Em visita na manhã de ontem ao Parque Estadual da Baleia, que faz parte do conjunto da Serra do Curral, vereadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de BH constataram danos ao meio ambiente provocados supostamente pela atividade mineradora. “Alguns irreversíveis”, segundo os vereadores Gilson Reis (PCdoB) e Branco (Avante). Em vistoria acompanhada por técnicos do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a diretora do parque, Luísa Campos, a comissão se deparou com voçorocas – depressões provocadas por erosões – e três nascentes brotando em área degradada e necessitando recuperação. Segundo Gilson Reis elas abastecem o Ribeirão do Navio, um dos afluentes do Rio das Velhas, e uma cava de 70 metros na linha limítrofe com o parque, que está em processo de recuperação com taludes e plantio.
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Para chegar a uma conclusão, a investigação vai se basear em “documentações e pesquisas”, de acordo com o presidente da CPI, vereador Gilson Reis (PCdoB). Entretanto, o parlamentar já aponta riscos trazidos pela atividade.
A discussão sobre possíveis danos da mineração sobre a Serra do Curral, símbolo de Belo Horizonte, ganhou força a partir do Laudo de Constatação 1/2017, produzido pela gerência do Parque Estadual Floresta da Baleia em novembro de 2017, que atesta que a mineração alterou o perfil do solo próximo ao limite da área de preservação e reduziu a capacidade de armazenamento de água na microbacia.
Luísa Campos disse que a diretoria do parque e o IEF solicitaram ao Superintendência Regional de Meio Ambiente – Supram Central que fossem determinadas medidas emergenciais que contenham a movimentação de terra no limite com o parque, como o replantio e construção de talude. A área de preservação tem 102 hectares, abrigando matas ciliares e do cerrado e passa por um levantamento de sua fauna, em parceria com a UFMG.