As mortes de quatro pessoas que trafegavam pela Avenida Vilarinho durante a tempestade do dia 15 trouxeram grande comoção e se traduziram numa mobilização da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para tentar resolver o problema. Decretos municipais instituíram situação de emergência, um grupo de trabalho foi criado para apresentar soluções em 30 dias e até uma concorrência foi aberta para projeto e obra definitiva contra as cheias nessa que é uma das principais vias de Venda Nova. A ideia é que se tenha obras prontas até o fim do ano que vem. Essa celeridade, que pode finalmente trazer mais tranquilidade para a região, não é vista em outros pontos críticos dentro das 82 áreas de alagamentos identificadas pela Carta de Inundações de Belo Horizonte. Para se ter uma ideia, a Avenida Francisco Sá é a campeã de solicitações relacionadas a enchentes, alagamentos e inundações feitas à Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Belo Horizonte (Comdec-BH), com 282 chamados desde 2008, à frente da Avenida Vilarinho (179) e da Avenida Teresa Cristina (150). Ainda assim, a continuidade das obras para solucionar os problemas da área, cuja primeira fase terminou em 2016, nem sequer está prevista, uma vez que o projeto executivo para uma intervenção só deve ser entregue no ano que vem.
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Os mesmos problemas de inundações acabam agravados também na Avenida Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos e Tereza Cristina. “Recolho muitas garrafas PET e latas para vender nos depósitos de reciclagem, mas fico impressionado como as chuvas ainda conseguem trazer para dentro dos rios uma montanha de garrafas e de lixo”, observa o catador Aníbal Alves Miranda, de 57 anos. O nível do Córrego Cachoeirinha, que corre em leito aberto pela avenida, sobe em poucos minutos e por isso a época de chuvas demanda muita atenção dos comerciantes. É frequente sobretudo para quem tem mesas e cadeiras do lado de fora do estabelecimento, acabar sendo pego de surpresa pelas enxurradas. Há 20 anos trabalhando em sua loja de materiais de construção, o comerciante José Maria Luiz, de 65, lembra que esse drama começou em 1998. “A água passou por cima do guarda-mão. De lá para cá quase nada foi feito.
Projeto para a próxima chuvarada
A primeira etapa da obra para recuperação da galeria da Avenida Francisco Sá foi concluída em 2016. De acordo com a PBH, o intuito do projeto é melhorar o escoamento das águas de chuva no local. “Foram investidos R$ 2,7 milhões, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Foram captados pela atual gestão recursos no Programa Avançar Cidades para elaboração de projetos executivos com início de elaboração já em 2019. Atualmente, ações para reduzir os riscos de inundação nesses locais estão concentradas no monitoramento contínuo e na intensificação da limpeza de bueiros e desobstrução das galerias existentes”, informou a PBH, por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
Para mitigar os impactos das chuvas na Avenida Teresa Cristina, foram concluídas a bacia de detenção da primeira etapa do Córrego Jatobá/Olaria e a do Córrego Bonsucesso, ambas na Bacia do Ribeirão Arrudas. “Também foram concluídas as obras de recuperação do canal do Arrudas, no trecho que vai da Rua Rio de Janeiro até a Alameda Ezequiel Dias, numa extensão de 1.500 metros”.
Foram retomadas pela atual gestão e estão em andamento obras de implantação de duas bacias no Córrego Túnel Camarões na região do Barreiro. A primeira das bacias executadas já apresentou funcionalidade nas chuvas do início do ano, retendo volumes significativos de água. A segunda bacia prevista no local está quase toda pronta e também apresentará funcionalidade já no próximo período chuvoso. Também está em processo licitatório a implantação da bacia de detenção no Bairro das Indústrias, na região do Barreiro, que ajudará a reduzir os riscos de inundações na Tereza Cristina.