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PBH quer sirenes para impedir acesso da população em temporais na VilarinhoVeja os fatores que provocaram tragédia durante alagamento na Av. VilarinhoChuva destrói escola municipal em Venda Nova; confira os estragos do temporal em BH Chuva deixa rastro de destruição na Região de Venda Nova, em BHAsfalto cede e pista racha em rodovia no Sul de MinasPBH enfrenta dificuldades para encontrar interessados nas obras das chuvas'Não vamos resolver problema de chuva e morte na Vilarinho com sirene', diz KalilBombeiros encontram corpo que pode ser de desaparecido da chuva em BHMatrícula para educação infantil vai até sextaBando que matava e cortava gado para vender carne é preso na Região Central de MinasEm outra frente, a administração municipal quer um serviço mais preciso de alertas de inundações e para isso promete acionar a Universidade de São Paulo (USP). O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão, diz que a instituição tem tecnologia suficiente para dar mais informações sobre a potência da chuva, tempo de duração e localização mais precisa dos temporais – apesar de a Grande BH já contar com um radar meteorológico, gerenciado pela Cemig, que foi adquirido exatamente com essa função (leia abaixo).
Enquanto isso, com a cidade sob alerta de temporal até esta manhã e previsão de chuva por toda a semana, a intenção é lançar uma licitação para estudos da bacia drenada pelo Córrego Vilarinho. O objetivo da concorrência é que empresas indiquem a melhor solução em obras de drenagem para resolver de vez os alagamentos na avenida que liga Venda Nova ao restante de Belo Horizonte. A partir da solução escolhida, a PBH dever detalhar um projeto executivo para contratar as obras, que não têm perspectivas de prazo, mas cujo custo pode ultrapassar o valor de R$ 150 milhões. “Vamos contratar estudos de alternativa ainda este ano”, assegura Valadão.
Veja estragos causados pela chuva de 15 de novembro na Avenida Vilarinho e adjacências
Se a realidade de uma obra para encerrar alagamentos em uma avenida de grande porte está bem distante, o que resta no momento é tentar refinar os processos que buscam bloquear a entrada de pessoas em áreas críticas durante os temporais, segundo o coronel Alexandre Lucas, coordenador da Defesa Civil de BH.
Para o representante da Defesa Civil, o que é possível fazer de imediato é aprimorar o fechamento do tráfego na área crítica. Mas ele destaca que a questão da Vilarinho é muito complexa, porque muitas vias alimentam a avenida e por isso a estrutura para garantir um bloqueio total seria muito grande. Acostumado a lidar com desastres, Alexandre Lucas afirma que não há sucesso em nenhuma ação se não houver a cooperação das pessoas. “É preciso respeitar as barreiras de proteção, porque a gente não pode colocar um servidor público em cada esquina. Precisamos da ajuda da população”, diz.
METEOROLOGIA Os estudos para intensificação de ações de bloqueio na Avenida Vilarinho vão acorrer paralelamente a negociações para contratação de um serviço de previsão de temporais mais avançado, segundo Josué Valadão. Para isso, o Centro Tecnológico de Hidráulica e Recursos Hídricos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo será acionado, pois, segundo o secretário, a universidade já tem modelos mais avançados para prever temporais que podem ajudar o poder público.
A reação da prefeitura é uma determinação do prefeito Alexandre Kalil, segundo os gestores de suas respectivas pastas. Kalil assumiu a responsabilidade pelas mortes de quinta-feira em Venda Nova, dizendo não estar preparado para lidar com esse tipo de situação. A chuva na região trouxe grandes prejuízos. Uma verdadeira operação de guerra foi montada para a limpeza da Avenida Vilarinho e adjacências, onde os danos foram maiores. Lá, Cristina Pereira Matos, de 40 anos, e a filha dela, Sofia Pereira, de 6, morreram afogadas no carro em que estavam.
