Conhecido pela pressão minerária, devido à grande riqueza, representada sobretudo por jazidas de minério de ferro, o Quadrilátero Ferrífero deverá formar um mosaico de unidades de conservação que pode garantir a integridade de sua vida selvagem, dos biomas e da água que abastece a região mais populosa de Minas Gerais. O lançamento desse plano ocorre amanhã, na sede do Ibama, em Belo Horizonte, com a presença de representantes do órgão federal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), de prefeituras e de administrações de unidades de conservação. Serão mais de 30 unidades de conservação envolvidas nesse mosaico, entre parques, matas e reservas federais, estaduais, municipais e também particulares. Uma ação que permitirá ações integradas e uma grande cobertura para essa área, que sofre muitos impactos e depende de seus recursos naturais e humanos.
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Liberação de depósito de rejeitos de minério em Nova Lima assombra vizinhançaSemad exige prazo para fim da exploração de minério na Serra do CurralCelebrações reúnem dois mil devotos em meio à neblina na Serra da Piedade, em CaetéHomem é baleado na saída de casa de shows em ContagemCaminhão com produtos químicos tomba e pega fogo na BR-116De acordo com o professor do departamento de biologia da PUC-Minas Miguel Ângelo Andrade, coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, pela grande abrangência da área e identidade regional das unidades, a formação dos mosaicos permite processos de mobilização, dando sentido à cooperação para o desenvolvimento de bases conservacionais. “Cada região tem a sua identidade e seus atributos, como as bacias hidrográficas, os aspectos biogeográficos e de governança. Regionalizar essa diversidade é muito importante”, considera o professor.
Como benefícios diretos, Miguel Ângelo aponta a possibilidade de a região assumir sua vocação para a conservação, uma forma mais estreita e coordenada de cooperação entre as unidades e a institucionalização de um instrumento de governança comum.
OURO LÍQUIDO Outra vantagem dessas áreas naturais preservadas, especialmente notável na região do Quadrilátero Ferrífero, é a capacidade de armazenar água e amenizar o clima dos centros populacionais do entorno. “Há ganhos de provisão de recursos hídricos essenciais ao abastecimento e ao fornecimento de água de qualidade, bem como impactos que amenizam o clima. Sem esquecer que são espaços de educação ambiental e para a contemplação do meio ambiente para as populações”, observa o professor Miguel Andrade.
A próxima fase de reconhecimento do Quadrilátero Ferrífero como Reserva da Biosfera ainda está sob análise técnica da Unesco.
Algumas áreas que serão integradas
» Serra da Piedade
Formação rochosa natural, que se ergue a 1.746 metros de altitude nas proximidades de Caeté, na Região Central de Minas Gerais. No alto da serra fica o Santuário Basílica de Nossa Senhora da Piedade, um dos destinos religiosos mais procurados por fiéis no Brasil
» Serra do Curral
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a formação montanhosa é um dos símbolos de Belo Horizonte, mas sua travessia está interrompida por motivos de segurança e por deter uma espécie de cacto endêmico e ameaçado de extinção
» Serra do Rola-Moça
Fica entre os municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Nova Lima e Ibirité e apresenta inúmeras nascentes da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, abastecendo parte da Grande BH. É um refúgio natural e conta com muitas espécies ameaçadas, como a onça-parda, jaguatirica, lobo-guará, gato-do-mato, macuco e veado-campeiro
» Parque Nacional da Serra do Gandarela
Um dos mais contínuos fragmentos de mata atlântica de Minas Gerais, a serra também é tida como uma importante reserva hídrica e de recarga de águas subterrâneas do estado. Muito procurada por suas cachoeiras e atividades ao ar livre como a observação de aves
» Pico do Itacolomi
Uma das formações de destaque da região de Ouro Preto e de Mariana, essa serra reserva a história dos bandeirantes que desbravaram Minas Gerais e a história das plantações de chá no estado. O pico, de 1.772 metros de altitude, é muito procurado por turistas, mas há históricos de invasões e depredações