes sociais.
A Carta Aberta das Mulheres Mineiras Contra a Violência será anexada ao documento com sugestões, entre as quais a agilização de processos relativos à lei Maria da Penha, aumento do número de delegacias da mulher, disponibilização de tecnologia para proteção das mulheres, ampliação de canais de denúncia e campanhas de prevenção. De acordo com Eliane Fonseca Stefani, da coordenação do movimento, não há ainda estudos que indiquem que os números que registram o aumento da violência contra a mulher são devidos à maior divulgação dos direitos da mulher e campanhas para que denunciem qualquer forma de agressão.
A socióloga Silvana Roser, uma das organizadoras do movimento na década de 1980 disse que 38 anos depois está de volta com o slogan que à época chamava a atenção para esses crimes. Ela apontou que sua entrada para sociologia na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) e, em 1976, quando teve os primeiros contatos com os movimentos feministas foram importantes na luta pelas mulheres. “Nasci em família de quatro filhas e a vida inteira ouvi as lástimas de meu pai por não ter filho homem.”
O aniversário da Lei Maria da Penha – sancionada em 7 de agosto de 2006 e reforçada em 2015 pela Lei do Feminicídio – representou avanços no combate à violência doméstica e de gênero.