Bem perto dali, na Rua Doutor Álvaro Camargos, a jovem Anna Luísa Fernandes de Paiva, de 16, caiu em um bueiro aberto pela força da água. Ela morreu ao ser arrastada para a galeria sob a via. Bombeiros seguem à procura de Jonnattan Reis Miranda, de 28, que foi visto pulando na correnteza na Vilarinho e ainda está desaparecido. Familiares contaram que os parentes são do interior e se mudaram para BH para tratar um quadro de esquizofrenia grave, que acomete Jonnattan desde que ele tinha 13 anos. Outra morte ocorreu na ocupação Vitória, na Região Norte de BH. Segundo testemunhas, um morador se afogou ao tentar cruzar alcoolizado uma área alagada.
• Depois do temporal
Veja como a Prefeitura de BH quer evitar novas mortes na Avenida Vilarinho
» Aumentar o poder de persuasão para impedir a entrada de pessoas na área mais crítica, entre o viaduto da Avenida Pedro I e a Avenida Cristiano Machado
» Estudar a colocação de sirenes sonoras e luminosas em determinados pontos
» Aumentar o número de agentes para garantir bloqueios em momentos de tempestades
» Negociar um serviço mais avançado de previsão de temporais, em contato com a USP, que já tem essa tecnologia, segundo a PBH
» Contratar obras de drenagem para resolver os alagamentos na Avenida Vilarinho
» Desenvolver ainda em 2018 estudos de alternativas para a bacia
» Detalhar um projeto executivo em cima da melhor solução apresentada
» Licitar as obras, que podem ultrapassar R$ 150 milhões, mas não têm nenhuma previsão de início
Radar da Cemig custou R$ 10,5 mi
Não é a primeira vez que a Prefeitura de Belo Horizonte apela à tecnologia para tentar prever ou minimizar os efeitos dos temporais na cidade. Em 2011, na gestão do então prefeito Marcio Lacerda, o Plano de Ações de Combate às Inundações, anunciado em outubro, previa investimentos em radares meteorológicos, núcleos de proteção civil e ajuda humanitária para tentar suprir a ausência de grandes obras para contenção de enchentes. O radar, um investimento de R$ 10,5 milhões da Cemig, estava pronto para monitorar as chuvas um ano depois, em Mateus Leme, na Região Metropolitana de BH, com a promessa de ser um aliado no combate aos desastres causados pelas tempestades. Passados sete anos, um novo equipamento é cogitado – desta vez vindo da Universidade de São Paulo (USP).
Importado da Finlândia, o radar que já opera na Grande BH tem capacidade de monitorar tempestades severas com antecedência de até seis horas.
Mas a tarefa de analisar os dados gerados e tratar a informação para atender à sociedade fica a cargo das autoridades e órgãos públicos, segundo a companhia. “A Cemig é responsável por operar e disponibilizar os dados para o estado. A partir desses dados é possível utilizar a estimativa de chuva em modelos do tipo chuva-vazão. Dessa forma, pode-se estimar o volume e nível dos rios, mas a Cemig não é responsável por operar esses modelos, cabendo às autoridades usarem os dados dessa forma”, informou a companhia.
Na quinta-feira, o equipamento detectou a chuva que deixou pelo menos quatro mortos e um desaparecido em BH, mas, como a concessionária não tem mapas de inundação ou modelos calibrados para cheias na Grande BH, informou que cabe aos órgãos públicos lidar com essas informações.
Todas as cidades em um raio de 250 quilômetros podem ser beneficiadas pelo radar, que pode estimar intensidade, volume e duração das chuvas. Entre 250 e 450 quilômetros é possível identificar locais com chuva, mas não estimar volume e intensidade. Ainda de acordo com a Cemig, um radar meteorológico funciona usando ondas de rádio para identificar a ocorrência de chuva, sua localização, avaliar seu deslocamento e estimar sua intensidade.
O tempo de antecipação de eventos intensos de chuva varia de acordo com o local onde se desenvolvem e as velocidades de evolução e deslocamento. “Portanto, tomando a Grande BH como exemplo, aqueles sistemas que já surgem nas suas proximidades terão um tempo entre o alerta e a chegada do sistema menor do que aqueles que se formam em locais mais distantes e se deslocam para Belo Horizonte. Lembrando que a velocidade de deslocamento e desenvolvimento podem variar bastante de um evento para o outro”, concluiu texto da concessionária..