Iniciativa para proteger os acervos históricos de Minas e formar brigadas contra incêndio. Está previsto para começar até o fim do mês o curso sobre prevenção de incêndios nas cidades com bens reconhecidos como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em parceria com o Corpo de Bombeiros, o treinamento tem como público-alvo zeladores de igrejas e capelas, funcionários de museus e arquivos e moradores de Congonhas e Ouro Preto, na Região Central, e Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
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Crânio de Luzia é encontrado em meio aos escombros do Museu Nacional, no Rio de JaneiroMPF recomenda plano anti-incêndio ao Museu da Inconfidência, em Ouro PretoCorpo de Bombeiros vistoria mais de 300 museus de Minas Gerais hojeGuia ensina moradores a preservar características de imóveis tombadosO presidente da autarquia municipal informou que o curso vai ocorrer no Museu de Congonhas. “Na cidade, há uma brigada contra incêndio, mas precisamos treinar as pessoas para que tomem providências em caso de fogo. É preciso saber o que fazer em um momento decisivo, a forma correta de usar um extintor, enfim, que medidas podem salvar o acervo”, disse. Reis lembrou que foram convidados lojistas e moradores do entorno dos monumentos. “Há quatro anos houve incêndio em uma lojinha e isso nos deixou preocupados, devido à proximidade da basílica”.
A iniciativa de promover o treinamento foi consequência do incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), tragédia que ocorreu há dois meses e meio. Logo depois, a superintendente do Iphan em Minas, Célia Corsino, fez uma reunião em Belo Horizonte com representantes das cidades e também da capital, já que a Pampulha faz parte do grupo de bens com chancela da Unesco. No encontro, Célia informou que o trabalho se espelharia num treinamento promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte. Em entrevista ao Estado de Minas, a representantes do Iphan ressaltou: “Vamos treinar brigadistas para tomar providências ao menor sinal de fogo, Queremos reunir não apenas funcionários de museus, mas também de arquivos e outros edifícios públicos, zeladores de igrejas e de capelas e outros interessados da sociedade civil.”
ORIENTAÇÃO Também após o incêndio no Rio, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou que seis museus brasileiros, incluindo o Museu da Inconfidência, no Centro Histórico de Ouro Preto, elaborassem planos de prevenção e combate a incêndio e pânico e gerenciamento de riscos. Os demais são Museu Imperial, em Petrópolis (RJ), Museu Nacional de Belas Artes, no Centro do Rio de Janeiro, Museu de Arte Sacra da Boa Morte, Goiás (GO), Museu das Bandeiras, Goiás (GO) e Museu das Missões, em São Miguel das Missões (RS). A recomendação era de que as instituições elaborassem os planos em até seis meses e os colocassem em prática em até um ano, com aprovação do Corpo de Bombeiros e do Iphan.
Segundo a diretora substituta do Museu da Inconfidência, historiadora Margareth Monteiro, foi formado um grupo interno de trabalho para elaborar o plano de gestão de risco. “Estamos avançando muito e vamos concluir tudo no prazo”, afirmou, ressaltando que estão envolvidos arquivistas, museólogos, técnicos, pessoal administrativo e os que trabalham na biblioteca. Outra novidade é que foram revisados os extintores de incêndio e as placas de sinalização. “Nossa preocupação maior é com o público e o acervo”, disse Margareth, explicando que o plano contra incêndio e pânico será encaminhado ao MPF, Corpo de Bombeiros e Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Com cerca de 179 mil visitantes por ano, o Museu da Inconfidência, na Praça Tiradentes, Centro Histórico de Ouro Preto, é considerado o segundo mais visitado dos equipamentos vinculados ao Ibram – o primeiro é o Museu Imperial, de Petrópolis (RJ).
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