Jornal Estado de Minas

Tempo chuvoso liga alerta amarelo e deixa população vulnerável à dengue


Enquanto as chuvas acima da média são comemoradas nas represas, na saúde elas disparam o alerta. Especialmente associadas às temperaturas altas. O cenário dispara o alarme entre as autoridades de saúde, devido ao perigo representado por um velho adversário: o mosquito Aedes aegypti. As altas temperaturas aceleram o desenvolvimento das larvas do transmissor da dengue, chikungunya e zika, que em aproximadamente 10 dias chega à fase adulta e já pode transmitir as doenças. Na atual temporada, a dengue é a que mais preocupa. Depois de oito anos, um dos tipos do vírus, o Denv 2, voltou a circular. Como boa parte da população da cidade não teve tido contato com este tipo do vírus, a chance de contaminação é maior. A estimativa do subsecretário Fabiano Pimenta Júnior é que pelo menos 270 mil pessoas estejam suscetíveis ao vírus.

Ações foram intensificadas nesta semana pela prefeitura da capital para combater o mosquito, coincidindo com a campanha nacional de combate ao Aedes.

A dengue continua infectando milhares de pessoas em Minas Gerais a cada ano. Em 2018, os números ainda estão abaixo de anos anteriores. Mesmo assim, moradores ainda perdem a vida por causa da enfermidade.

Em Belo Horizonte, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, foram 4.762 notificações da doença registradas. Destas, 391 foram confirmadas e 630 ainda estão sendo analisadas. Apesar da redução em relação aos anos anteriores, a preocupação se mantém, especialmente em relação ao vírus Denv 2, que não era identificado desde 2010. “Entre as ações da prefeitura está o monitoramento viral. É coletado sangue de pessoas que apresentam sintomas da doença para identificar o sorotipo de dengue, que se subdivide em 1, 2, 3 e 4.
Identificamos em amostras coletadas, de moradores de Venda Nova, a positividade para Denv 2”, explicou o subsecretário Fabiano Pimenta.

Segundo ele, há risco de aumento da doença devido ao grande número de pessoas que ainda não tiveram contato com esse vírus – o paciente que é infectado com um sorotipo fica imune a ele. “Como na última vez que identificamos o Denv 2 foi em 2010, e nascem cerca 30 mil pessoas em BH, há aí, no mínimo, 270 mil pessoas que não tiveram contato com o Denv 2, criando um conjunto de suscetíveis”, concluiu.

Para evitar o avanço da dengue, a aposta é na parceria entre o governo e a população. Aproximadamente 85% dos focos do mosquito Aedes aegypti estão dentro dos domicílios, o que exige atenção dos moradores. Na semana de Combate Nacional ao Aedes, a Prefeitura de Belo Horizonte aposta em ações juntos a escolas. “Estamos fazendo uma articulação mais intensa nas escolas, no sentido da mudança de atitude. Nosso foco é com jovens, adolescentes e crianças, que, como em outros exemplos, como cinto de segurança, podem servir como agentes indutores no ambiente familiar”, comenta o subsecretário.

Nas férias escolares, muitas famílias costumam viajar e deixar as casas por um longo período. Por isso, a atenção deve ser redobrada para identificar e eliminar focos dos mosquitos. Ao retornar de viagem, é preciso remarcar a visita de um agente de endemias, caso ela não tenha sido feita durante a ausência dos moradores.
“Quando o agente vai à casa e ela está fechada, ele deixa um formulário impresso dizendo que esteve lá. Nele, há informações para o reagendamento. Em caso de lotes, os proprietários são notificados a fazer a limpeza. Em caso de não ser resolvido, a SLU apresenta os custos para o proprietário”, diz Fabiano Pimenta.

Em alguns casos, os agentes visitam o imóvel em três ocasiões. Caso não encontre ninguém nas tentativas e a região onde ele está localizado for de alto risco de transmissão, acontece a entrada forçada na residência, acompanhada por guardas municipais, explicou o secretário.

EM MINAS O vírus Denv 2 também foi identificado em outras cidades mineiras, o que leva preocupação à Secretaria de Estado da Saúde. Neste ano já foram registrados 25.559 casos prováveis da doença. Oito pessoas não resistiram aos sintomas e morreram. Elas eram moradores de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Araújos, Arcos, Conceição do Pará, Lagoa da Prata, Moema, todas na Região Centro-Oeste de Minas; além de Ituiutaba e Uberaba, no Triângulo Mineiro. Outros 11 óbitos estão em investigação.

Em relação à febre chikungunya, Minas registrou 11.785 casos prováveis. A maioria na região do Vale do Aço.
Até o momento, foi confirmada uma morte pela doença e outras duas estão em investigação. No caso da zika, foram registrados 166 casos prováveis da doença..