Jornal Estado de Minas

Em três ofensivas contra roubo de celulares este mês, polícia recupera mais de 1 mil aparelhos

- Foto: Arte EM

Quase 300 celulares com suspeita de furto e roubo foram apreendidos pela Polícia Militar no Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em mais uma ofensiva para combater um crime cada vez mais comum na capital e tentar frear o comércio de aparelhos. Pelo menos três frentes de ação recente das polícias e de outros órgãos têm tentado impor uma barreira aos criminosos que cometem furto e roubo dos telefones móveis. No início deste mês, reportagem do Estado de Minas revelou que investigação do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) identificou venda pela internet, em sites de comércio eletrônico, de aparelhos roubadas com violência de lojas de shoppings e galerias da capital. Na última semana, operações das polícias e do Ministério Público, além da Receita Federal, fizeram uma verdadeira varredura em boxes dos shoppings populares Xavantes e Oiapoque, em busca de aparelhos roubados e revendidos nesses estabelecimentos – mais de 1 mil smartphones de origem suspeita foram apreendidos. Por fim, a operação da PM de sábado na Serra encontrou aparelhos numa moradia ligada a um dos maiores receptadores da cidade, segundo a corporação.

Ao todo, foram 288 telefones apreendidos em uma casa dentro do Aglomerado da Serra, além de 31 tablets, um notebook e uma bicicleta elétrica avaliada em R$ 50 mil. De acordo com o sargento Samuel dos Santos, nos últimos dias a PM recebeu informações sobre um receptador já conhecido das autoridades por vender produtos roubados. Levantamentos adicionais fizeram o Grupo Especializado em Patrulhamento em Áreas de Risco (Gepar) da 127ª Companhia do 22º Batalhão desencadear uma operação na noite de sábado. O alvo dos militares não estava na residência e não foi localizado, mas é apontado como o elo entre ladrões de telefone e o retorno dos aparelhos para o mercado.
“O que chamou a atenção foi que em vários aparelhos o número do Imei estava apagado, o que indica que eles realmente são roubados”, diz o militar. Ele explica que na parte interna do telefone é comum ter uma tarja com o número do IMEI, código usado para bloquear o aparelho em caso de furto ou roubo, além do número armazenado também de forma eletrônica. A ocorrência deve ser recebida pela Polícia Civil apenas hoje, por conta da necessidade de catalogação dos equipamentos e levantamentos de ocorrências anteriores envolvendo cada um. A partir da entrega do caso uma investigação será iniciada.

Essa é uma das três frentes mais recentes desencadeadas pelas autoridades para tentar frear o mercado de revenda de aparelhos roubados na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No início do mês, o EM mostrou que uma investigação do Depatri da Polícia Civil conseguiu refazer o caminho de celulares roubados em lojas de shoppings e galerias mediante violência. A equipe comandada pelo delegado Gustavo Barletta identificou aparelhos retirados da loja da Samsung de um shopping da Região Leste de BH em abril sendo revendidos pelo site OLX. Os compradores estão sendo intimados a prestar depoimento e podem responder por receptação, mas até o momento a grande maioria foi realmente enganada, segundo a Polícia Civil.
De 49 aparelhos roubados dessa loja, 12 deles já foram recuperados pela corporação, todos revendidos a terceiros pela OLX.

Em outra linha para tentar impor dificuldades aos bandidos as polícias, o MP e a Receita Federal desencadearam uma série de operações de busca e apreensão de celulares nos shoppings populares Xavantes e Oiapoque, no Hipercentro de BH. Mais de 1 mil aparelhos foram apreendidos com origem duvidosa e vários com registro de bloqueio no site da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o que indica furto ou roubo. O tenente-coronel Frederico Ferreira, comandante do Batalhão de Polícia de Choque, disse na semana passada que novas operações podem acontecer e prometeu tolerância zero a esse tipo de crime.



