A arte urbana do grafite ocupa mais um espaço inusitado de Belo Horizonte, os muros do quartel do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militares de Minas Gerais, no bairro Funcionários. O coletivo Minas de Minas recebeu o convite dos Tenentes Pedro Aihara e Fábio Gomes para homenagear as primeiras mulheres que há 25 anos ingressavam na carreira de salvadores de vidas e estão mudando a frieza das paredes com cores e desenhos que retratam a trajetória dessas heroínas.
São ao todo 40 metros de extensão por quatro de altura no muro externo da rua Maranhão. Serão três dias de trabalho, onde a figura central é a logo FEM, que identifica a presença feminina nos quartéis. Serão gastos 50 litros de látex e 30 frascos de spray. O coletivo Minas de Minas existe há onze anos e tornou-se mais visível com as intervenções artísticas em homenagem a mulheres que de alguma forma se destacaram efetiva e afetivamente, segundo Louise Líbero, 31 anos. A capital conta com trabalhos expressivos do grupo como, entre outros, a figura da “imortal” Elza Soares, na Praça da Estação, da atriz do grupo Galpão, Teuda Barra, na rua dos Guaicurus, Thaís Araújo, na Rua Espírito Santo.
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O ingresso de mulheres nas fileiras da Corporação se efetivou com a lei nº 11.099, em 18 de maio de 1993, que previa a possibilidade de emprego de mulheres nas atividades do Corpo de Bombeiros, fato inédito em Minas. Oitenta mulheres ingressaram no Curso de Formação de Soldados. Para acompanhar o aprendizado das recém-chegadas foram destacadas uma Tenente e uma Capitã da Polícia Militar.
Elas foram submetidas a mesma grade curricular dos homens: natação, salvamento aquático, mergulho, salvamento terrestre, salvamento em altura, ordem unida, educação física, combate a incêndio, entre outros. Fizeram também as atividades de campo nos moldes realizados por seus colegas com acampamentos e jornadas militares. “Passaram pelas mais exigentes provas, testes de força, resistência, de técnica, levando-as constantemente a exaustão”, segundo o tenente.
Assim, após nove meses de preparação, 67 bombeiras somavam-se aos quadros de soldados da Corporação. Integrante da primeira turma em Minas a sargento Rosilene Jaques conta que foi um desafio estar num mundo até então somente masculino. “Não havia preparo para nos receber e nem sabíamos o que iríamos encontrar. Não havia instalações adequadas”.
O primeiro passo das mulheres bombeiras foi demonstrar que estavam ali para somar, e não competir com os homens. “Houve muita discriminação e para provar que éramos capazes tínhamos que ser sempre melhores que todos. Aos poucos fomos vencendo as barreiras”. Rosilene garante que quem chega hoje encontra outro ambiente. “Não tenho dúvida de que fiz a melhor escolha. Quem ingressar hoje verá que é uma profissão linda, a abnegação se torna um projeto de vida da gente que vale muito a pena, viver em função da instituição me deixa honrada”
O Corpo de Bombeiros conta com 551 mulheres atuando em todo o estado, 82 oficiais e 69 praças, em todas as frentes como operacional, saúde, administrativo, música. O efetivo da corporação é de 5.975 militares. Anualmente, os militares do Corpo de Bombeiros são submetidos a uma semana de intensos treinos que os capacitam a atuar nos diversos tipos de ocorrências diárias. É o Treino Profissional Básico (TPB) que visa a atualização e aperfeiçoamento do bombeiro militar, tendo em vista o cumprimento de suas missões constitucionais.
É composto pelo Teste de Avaliação Física (TAF), Avaliação Técnico-Profissional (ATP) e o Tiro Prático.
Contra a vulnerabilidade
“Se essa rua fosse minha, eu mandava grafitar...” Mais um novo projeto com o intuito de cobrir o horizonte urbano com cores e transformar a paisagem da capital mineira em uma galeria de arte a céu aberto. Mas, desta vez, na periferia e principalmente, em locais de maior vulnerabilidade social. A primeira edição ocorreu no domingo, envolveu cerca de 80 artistas e contou com uma oficina aberta ao público, na Vila São Rafael, também conhecida como Gogó da Ema, na Região Leste de Belo Horizonte. A proposta é levar a arte do grafite como ferramenta para levantar questões a respeito da própria comunidade. “É importante discutir o seu pertencimento, o uso do espaço público e, também, a estética do aglomerado”, explicou o coordenador artístico do projeto e grafiteiro, Rafael Silveira. O mutirão deu cor a uma área de cerca de 1.200m². Os grafiteiros foram selecionados pela internet e ganharam almoço, lanche da tarde e água, além de um kit com sprays, tinta látex, pigmentos e acessórios de pintura. “É uma forma de fortalecer o artista local”, acrescentou..