PERIGO NA INTERNET A procedência dos aparelhos telefonia móvel, feita por meio de sites de comércio eletrônico, ligou o alerta do Depatri. No último dia 6, a reportagem apurou que os investigadores da 2ª Delegacia de Furtos e Roubos estão no encalço de suspeitos de integrarem uma quadrilha que pode estar ligada a pelo menos quatro ataques desde o ano passado na Grande BH, somando mais de 200 aparelhos roubados de lojas em shoppings ou galerias comerciais da região metropolitana. Em um dos casos, dos 49 smartphones roubados de uma autorizada que funciona em um centro de compras do Bairro Santa Efigênia, na Região Leste da capital, em abril deste ano, 12 já estão com os investigadores, todos comercializados pelos ladrões por meio do site OLX.

Para chegar aos suspeitos, a Polícia Civil está fazendo uso também da tecnologia. Investigadores estão rastreando os aparelhos por meio do monitoramento. Dessa maneira, é possível localizar quem os comprou para tentar chegar ao “vendedor”. A investigação aponta que, no caso dos aparelhos já rastreados, a maioria das pessoas foi realmente enganada, mas o inquérito ainda vai definir as responsabilidades de cada uma.

Na ocasião, a OLX emitiu uma nota para informar que diariamente são inseridos 500 mil anúncios novos na plataforma, e que toda negociação é feita fora do ambiente do site, sem que a empresa faça intermediação ou participe de qualquer forma das transações, feitas diretamente entre usuários.
“Infelizmente, algumas vezes as ferramentas disponíveis no mercado são utilizadas por terceiros de má índole. A empresa repudia esse tipo de atitude, que vai contra as regras da OLX”, informou. A OLX disponibiliza dicas neste link para evitar negócios duvidosos.

RECOMENDAÇÃO A Polícia Civil recomenda cuidado aos que têm costume de fazer compras pela internet, pois receptação é crime passível de punição, de acordo com o Código Penal. “Esse tipo de compra por um valor muito abaixo do mercado é o chamado ‘negócio da China’. É um negócio ilícito, mesmo que não tenha o conhecimento do comprador. Eu não posso alegar ignorância para me isentar de ser responsabilizado”, diz o delegado Gustavo Barletta.

MAIS DE 50 BLOQUEIOS Em novembro, a Central de Bloqueio de Celulares (Cbloc), criada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais (Sesp) completou quatro meses. Segundo o governo do estado, o serviço online já registra mais de 50 atendimentos semanais. Pelo site da Sesp, a Cbloc (https://cbloc.seguranca.mg.gov.br/) bloqueia equipamentos cujo registro da ocorrência tenha ocorrido até 48 horas antes. Para a Secretaria, é uma forma de ampliar a chance de a inutilização do celular acontecer ainda enquanto o equipamento estiver nas mãos do criminoso e receptador.

O bloqueio no site pode ser feito por duas opções: Com o número do telefone utilizado pelo usuário, a partir da vinculação com uma operadora, e o fornecimento de informações pessoais; ou A partir da Identificação Internacional de Equipamento Móvel (IMEI) do telefone para casos em que o aparelho ainda não tenha sido vinculado a uma operadora, e o fornecimento de informações pessoais. 

É importante destacar que nas duas situações é preciso ter registrado um boletim de ocorrência de furto ou roubo em uma unidade policial. Isso porque o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) precisará ser anexado ao formulário. 

O governo do estado afirma que houve redução de 30% das ocorrências de roubo de celular em Minas Gerais do ano passado para cá.
“De janeiro a setembro de 2018, foram 32.651 registros, contra 47.096 no mesmo período de 2017. As principais vítimas do crime são do sexo feminino e têm entre 18 e 24 anos”, diz o Executivo estadual. Em Belo Horizonte, a redução chegou a 32% no comparativo de janeiro a setembro de 2017 (17.647 registros de roubo) e o mesmo período de 2018 (11.972). (Com informações de Cristiane Silva)
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